Distribuição e características das nuvens mudaram na Terra


As nuvens, que funcionam como reguladores térmicos para a Terra, sofreram alterações nas suas características e na sua distribuição global devido às mudanças climáticas, o que pode, por sua vez, aumentar o aquecimento global, segundo um estudo divulgado na segunda-feira (11 julho 2016).
Imagens de satélite revelaram nebulosidade reduzida em zonas temperadas de latitude média da Terra, que se encontram entre os polos e os trópicos em ambos os hemisférios, acompanhada de uma expansão em direção aos polos das zonas secas subtropicais.
Os topos das nuvens se elevaram em todos os lugares, de acordo com dados que abrangem mais de duas décadas, desde o início dos anos 1980.
“Essas mudanças nas nuvens aumentam a absorção de radiação solar pela Terra e reduzem a emissão de radiação térmica para o espaço”, disse um comunicado da Instituição de Oceanografia Scripps, da Universidade da Califórnia, em San Diego, que participou do estudo.
“Isto agrava o aquecimento global causado pelo aumento da concentração de gases do efeito estufa”, acrescentou a nota.
As nuvens regulam a temperatura da Terra ao refletirem parte da radiação solar de volta para o espaço antes que esta atinja o solo, ao mesmo tempo em que atuam como uma manta para limitar a perda de calor do planeta à noite.
De que forma elas são afetadas pelas mudanças climáticas e como isso influencia o aquecimento global “tem sido uma das maiores áreas de incerteza para os cientistas que tentam compreender o clima atual e prever tendências futuras”, disse a instituição.
Satélites originalmente projetados para monitorar o clima da Terra não são estáveis o suficiente para rastrear de maneira confiável mudanças nas nuvens ao longo de décadas.
Mas a equipe descobriu uma forma de “corrigir” os dados, através da remoção de fatores de confusão, como a órbita dos satélites, a calibração dos instrumentos e a degradação dos sensores.
O registro revelou mudanças claras na distribuição das nuvens, que a equipe depois comparou com a história das concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera da Terra.
“Eles concluíram que o comportamento das nuvens que observaram é consistente com o aumento das concentrações de gases de efeito estufa causado pelo homem”, destaca o comunicado.
Os pesquisadores não encontraram correlações semelhantes com outras influências potenciais, como os níveis de ozônio, os aerossóis criados pelo homem ou as mudanças naturais na radiação solar.
Outros fatores que tiveram impacto nas nuvens foram duas grandes erupções vulcânicas – a de El Chichon, no México, em 1982, e a do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991 -, que teriam tido um efeito de resfriamento no planeta por alguns anos.
Os vulcões expelem cinzas que refletem a luz solar, o que tem um efeito de resfriamento de curto prazo sobre o planeta.
“A não ser que haja outro evento vulcânico deste tipo, os cientistas esperam que as tendências nas nuvens prossigam no futuro, conforme o planeta continua a aquecer devido ao aumento das concentrações de gases do efeito estufa”, disse o comunicado. 

Fonte: G1

Comentários

Postagens mais visitadas