Exploração petroleira na Amazonia
Amazônia
ocidental e seus povos indígenas ameaçados pela exploração petroleira
A Amazônia ocidental, lar da
maior biodiversidade e floresta tropical ainda intacta na terra, logo pode ser
coberta de oleodutos e encanamentos. Os conservacionistas advertiram que está
em risco a biodiversidade de vastas faixas da região porque ao abrir-se à
exploração de petróleo e gás entra em risco a vida variada que existe na
floresta e o mais prístino do planeta, assim como o hábitat de dezenas de povos
indígenas.
Um novo estudo encontrou que pelo
menos 35 corporações transnacionais de petróleo e gás operam em 180 “blocos” -
áreas zonificadas para exploração e desenvolvimento - nas selvas amazônicas de
Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e oeste do Brasil, onde têm seu hábitat muitos
grupos étnicos indígenas, inclusive alguns dos últimos povos sem contato com o
mundo, os quais preferem viver em isolamento voluntário total.
Os cientistas ambientais
descrevem a esta região como pulmões do planeta porque contém a mais
extraordinária diversidade biológica e cultural, mas também abriga grandes
reservas de petróleo e gás. A demanda global de hidrocarburos cada vez maior
estimula níveis sem precedentes de novas explorações petrolíferas e extração de
petróleo e gás que ameaçam com a devastação ambiental e cultural.
Durante um período de quatro anos
os pesquisadores seguiram as atividades de hidrocarburos através da região e
geraram um mapa completo das explorações de petróleo e gás. Os pesquisadores
confeccionaram sua carta utilizando informação oficial, subministrada pelos
próprios governos, com respeito a terras que durante os últimos quatro anos se
arrendaram ou concessionaram a transnacionais energéticas para que busquem
petróleo e gás na Amazônia de Brasil, Peru, Equador, Bolívia e Colômbia.
O mapa mostra que as regiões
assinaladas para projetos de petróleo e gás já cobrem mais de dois terços da
Amazônia no Peru e Equador. De 64 blocos de petróleo e gás que cobrem 72% da
Amazônia peruana, oito já estão aprovados desde 2003 e pelo menos 16 foram
firmados em 2008. Se esperam maiores incrementos desta atividade na Bolívia e
no ocidente do Brasil.
O resultado foi uma avaliação
alarmante das ameaças que se cernem sobre a biodiversidade e a população
indígena da região. O traçado mostra em detalhe os projetos de extração de
petróleo e gás de 35 companhias transnacionais nas áreas do Amazonas mais
propícias para a vida de diferentes espécies de mamíferos, pássaros e anfíbios.
“Estivemos seguindo os
desenvolvimentos de petróleo e gás na Amazônia desde 2004 e o quadro mudou
diante de nossos olhos”, disse Matt Finer, de Salvemos la Selva de América, um
grupo ambiental estabelecido nos EUA. “Quando se examina onde estão os blocos de
petróleo e gás, se observa que coincidem perfeitamente com setores chave da
maior biodiversidade, quase como por desenho, e isto em um dos maiores, se não
o maior, lugar de biodiversidade na Terra”.
Algumas regiões estabeleram
reservas de petróleo e gás, mas em outras, as companhias necessitarão cortar a
mata para efetuar provas que confirmem suas especulações, incluindo explosivas
pesquisas sísmicas e provas de perfuração. Tipicamente, as companhias dedicam
sete anos a explorar uma região antes de decidir se entrarão de cheio à
produção completa.
“A preocupação real é que quando
a exploração em uma zona resulta acertada, começam os movimentos da fase de
desenvolvimento, que é quando começam a abrir-se os caminhos, a perfuração e os
encanamentos invadem a floresta”, disse Finer.
Em um artigo escrito para o
jornal “PLoS One”, Finer e outros cientistas da Universidade de Duke e da ONG
Terra é Vida (Land is Life), um grupo ambiental de Massachussets, chamaram aos
gobiernos para que repensem como se explorarão as reservas energéticas da
Amazônia.
Os autores do artigo argumentam
como um problema central que as companhias devem submeter seus projetos a uma
avaliação do impacto ambiental, que amiúde são estudos considerados de modo
individual e não coletivamente. “Não estão observando o quadro completo do que
sucederá, nem tampouco verificam se, ao mesmo tempo, existem próximo outros
projetos similares por serem executados”, disseram. “Cada companhia poderia
estar acreditando individualmente que está atuando de modo relativamente
responsável e custodiará sob seu controle suas próprias redes de estradas, e
assim sucessivamente, mas o que acontece quando existem outros 15 projetos ao
redor?”, perguntou Finer. “De imediato, quando se observe o quadro completo,
saltará à vista uma extensa rede de caminhos”, acrescentou. A criação de
extensas redes de estradas fará previamente inacessível a selva, com risco de
deflorestamento, caça ilegal, depredação da mata e transporte de troncos de
árvores”, argumentaram os autores.
A investigação adicional da
equipe encontrou que muitos projetos previstos de exploração e extração se
encontram em terras que são o lar ancestral de muitos povos indígenas, que não
foram consultados e não têm opção de opinar se um projeto deve seguir adiante
ou não. Pelo menos 58 dos 64 blocos no Peru afetam terras onde vivem
comunidades isoladas, e em 17 se está infringindo a condição de reserva de
áreas previamente assignadas a grupos indígenas.
“Esta maneira de acometer
desenvolvimentos de hidrocarburos que se efetua na Amazônia ocidental constitui
uma grosseira violação dos direitos dos povos indígenas da região”, disse Brain
Keane, de Terra é Vida. “Existem acordos internacionais e leis interamericanas
de direitos humanos que reconhecem aos povos indígenas o direito a suas terras
e proíbem explicitamente a outorga de concessões para explorar recursos
naturais em seus territórios sem seu livre consentimento anterior e informado”,
acrescentou.
A resistência indígena está
incrementando sua organização e politizando-se cada vez mais, adquirindo
eficácia em níveis nacionais e internacionais. “Esta expansão ocorre em
detrimento de nosso povo e da Mãe Terra”, advertiu José Antúnez, líder do povo
Ashaninka do Peru.
Para tornar mais acessível a
informação a respeito, foi criado o site Western Amazon, onde também são
proporcionados vínculos a qualquer notícia relacionada com este estudo e o
problema dos hidrocarburos na Amazônia.
Fonte: www.karipuna.blogspot.com.br
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