O Brasil está secando


“Falta d'água é consequência de histórico mau uso do recurso não de estiagem”
Quem sabe esse susto tremendo que estamos passando traga a consciência do uso racional da água. E o próprio poder público tem grande parcela de culpa, pois em todas as cidades se vê vazamentos de água que demoram a ser estancados, além do uso inadequado desse liquido vital. Lógico que inclui o componente climático como um dos fatores de risco sobre a quantidade e qualidade da água, comprometendo a segurança hídrica de milhões de brasileiros. Por isso se conclama os governos a protegerem melhor os recursos hídricos para garantir os ecossistemas e a vida das pessoas.
A conservação de rios e áreas úmidas deve ser vista como parte e parcela da segurança nacional, saúde e sucesso econômico. Devem-se incentivar formas eficientes de utilização dos recursos hídricos para a agricultura e outros fins. A crise hídrica é maior do que podemos imaginar. O crescimento descontrolado reduz a capacidade de natureza de atender às nossas próprias crescentes demandas. Devemos mudar nossos comportamentos agora, ou pagar o preço em um futuro não muito distante.
Velha História

Eis que a velha história do "eu te disse que ia ser assim" se aplica justo numa questão vital para o ser humano. A água. Elemento tão indispensável à vida como o ar que a gente respira, já falta no Brasil. Virou objeto de disputa entre Estados! E guarda um futuro pavoroso para toda uma população em função de erros que impedem até a própria natureza de ajudar a solucionar o problema. As fontes estão secando não apenas porque falta chuva, mas ela falta porque o Brasil inteiro - justo o Brasil, dono de 12% do total de água doce do planeta - está virando um grande deserto.
O problema agravado na região Sudeste, especificamente em São Paulo, tem a ver com má utilização da água durante as ultimas décadas. Chegar ao nível de 13% de sua capacidade um complexo como o Sistema Cantareira é reflexo do que vemos em pequenas ações delituosas e grandes descontroles administrativos.
Não é de hoje que a gente vê - e a Enfoque já abusou dessa abordagem - problema sério de falta de educação/cultura no Brasil ser estopim de diversas crises (saúde, energia, segurança e até política). O caso da água é a mesma coisa. Quantas vezes vimos um funcionário de prédio conversando enquanto esguicha água por uma mangueira durante horas, tentando lavar a calçada, empurrar folhas de árvore pra sarjeta ou tirar aquela mancha do cocozinho do cachorro da madame do chão? É só o exemplo de uma personagem, dentre milhões que se multiplicam pelo Brasil e que nos trazem até a situação atual. Jogar água fora é crime.
Agora, alguns vão dizer que é tarde demais
É gravíssimo o que ocorre nas cidades. Isso tem afetado até municípios que cultivam o respeito à natureza, por ter a sua reserva de água utilizada para tapar esses rombos dos grandes centros.
Acostumados à mordomia da abundância e utilizando mal os recursos, populações de grandes centros agora buscam soluções para enfrentar o risco iminente de desabastecimento. Deveriam ter sido punidos enquanto desperdiçavam criminosamente a água. O governo tem parcela de culpa nisso por não dar armas de controle às concessionárias. Tinha de ter mexido no bolso do consumidor, para que ele aprendesse, lá atrás, a usar adequadamente a água.
Poderiam aproveitar excessos de chuvas em algumas áreas para compor reservatórios mesmo à distância. Não estão trazendo gás da Bolívia por dutos? Aquela cheia recente do Rio Madeira podia ajudar agora. Talvez digam, que loucura isso tudo, mas nos Estados Unidos uma falta d'água na Califórnia é suprida com neve derretida que vem de longe, do Colorado, por exemplo, 1800 km.
Se tudo isso fosse feito, se a educação mostrasse o caminho décadas e décadas atrás, provavelmente continuaria chovendo até hoje. Não tinha estiagem, nem falta d'água.
Desabafo
Enquanto isso, regiões semiáridas como Nordeste e Norte de Minas Gerais, acostumados com secas prolongadas, dão exemplo de utilização do pouco recurso hídrico para produzir alimento de qualidade que abasteça aqueles que desperdiçaram água historicamente nas capitais e grandes cidades. Essas populações e gente do governo comprometida com soluções imperiosas como para o problema da água deveriam mais uma vez aprender com os caipiras.
 
Fonte: Luiz Henrique Lopes (Gestor Ambiental) e Daniel de Paula (Jornalista)

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