Conama inibe mercado de madeira ilegal
O Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama) aprovou por unanimidade nesta quarta-feira 16 de março 2016, resolução
que aperfeiçoa regras para o transporte e a industrialização de madeira
extraída legalmente na Amazônia. Entre outras medidas, será reduzido de 45%
para 35% o percentual de aproveitamento de toras nas serrarias, medido pelo
Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV).
Na prática, isso vai impedir que
cerca de 30 mil caminhões de madeira de origem ilegal sejam “esquentadas”
anualmente, chegando ao mercado com autorizações fraudadas. Ao mesmo tempo,
espera-se equilibrar a competitividade e incentivar a inovação tecnológica no
setor madeireiro que trabalha legalmente.
A nova resolução também atende a
várias demandas do setor empresarial em relação ao controle de transporte,
armazenamento e transformação de produtos florestais, além de trazer maior
segurança jurídica aos empreendedores.
“É uma medida de extrema
importância para o combate ao desmatamento ilegal”, comemorou o diretor do
Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará Filho. O prazo para a adoção do
novo índice de aproveitamento é de um ano. Serrarias que obtêm rendimentos
acima de 35% devem apresentar estudo técnico aos órgãos ambientais, no prazo de
180 dias, para comprovar essa capacidade. Os mesmos órgãos, após recebidos os
estudos, terão mais 180 dias para analisá-los. As serrarias que já possuíam
rendimentos comprovadamente superiores antes da publicação da nova resolução
manterão os CRVs já aprovados.
O setor de fiscalização do Ibama
vem acompanhando a movimentação do mercado de madeira. Com base em dezenas de
estudos técnico-científicos e em resultados de trabalho em campo levantados
pelo Ibama, em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro, concluiu-se que o
Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV), base para a emissão do Documento
de Origem Florestal (DOF), estava superestimado. Com isso, a suspeita é de que
serrarias que não conseguiam aproveitamento dentro do índice completavam a cota
com madeira originária de áreas desmatadas ilegalmente, fato comprovado em
diversas operações de fiscalização do Ibama.
Para o diretor de Biodiversidade
e Florestas do Ibama, Paulo Fontes, há evidências de que mais de 1 milhão de
metros cúbicos de toras podem estar sendo “esquentadas” anualmente. O número
representa 455 Km² de floresta, o equivalente a 124 campos de futebol por dia.
“O trabalho da fiscalização vinha nos mostrando que os números das serrarias
não refletem a realidade da emissão de autorizações”, afirmou.
No atual estágio tecnológico da
indústria madeireira, em 95% dos casos o índice de aproveitamento não chega a
32%, em média. O que é declarado nos sistemas de controle como Coeficiente de
Rendimento Volumétrico, que chega a 45% hoje, acaba servindo para a emissão de
DOFs fraudados. O “esquentamento” da madeira dificulta o trabalho da
fiscalização, tanto nas serrarias quanto nas rodovias, por onde escoa a
produção madeireira.
Fonte: MMA
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