Vínculo entre pobreza e mudança climática
As vítimas da pobreza são mais
vulneráveis aos efeitos adversos da mudança climática, pela qual são
necessários mais estudos que abordem os vínculos entre ambos problemas, segundo
um grupo de pesquisadores.
O especialista do Centros
Internacionais de Pesquisa Agrária (CGIAR) Dhanush Dinesh apontou nesta
quarta-feira em Roma que identificaram uma importante falta de informação na
literatura científica que existe em torno da mudança climática, da agricultura
e da segurança alimentar.
“Encontramos poucos estudos
centrados na pobreza, apesar das relações que tem com a vulnerabilidade à
mudança climática “, disse Dinesh em uma reunião na Organização da ONU para a
Alimentação e a Agricultura (FAO).
A escassez de recursos e
capacidades impede que muitas pessoas se adaptem aos efeitos da mudança
climática e estima-se que o aquecimento global poderia empurrar outros cem
milhões de pessoas à extrema pobreza para 2030.
Cerca de 2,1 bilhões de pessoas
são atualmente pobres, das quais 767 milhões vivem em condições extremas, a
maioria em zonas rurais onde dependem da agricultura para se alimentar e
subexistir.
O coordenador do programa de
pesquisas do CGIAR para mudança climática explicou que, além do “pouco
explorado vínculo entre pobreza e mudança climática”, faz falta prestar mais
atenção às desigualdades sociais e de gênero como fatores de risco.
Após analisar 300 publicações
especializadas dos últimos anos, Dinesh sustentou que também há
“desequilíbrios” na informação a nível setorial e geográfico (no Sudeste Asiático
se aborda mais a questão se comparado com regiões como a do Pacífico, onde rara
vezes saem estudos).
O especialista destacou que as
ações de adaptação ao clima no setor primário se centraram até agora sobretudo
a nível local, visando uma mudança de práticas agrícolas e pecuaristas por
outras mais resistentes.
No entanto, considerou que não se
trabalhou o suficiente em outros aspetos importantes como o desenvolvimento dos
seguros agrários, o planejamento para garantir a segurança alimentar e os sistemas
de alarme para prevenir desastres.
Além da adaptação à mudança
climática, as ações de mitigação de seus efeitos buscam reduzir em 2 graus
centígrados o aumento da temperatura em comparação com os níveis
pré-industriais, um objetivo fixado pelo Acordo de Paris assinado em 2015 e já
ratificado por 142 países.
Segundo Dinesh, é preciso apostar
por uma agricultura ” mais inteligente em relação ao clima”, já que com as
tecnologias atuais somente será cumprida uma parte do que foi fixado para
reduzir as emissões de gases de efeito estufa nesse setor, que representa uma
décima parte dessas emissões a nível global.
Fonte: Terra
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