Conselho define regras para uso das águas
O Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH) aprovou nesta terça-feira (19 Dezembro 2017) resolução que
define procedimentos para atualização dos preços cobrados pelo uso da água nas
bacias hidrográficas federais. Os reajustes serão feitos pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e corrigidos a cada ano. A medida passa a
valer imediatamente após a publicação no Diário Oficial da União (DOU).
A cobrança atinge os vários
setores da sociedade que fazem algum tipo de uso das águas federais, como empresas
estaduais de abastecimento e saneamento, indústria e empreendimentos
agropecuários, entre outros. Até hoje, não havia uma regra única e oficial para
a atualização dos preços. A decisão ficava a critério dos comitês de bacia, o
que causava em alguns casos muitos conflitos. Esse é um dos motivos da
defasagem dos preços.
Ainda durante a 39ª reunião
extraordionária do Conselho, que ocorre em Brasília e termina nesta
quarta-feira (20 Dezembro 2017), a Câmara Técnica de Análises de Projetos
(CTAP/CNRH) apresentou parecer sobre o Relatório de Segurança de Barragens
(RSB), elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA). O RSB, produzido entre
2015 e 2016, trata tanto das barragens de água como das de contenção de
rejeitos industriais e de mineração.
O secretário-executivo do
Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, representou o ministro Sarney Filho
na reunião. Ele disse que a resolução que define mecanismos e valores para o
uso dos recursos hídricos de domínio da União traz segurança jurídica para os
usuários. “Essa é uma ação da maior relevância, que nos deixa mais perto de
atender os compromissos assumidos pelo país quanto à gestão das águas”, afirmou
Cruz, ao lembrar que o CNRH acompanha a destinação dos recursos, aplicados pela
ANA.
Marcelo Cruz reforçou que o MMA
está comprometido com o monitoramento das ações na bacia hidrográfica do Rio
Doce, após o desastre ocorrido com o rompimento da barragem da Samarco, em
Mariana (MG). As frentes de atuação para reparação e compensação geridas pela
Fundação Renova (instituição criada pelos empreendedores) estão sendo
monitoradas pelo Comitê Interfederativo (CIF), presidido pelo Ibama e composto
por representantes da União, governos de Minas e Espírito Santo, dos municípios
impactados e do comitê de bacia.
COBRANÇA - De acordo com a
resolução de atualização dos valores do uso de água, os preços deverão ser
reajustados, a partir de 2018, com base na variação do IPCA, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vigente no período de 12 meses,
apurado em outubro do ano anterior. O comitê de bacia, responsável pela
cobrança, poderá, entretanto, apresentar ao CNRH proposta de adoção de outro
índice oficial, caso haja justificativa para isso. Isso é o que os conselheiros
chamam de Índice de Conservação de Valores, o ICV, a principal novidade da
medida.
Ainda conforme a resolução, os
comitês de bacia hidrográficas federais poderão submeter à aprovação do CNRH,
até o dia 30 de junho de cada ano, mecanismos de adequação e atualização de
valores a serem cobrados no ano seguinte. “A resolução é inovadora e dá mais
força aos comitês de bacia, que reúnem representantes dos governos, sociedade e
dos usuários. Ao resolver essa questão da cobrança, o comitê poderá se dedicar
a outros temais mais importantes”, disse o secretário de Recursos Hídricos e
Qualidade Ambiental (SRHQ), do MMA, Jair Tannus, que coordena a reunião do
CNRH.
BARRAGENS - O parecer sobre o
RBS apresenta avaliações a respeito do cadastro de barragens, da implementação
da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), da classificação e
enquadramento de barragens na PNSB, das ações para a melhoria da segurança
adotadas pelos empreendedores, dos principais acidentes e incidentes, da
postura dos órgãos fiscalizadores e dos recursos orçamentários da União e estados.
Entre outras coisas, mostra que
houve um aumento de barragens cadastradas, passando de 17.259 em 2015 para
22.920 em 2016. Já o número de barragens classificadas passou de 13% para 20%.
Como 90% das barragens cadastradas do setor elétrico e 100% das do setor de
mineração são classificadas, o grande passivo se concentra nas barragens de
usos múltiplos, cuja responsabilidade de fiscalização recai sobre os estados.
Em relação às principais medidas
implantadas pelos empreendedores para melhoria da segurança de barragem, a
análise da CTAP/CNRH indica que o setor que mais avançou na implementação do
Planos de Segurança e Planos de Ação de Emergência foi o de mineração, tanto em
termos absolutos como em termos percentuais setoriais. Já as barragens de usos
múltiplos reduziram as inspeções entre 2015 e 2016, de 342 para 265, o que
evidencia um problema a ser contornado rapidamente.
O RSB apresenta ainda uma lista
dos incidentes e acidentes em barragens entre 2015 e 2106 e descreve o
principal deles – o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana -, ressaltando
que o relato está baseado apenas nos dados repassados pelo órgão fiscalizador,
sem as informações da parte do empreendedor.
Segundo o parecer, em casos de
grandes acidentes, seria importante que o RSB apresentasse também as análises
de outros órgãos técnicos oficiais. Isso permitiria que as barragens pudessem
ser melhor monitoradas pelos órgãos do Poder Público e pela sociedade em geral,
para além dos processos de automonitoramento já estabelecidos, contribuindo
para o aperfeiçoamento da regulamentação da segurança no setor.
Fonte: MMA
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