FRACKING - O que é e quais suas consequências
A fratura hidráulica, também
chamada de fracking, é uma prática que está sendo muito utilizada por
companhias de petróleo e gás para aumentar suas produções, e vem gerando
bastante polêmica. É utilizado para realizar perfurações e extração de gás, o
chamado gás xisto, ou gás de folhelho, em inglês chamado de shale gas.
A profundidade das formações da
camada de carvão metano (folhelho) variam de 137 m até para mais de 3.200 m. A
diferença entre essa técnica (não-convencional) e a perfuração convencional é
que ela consegue acessar as rochas sedimentares de folhelho no subsolo e,
consequentemente, explorar reservatórios que antes eram impossíveis de ser
atingidos.
Através da tubulação instalada, é
injetada uma mistura de imensa quantidade de água e solventes químicos com
potencial cancerígeno comprimidos. A grande pressão provoca explosões que
fragmentam a rocha. Para que o buraco não se feche novamente, são injetadas
enormes quantidades de areia, que supostamente evitam que o terreno ceda ao
mesmo tempo em que permite, por sua porosidade, a migração do gás a ser
extraído. O processo pode criar novos caminhos para a liberação de gás ou pode
ser usado para ampliar os canais existentes.
Existem, no entanto, outras
formas de fraturar poços para extração de gás xisto. Às vezes, as fraturas são
criadas por gases injetáveis tais como o gás propano ou nitrogênio, e às vezes
a acidificação ocorre simultaneamente ao fraturamento. Acidificação envolve o
bombeamento de ácido (geralmente ácido clorídrico), na formação para dissolver
algum material da rocha, limpando os poros e permitindo que gás e líquido
possam fluir mais facilmente para dentro do poço.
Alguns estudos têm mostrado que
mais de 90% de fluidos do fracking podem permanecer no subsolo. Fluídos de
fraturamento usados que retornam à superfície são muitas vezes referidos como
flowback, e estes resíduos são normalmente armazenados em lagoas abertas ou
tanques no local do poço antes da eliminação, gerando assim contaminação do
solo, ar e lençóis de água subterrânea.
Este tipo de extração agride
gravemente o meio ambiente por se tratar um processo que consiste na perfuração
e injeção de fluídos químicos no solo para elevar a pressão, fazendo com que
haja fratura das rochas e a liberação do gás natural.
Nos fluídos usados existem cerca
de 600 produtos tóxicos, incluindo agentes cancerígenos. Cada poço pode ser
fraturado até 18 vezes e são necessários de 400 a 600 caminhões tanque de água
para cada operação. O fluído que é usado é deixado a céu aberto para evaporar,
tornando o ar contaminado e contribuindo para o surgimento de chuvas ácidas.
Durante o processo as águas
subterrâneas próximas, usadas para abastecer cidades da região, também ficam
poluídas. Houve mais de mil casos de contaminação próximos a área de
perfuração.
A exploração do gás é muito comum
nos EUA com mais de 500 mil poços ativos. As toxinas que vazam durante o
processo estão causando a morte de diversas espécies aquáticas, pois prejudicam
a qualidade da água, fazendo com que ela esteja mais ácida, desenvolvendo
graves lesões nos peixes.
Este processo de extração está
sendo fortemente questionado por um grupo de ambientalistas e sociedade civil
que querem a suspensão imediata desta prática. Um estudo publicado recentemente
afirma ainda que o fracking pode estar ligado à presença de terremotos.
Conforme a pesquisa, pelo menos 109 terremotos foram registrados no estado de
Ohio, em um período de 14 meses. Os
fenômenos teriam começado após 13 dias do início das fraturas hidráulicas na
região.
Danos
Ambientais
Mudanças Climáticas - Além
de distrair a indústria geradora de energia e governo do investimento em fontes
de energia renováveis, o processo de exploração do Fracking emite metano, gás
com 25 vezes mais potente que o CO2, contribuindo cada vez mais para o
agravamento das mudanças climáticas.
Consumo de Água - O Fracking utiliza no processo de exploração
enormes quantidades de água. Cada poço utiliza entre aproximadamente de 7,8 a
15,1 milhões de litros de água. Estes litros e litros devem ser transportados
para o local de fraturamento, geralmente por via terrestre em caminhões a
diesel, o que representa um custo ambiental significativo, especialmente
considerando-se que estamos no meio de uma crise hídrica no país. Em West
Virginia (EUA), são injetados aproximadamente 19 milhões de litros de fluido em
cada poço fraturado, e de toda a água utilizada no fraturamento hidráulico
apenas 8% são fluído flowback.
Contaminação da Água - A água levada para os poços é misturada com
areia e produtos químicos para criar fluido do Fracking. Cerca de 151 mil litros
de produtos químicos são usados por fraturamento. Até 600 produtos químicos
são usados, incluindo substâncias cancerígenas e toxinas conhecidas, tais como
urânio, mercúrio, metanol, rádio, ácido hidroclorídrico, formaldeído e muitas
outras. Os produtos químicos potencialmente cancerígenos usado pode escapar e
contaminar as águas subterrâneas em torno do local Fracking. A indústria sugere
que incidentes de poluição são os resultados de má prática, ao invés de uma
técnica inerentemente arriscado.
Terremotos - Habitualmente o fracking provoca micro sismos que às
vezes desencadeiam tremores maiores que podem ser sentidos pelas populações
locais. Por vezes, estes eventos são aproveitados para obter um registro
vertical e horizontal da extensão da fratura. A injeção de água de reuso
proveniente das operações de fracking em poços de água salgada pode causar
tremores maiores, tendo-se registrado magnitudes de 3,3 (Mw). Vários terremotos
em 2011 em Youngstown (Ohio) (incluindo um de magnitude 4,0) estiveram
relacionados com a injeção de águas residuais do processo de fracking, de
acordo com sismólogos da Universidade Columbia. Os sismos tem se tornado mais
frequentes. Em 2009, ocorreram 50 terremotos com magnitude superior a 3,0 nas
áreas dos estados do Alabama e Montana, enquanto que em 2010 ocorreram 87. Em
2011 ocorreram 134 tremores na mesma área, um aumento de 6 vezes em comparação
aos níveis do século XX.
Ocupação de terras - Outra consequência é um alto índice de
ocupação de terras devido a plataformas de perfuração, áreas de estacionamento
e manobra de caminhões, equipes, instalações de processamento e transporte de
gás, assim como as estradas de acesso, que em casos de poços na Amazônia, podem
ser vetores do desmatamento.
Fonte: Engenheiro Juliano Bueno de Araujo - Coalizão Não
Fracking Brasil
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