Catástrofe ambiental - Extrema pobreza em 2050
O relatório analisou vários
cenários ambientais e considerou os efeitos previstos do aquecimento global
sobre a produção agrícola, o acesso à água potável e o saneamento básico e
poluição.
A ONU deixa claro em seu
relatório que apesar de as ameaças ambientais como mudança climática, desastres
naturais, desmatamento e poluição da água e do ar atingirem todo o mundo, os
países e comunidades pobres são os mais prejudicados.
O sul da Ásia e a África
subsaariana serão as regiões mais afetadas. Comparando com 2010, em 2050, serão
mais 650 e 685 milhões de pessoas na extrema pobreza, respectivamente. Se
comparado com o melhor cenário, são mais 1,194 bilhão e 995 milhões de pobres em cada região.
A mudança climática já está
crônica e as perdas de ecossistemas estão restringindo oportunidades de
subsistência, especialmente para as pessoas pobres, diz a ONU. "Um
ambiente limpo e seguro deve ser visto como um direito, não um
privilégio", afirma no relatório.
Sob o cenário de catástrofe
ambiental, o valor médio global do IDH seria 15% menor em 2050 do que no
cenário base, que assume uma continuação, mas não um agravamento das atuais
tendências ambientais. Nas regiões mais atingidas, o sul da Ásia teria uma
queda de 22% no IDH enquanto a África subsaariana teria redução em 24%, o que
travaria ou até reverteria décadas de progresso no desenvolvimento humano.
Estas conclusões se baseiam em
dois fatores inter-relacionados: um aumento de 1,9 bilhão de pessoas em extrema
pobreza devido à degradação ambiental e a manutenção de 800 milhões de pessoas
na pobreza (que sairiam desta situação no cenário base).
O relatório aponta as ameaças
ambientais entre os impedimentos mais graves para aumentar o desenvolvimento
humano, e suas consequências para a pobreza podem ser muito altas.
O IDH de 2011 destacou que
igualdade e sustentabilidade são indissociáveis. Sociedades sustentáveis
precisam de políticas e mudanças estruturais que alinhem o desenvolvimento
humano com as metas ambientais, com baixa emissão de CO2, estratégias para
combater e se adaptar às mudanças climáticas e mecanismos inovadores de
financiamento público-privado.
As pessoas mais desfavorecidas
contribuem pouco para a deterioração do meio ambiente, mas são elas que sofrem
na maioria das vezes os seus impactos. Por exemplo, apesar de países com baixo
IDH contribuírem menos para as mudanças climáticas, eles estão mais propensos a
sofrer com menos chuvas e com aumento em sua variabilidade, com implicações
graves para a produção agrícola e de subsistência. Assim, o relatório destaca
"a urgência da adoção de medidas para aumentar a resistência das pessoas à
mudança climática global."
Mais
prejuízos
Outro ponto que mereceu destaque
no relatório são os prejuízos causados pelos desastres naturais. De acordo com
ele, tais eventos estão aumentando em frequência e intensidade, causando
grandes danos econômicos e perda de capacidades humanas. "Em 2011, os
desastres naturais acompanhados de terremotos (tsunamis, deslizamentos de terra
e assentamentos) resultaram em mais de 20.000 mortes e danos no total de 365
bilhões de dólares, incluindo a perda de casas para cerca de um milhão de
pessoas".
Um dos exemplos citados é dos
pequenos estados insulares, alguns dos quais registraram perdas de 1% do PIB a
até 8% ou mesmo perdas maiores que seus PIBs. Santa Lúcia perdeu quase quatro
vezes seu PIB em 1988 com o furacão Gilbert; Granada perdeu duas vezes seu PIB
em 2004 com o furacão Ivan.
Para a ONU, o grande desafio para
o mundo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. E ressalta que embora
possa parecer que a produtividade de carbono (PIB por unidade de dióxido de
carbono) subiria com o desenvolvimento humano, a correlação é bastante fraca.
Ao comparar países com IDHs médios, como Guatemala e Marrocos, percebe-se que a
produtividade do primeiro é de US$ 5 por quilo de carbono, quase o dobro do
segundo (US$ 2,60).
Assim, eles reforçam que o
progresso no desenvolvimento humano não precisa aumentar a utilização de
carbono e que a política ambiental pode acompanhar o desenvolvimento humano.
Apesar disto, o relatório informa que poucos países estão perto de criar um
nível global de elevado desenvolvimento humano sem exercer pressão insustentável
sobre o ambiente do planeta.
Fonte: www.uol.com.br
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