O que o brasileiro pensa sobre meio ambiente
Questões ambientais e de
sustentabilidade estão na pauta do cotidiano. No entanto, é preciso saber o que
as pessoas pensam sobre meio ambiente e como reagem a questões que estão cada
vez mais presentes no dia a dia.
O instituto de pesquisa Market
Analysis dedicado ao estudo de temas como responsabilidade social,
sustentabilidade e consumo consciente elaborou uma pesquisa detalhada para
saber qual a percepção dos desafios ambientais e como as pessoas reagem.
Tecnologias para ajudar a ter um
estilo de vida sustentável e diminuir o impacto ambiental já são parte deste
contexto, assim como a preocupação crescente das instituições sociais e
governamentais nesta área de atuação. Mas o que pensa o brasileiro desde uma
perspectiva individual sobre estas iniciativas? Existe consciência ambiental na
sociedade?
A pesquisa “Entendendo o Contexto
da Opinião Ambiental”, divulgada esta semana pelo Instituto Market Analysis
mostra que temas como Poluição de rios, lagos e oceanos, Poluição do ar em
geral, Escassez de água potável, As emissões de gases dos automóveis, Mudanças
climáticas/aquecimento global e A diminuição dos recursos naturais são
considerados de extrema gravidade por mais de 90% dos entrevistados. No entanto
as reações em relação às soluções ainda são bastante díspares, com uma parte
das pessoas considerando que a inovação tecnológica vai ajudar a superar essas
questões, enquanto outra parte acredita que é necessária uma mudança de
comportamento.
Outro dado interessante é sobre
os atores que podem ajudar a resolver os problemas. A maior parte das pessoas
não acredita que governos possam solucionar essas questões e colocam uma maior
confiança em organizações sociais e empresas.
Como reagem os brasileiros diante
dos principais desafios climáticos e ambientais do presente? Quais atores
contam com maior capital de confiança da população para liderar o processo de
mudança? Quais alternativas são privilegiadas diante destes principais desafios?
Esse breve relatório se propõe a
trazer elementos para refletir sobre possíveis respostas a essas grandes
questões. O foco concentra-se no cidadão e sua visão desses dilemas, a partir
da riqueza trazida por uma fração dos dados da última edição do nosso estudo
Monitor de Sustentabilidade Corporativa.
Através das pesquisas de opinião
conhecemos as percepções e sentimentos existentes, em um dado momento, sobre
temas chaves da agenda pública. Esse dados devolvem aos tomadores de decisão,
aos experts que moldam a agenda pública e aos próprios cidadãos um reflexo das
prioridades e escolhas que contam com o respaldo popular.
A discussão nessas páginas traz
um recorte do clima de opinião ambiental de 2016 visando enriquecer o debate
sobre os rumos da sustentabilidade no futuro do Brasil.
A
SERIEDADE DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS
O meio ambiente está atravessando
uma profunda crise. Esse consenso tem se mantido praticamente sem alteração
entre os brasileiros desde o início do novo século. A poluição do ar, das
águas, as causas (emissões dos automóveis) e efeitos (escassez de água potável)
vinculados à esses problemas se sobressaem como os principais medos.
Ao mesmo tempo, estes temas pouco
aparecem –de modo espontâneo – no radar imediato das preocupações dos
brasileiros, perdendo em urgência para as dificuldades financeiras, de
insegurança, governabilidade e liderança moral.
A IMAGEM DOS
AGENTES DE MUDANÇA
A tensão entre a alta preocupação
com problemas concretos da agenda ambiental e o lugar marginal que tais
assuntos ocupam na lista de prioridades espontâneas das pessoas, revela a
necessidade de um papel mais assertivo por parte dos agentes com capacidade
para liderar uma mudança.
O sucesso na conscientização e
articulação da opinião pública depende, porém, da competência percebida e da
credibilidade que as diferentes instituições podem despertar nos cidadãos.
Hoje, ONGs, entidades do terceiro
setor e grupos econômicos obtém reconhecimento público de mais da metade da
população, enquanto o governo amarga um poder de convocatória mínimo.
A SAÍDA
PELA TECNOLOGIA
Há uma demanda latente por
articular as intenções individuais de agir em favor do meio ambiente,
principalmente mediante a disponibilização de meios que permitam aos indivíduos
conciliar suas preocupações com seu senso de responsabilidade pessoal. Mais da
metade dos cidadãos sentem se culpados pela sua pegada ecológica e,
consequentemente, abrem a possibilidade para a atuação de agentes catalizadores
que facilitem a resolução dessa dissonância.
Ainda que mudanças no estilo de
vida surjam no discurso público como um caminho para reparar parte da culpa, a
maioria da opinião pública pende para soluções tecnológicas que imponham uma
cota aparentemente menor de sacrifícios. Esse balanço alavancaria parcerias
entre empresas e ONGs visando otimizar o uso de inovações em favor de uma menor
pegada ambiental.
TENDÊNCIAS
MUNDIAIS
A fé em respostas tecnológicas
perante a crise ambiental é uma boa notícia para as apostas em energia
renovável, as ferramentas promotoras da eco eficiência, e os aplicativos que
favoreçam o consumo compartilhado e a identificação fácil e rápida de virtudes
éticas em produtos e serviços. Essa confiança nas inovações aliada ao sentimento
de responsabilização e culpa representam uma janela de oportunidade para
iniciativas como a da micro-geração de energia.
Hoje, os cidadãos do mundo
emergente são os mais entusiasmados com as soluções tecnológicas; mas nem todos
os BRICS reagem da mesma maneira. Brasileiros e indianos vem diminuindo sua
confiança nas inovações, mostrando mais abertura para opções que conciliem o
uso de produtos e serviços sustentáveis com estilos de vida mais responsáveis.
AS TECNOLOGIAS
PARA ENERGIA RENOVÁVEL E OS PLANOS DO BRASIL
Em 2015, como parte dos acordos
da COP21, o Brasil assumiu uma série de compromissos que dialogam com as
expectativas de apostar em tecnologias limpas para lidar com os desafios
climático-ambientais. Dentre eles:
Hidráulica
Biomassa
Solar
Eólica
Não renováveis
Previsão de evolução da geração
centralizada de eletricidade (%)
•Aumentar a participação de
bioenergia sustentável na matriz energética para cerca de 18% até 2030,
expandindo o consumo de biocombustíveis, aumentando a oferta de etanol e a
parcela de biodiesel na mistura do diesel.
•Alcançar uma participação
estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em
2030.
•Obter ao menos 66% de participação
da fonte hídrica na geração de eletricidade em 2030, sem considerar a
autoproduzida.
Expandir o uso de fontes
renováveis, além da energia hídrica, na matriz total de energia para uma
participação de 28% a 33% até 2030.
•Expandir o uso doméstico de
fontes de energia não fóssil, aumentando a parcela de energias renováveis (além
da hídrica) no fornecimento de energia elétrica para pelo menos 23% até 2030,
inclusive pelo aumento da participação de eólica, biomassa e solar.
•Alcançar 10% de ganhos de
eficiência no setor elétrico até 2030.
IMPLICAÇÕES
PARA UM FUTURO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
No último ano, o Brasil passou
por uma grave crise do setor elétrico. Assim como em 2001, a ausência de
planejamento e investimentos na infraestrutura de geração e distribuição,
aliado ao aumento do consumo e à escassez de chuvas são os responsáveis
conhecidos pelo agravamento da situação. Nos anos seguintes ao ”apagão elétrico”,
discussões sobre fontes alternativas esbarravam em questões de acessibilidade à
tecnologia e do alto custo para a implementação de opções renováveis como a
energia solar ou eólica. Hoje, essas barreiras vão perdendo força e o país vai,
aos poucos, realizando seu potencial para desenvolver uma matriz energética
mais limpa e mais segura. Pesquisas como a que você acabou de participar
contribuem vigorosamente a um debate mais informado e ao acúmulo de elementos
de prova que desequilibrem as inércias e favoreçam ações rumo a um futuro mais
sustentável.
Fonte: Envolverde
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