Inovação deve caminhar junto com sustentabilidade
Sabemos que a internet passou a
incorporar em meados dos anos 90 as empresas on-line, mas o que elas têm em
comum? São inovadoras. Surgiram para atender demandas e anseios que a maioria
de nós sequer sabíamos que eram tão eminentes. Oferecem produtos ou serviços
dos quais sequer detém os materiais físicos ou as estruturas das atividades
fins, construindo um império de forma infinitamente mais veloz do que empresas
historicamente consolidadas haviam conseguido desde a revolução industrial.
Uber, Facebook, Netflix, Groupon,
Cabify, Google, Airbnb, entre outras, são empresas que tiveram uma jornada
meteórica. Admiradas pelo êxito de pouco tempo após sua fundação passarem a
faturar bilhões. A UBER, em cerca de dois anos de existência, foi avaliada em
17 bilhões de dólares; a Groupon, também no mesmo período, foi avaliada em
cerca de 6 bilhões de dólares; a Google, poucos meses após a sua fundação, foi
avaliada e vendida por 1,4 bilhões de dólares.
Em tudo mencionado acima
certamente não há nada de errado. No entanto, as perguntas que devem ganhar
espaço em nossas reflexões são: como e em que medida estas empresas têm se
consolidado pautadas nos conceitos de Sustentabilidade?
Páginas de pesquisas e sites de
interação social deveriam ser pressionados e responsabilizados por serem
veículo para disseminação de falsas notícias? O termo “pós verdade” já foi
incluso no Dicionário de Oxford e muitos afirmam que o fenômeno de falsas
notícias na internet foram determinantes nas últimas eleições americanas.
E pela disseminação de
pornografia infantil? Incentivo ao terrorismo? Um volume inestimável de
conteúdos desta natureza navega todos os dias na rede prejudicando as vítimas
e, em certa medida, resguardando os algozes.
De que modo, empresas de
aplicativos na área de transporte, podem ser motivadas a preocupação com
emissões do efeito estufa dos carros? Como devem ocorrer os trâmites de
responsabilidade trabalhista? E com a mobilidade urbana? Sim, mobilidade
urbana, afinal é inegável que a possibilidade de percorrer a cidade no conforto
de um carro a baixíssimo custo, concorre nos grandes centros urbanos com o
interesse por transportes coletivos como metrôs e ônibus.
Recentemente um motorista da UBER
ganhou na justiça uma causa na qual deverá receber cerca de 80 mil reais,
incluindo os valores que ele deixou de ganhar durante os 6 meses de relações de
trabalho. Entre os argumentos utilizados estiveram o fato de que o pagamento do
cliente ao motorista é feito por intermédio da empresa, que desconta cerca 20%
do valor da corrida, configurando a prestação de serviços que é formalizada por
meio de contrato.
Se uma mulher for estuprada no
carro de um motorista vinculado a uma destas empresas ou em um imóvel alugado
por meio de uma empresa de aluguel de imóvel de terceiros de quem é a
responsabilidade? E em caso de discriminação de qualquer natureza? A Airbnb já
foi acusada em alguns países de diminuir a oferta de habitação a preços
acessíveis nas grandes cidades.
Empresas como compras coletivas
responsáveis pelo rastreamento da cadeia de fornecedores das empresas que
vendem promoções em seus sites? Estariam brechas legais possibilitando que as
exponenciais se eximam de algumas responsabilidades?
Deixo claro que estas empresas
não são vilãs. Ao contrário oferecem serviços fundamentais para a sociedade em um
formato atual e relevante. O que me pergunto, no entanto, é se a sociedade
estaria perdendo a noção de que, como qualquer outra empresa, estas também
devem ser cobradas a construir seu patrimônio, assegurando a efetivação da
Sustentabilidade no cerne da sua estratégia de negócios. Especialistas poderiam
ajudá-las a formatar projetos e iniciativas que assegurem o crescimento pautado
em preservação ambiental, inclusão social, equidade, entre outros. A hora é
agora. Não deveremos esperar que algo de impacto aconteça para começar a
construir está visão.
Certamente as exponenciais, em
sua magnitude e capacidade de inovação, poderão realizar uma imensa
contribuição e transformação no cenário da Sustentabilidade Global.
Fonte: Liliane Rocha - Diretora Executiva da Gestão Kairós
Comentários
Postar um comentário