Água invisível: não há produto sem água!


A água é o recurso mais importante para garantir a vida na Terra. Sem ela, nada sobrevive. Entretanto, será que esse tema tem recebido a devida atenção por parte da sociedade? No Dia Mundial da Água (22/03/2017), somos convidados a refletir sobre os gastos de água na produção do que ela consome.
Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso a um abastecimento adequado. Ou seja, não têm à disposição pelo menos 20 litros diários de água a uma distância de até um quilômetro. Considerando a escassez, a entidade criou o Dia Mundial da Água em 1992 e, desde então, a data ganha importância a cada ano. Na declaração da ONU Água feita em 2010 especificamente para essa data, a entidade destacou que “há uma necessidade urgente para a comunidade global – setores público e privado – de unir-se para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade da água nos nossos rios, lagos, aquíferos e torneiras”. Em 2015, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi assinada por 193 membros da ONU . O documento prevê 17 objetivos a serem cumpridos até 2030, entre ele a busca por “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”.
Atualidade
Hoje, vivemos novas condições hídricas. Lugares com regimes regulares de chuva passaram a ter períodos de estiagem. No Brasil, as atuais crises hídricas que o Nordeste brasileiro e Brasília (DF) vivem, sem contar com a de São Paulo em 2015, associadas a campanhas de conscientização, incentivaram o consumidor a usar a água com mais moderação. Porém, de uma forma geral, quando se pensa em quanto de água é consumida ao longo do dia, é comum lembrarmos apenas das ações cotidianas, como tomar banho, preparar a comida, escovar os dentes, lavar o carro ou as roupas. Em geral, não nos ocorre que existe também o “gasto invisível”, que é a quantidade de água usada durante a produção de praticamente tudo o que é consumido. É fundamental ter consciência sobre esse consumo invisível de água, que é tão ou até mesmo mais importante quanto os gestos de consumo da água que a gente vê.
Segundo dados da ONU, cada pessoa consome diariamente de 2 a 5 mil litros de “água invisível” contida nos alimentos. Para chegar a esses números, os pesquisadores analisam toda a cadeia de produção de um bem de consumo, com cálculos baseados em padrões que variam conforme os processos e a região de cada produtor. Por esses cálculos, por exemplo, uma única maçã, por exemplo, consome 125 litros de água para ser produzida, segundo a Waterfootprint, rede multidisciplinar de pesquisadores e empresas que estudam o consumo de água nos processos.
A pecuária também é responsável por um consumo alto de água. Para cada quilo de carne bovina, são gastos mais de 15 mil litros de água. Essa quantidade se refere à água e alimentação utilizadas para o gado até que ele atinja a maturidade e também a tudo que é gasto no processo do frigorífico, como limpeza e resfriamento do ambiente.
E a “água invisível” não está presente apenas na produção de alimentos. De acordo com pesquisa da Mind your Step, produzida pela Trucost a pedido da Friends of the Earth, entidade de proteção ao meio ambiente, a produção de um único smartphone consome cerca de 12.760 litros de água, valor equivalente à quantidade transportada por um caminhão-pipa médio.
Um item básico no guarda-roupa de todo brasileiro é a calça jeans. Para produzir uma simples unidade são consumidos 10.850 litros de água durante toda a cadeia de produção – quantidade suficiente para suprir o consumo de uma residência média no Brasil por mais de três meses. Essa quantidade contabiliza desde a água gasta na irrigação do algodoeiro, material usado para fabricar o tecido, até a água da confecção da peça.
“Melhorar os processos de produção para conseguir usar a água de forma mais eficiente é um dever, e é certamente de interesse, das empresas. Do ponto de vista empresarial, é preocupante ser dependente desse recurso que é cada dia mais escasso. E essa preocupação não deve ser só das empresas. As políticas públicas devem contribuir para evitar desperdícios hídricos e garantir a preservação dos mananciais. E, além disso, cada pessoa e cada família pode fazer a sua parte buscando consumir apenas o necessário, evitando o desperdício desse recurso tão essencial”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.
Você sabia? Se toda a água da Terra coubesse em uma garrafa de 1 litro, a água doce disponível equivaleria a pouco mais de uma gota!
Seguem algumas dicas do Instituto Akatu que podem evitar o gasto excessivo da “água invisível”:
– Antes de fazer qualquer compra, reflita sobre a necessidade de adquirir um novo item. Pense se você não pode pegar o item emprestado, comprar o produto usado, ou fazer uma troca com outra pessoa;
– Promova uma feira de trocas com os amigos e familiares; inúmeros artigos como roupas, acessórios, bijuterias, livros, entre outros, podem ser reaproveitados e ganhar uma nova vida nas mãos de outra pessoa;
– Dê preferência aos itens duráveis mais do que os descartáveis;
– Faça o uso compartilhado de bens e serviços. Se possível, alugue-os temporariamente ou combine o uso comunitário, entre várias pessoas;
– Produtos concentrados, como de higiene ou limpeza, utilizam menos água em sua produção e transporte; por isso, devem ser preferidos em relação aos produtos diluídos;
– Dê preferência aos alimentos produzidos próximos ao local onde você mora e compre aqueles que são da estação, pois isso fará com que durem mais e não haja desperdício;
– Aproveite cascas, sementes, talos e folhas de legumes, verduras e frutas. Essas partes que muitas vezes são jogadas fora desconsiderando que têm nutrientes e podem ser aproveitadas em inúmeras receitas;
– Diminua o consumo de carne bovina, que exige muita água em sua produção. Você não precisa eliminá-la de sua dieta, mas pode consumi-la com menos frequência, substituindo-a por outras fontes de proteína – e assim diminuir o impacto negativo de sua produção no meio ambiente e, consequentemente, na vida das pessoas. 

Fonte: Envolverde

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