COP22: “E agora, José”?
O Greenpeace Brasil produziu um
relatório com as perspectivas do País no futuro e o que o aquecimento global
vai causar em terras brasileiras.
Durante a COP 22, o Greenpeace
Brasil divulgou um relatório chamado “E agora José?”, que traz projeções dos
impactos do aquecimento global no País. Apesar da meta do Acordo de Paris ser
limitar o aumento da temperatura a no máximo 1,5ºC, as medidas acordadas nos
levariam a um planeta até 3ºC mais quente. E o pior, mesmo se conseguirmos
limitar o aumento, ainda assim haverá impactos severos.
Paulo Adário, membro do
Greenpeace International, afirma que para impedir aumentos severos de
temperatura, precisamos reduzir e acabar com as emissões, principalmente no
setor da agropecuária. “Precisamos parar de só falar e fazer mais. As NDCs
brasileiras não são ambiciosas o suficiente”, disse. O relatório foi uma
tentativa de resumir os impactos das mudanças climáticas no Brasil.
Presente na conferência, o
Senador Jorge Viana, do Acre, afirma que o debate sobre o clima perdeu força
dentro do Congresso por causa da crise econômica no País. “Vivo na Amazônia e
já sinto na pele as mudanças. Precisamos ter uma agenda para isso, é uma agenda
nacional e não ambiental. Assumo aqui o compromisso de levar esse debate para o
Senado”, ele falou. Resta agora esperarmos o posicionamento dos políticos
brasileiros e os pressionarmos para focarem em iniciativas de desenvolvimento
sustentável.
Confira as projeções do Greenpeace para cenários de aumento da temperatura
Aquecimento de 1,4ºC - Se a temperatura subir 1,4ºC vai causar Aumento
do fluxo migratório em até 8%, principalmente no Nordeste, onde as pessoas
teriam que migrar devido ao estresse hídrico. No Rio de Janeiro e Espírito
Santo o aumento do nível do mar irá deixar algumas cidades debaixo d’Água,
sendo necessária a migração dos habitantes. Mato Grosso do Sul e Tocantins
também seriam afetados por temperaturas muito altas e falta de água, levando a
saída da população.
Além disso, o Brasil enfrentará
problemas com a produção de energia. O aquecimento irá impactar as bacias das
hidrelétricas, o que vai aumentar os custos. A Bacia do Amazonas perderá 72% da
sua vazão, enquanto a Bacia do São Francisco e de Itaipu diminuirão a vazão em
41% cada.
Aquecimento de 3ºC a 4ºC - Nesse caso, haveria uma perda de R$ 278 bilhões
com eventos extremos, segundo o relatório divulgado pelo Greenpeace. O calor
aumentará a área de disseminação de doenças tropicais, como dengue,
chikungunya, leishmaniose e malária. Maiores períodos de seca, que afetarão
principalmente idosos e crianças, com diarreia e desnutrição. Muitas áreas
sofreriam desertificação, causando migração de refugiados climáticos.
Prejuízos de até R$ 270 bilhões
em áreas costeiras por causa do aumento do nível do mar. No Brasil, Rio de
Janeiro e Santos seriam as cidades mais afetadas, com danos em estações de
tratamento de água, hospitais, transporte público e centros policiais e da
marinha. Grande parte desses estados ficaria submersa.
Com a temperatura 4ºC mais quente
do que agora, haverá aumento de 16% do risco de extinção da biodiversidade
brasileira. Também causará a extinção das abelhas nativas, o que pode levar a
um desequilíbrio ambiental, já que esses insetos são grandes responsáveis pela
polinização das plantas.
Desastres climáticos - Entre 1991 e 2010, segundo dados da segurança
pública divulgados pelo Greenpeace, cerca de 96 milhões de brasileiros foram
afetados por desastres climáticos e houveram 2475 mortes. A maior parte dos
desastres estavam relacionados a inundações ou seca extrema.
No entanto, entre 2001 e 2010,
foi registrado um aumento de 168% dos desastres em relação à primeira década
analisada (1991-2001). Isso se deve ao aumento que já ocorreu na temperatura e,
portanto, a tendência é que desastres aconteçam com cada vez mais frequência.
Impacto na Amazônia - Na Amazônia, o aquecimento acontece de forma mais
rápida. Caso aumente 2ºC na temperatura global, significa um acréscimo de 5,4ºC
na temperatura da floresta amazônica. Com as medidas atuais, a expectativa do
Greenpeace é de um aumento de até 8ºC na Amazônia, situação que levaria a
savanização da floresta. Um cenário péssimo, que significa perder espécies,
biodiversidade e árvores. Seria trocar a maior floresta tropical do mundo e
caminhar rumo a uma paisagem mais desértica.
Fonte: Carolina de Barros - Envolverde
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