LIXÕES - 1 Bilhão e meio ao ano para o sistema de saúde do país
Cerca de 75 milhões de brasileiros usam, provavelmente sem
saber, os 3.000 lixões ou aterros inadequados ativos no país. E são afetados
pelos danos ambientais causados por eles: contaminação do ar, da água, do solo,
da fauna e da flora por substâncias tóxicas e cancerígenas. Um novo estudo fez
a conta do impacto do problema no sistema de saúde do país: R$ 1,5 bilhão por
ano. Os gastos incluem os tratamentos de saúde, as perdas de dias de trabalho
por afastamento médico e a remediação de danos ambientais.
Se o lobby pela prorrogação do prazo do fim dos lixões
conseguir vencer a batalha e eles se mantiverem abertos como hoje, em cinco
anos o custo chegará a US$ 1,85 bilhão (R$ 7,4 bilhões). A contaminação
provocada por esses depósitos irregulares não atinge apenas moradores das
proximidades, trabalhadores de limpeza urbana e catadores de materiais
recicláveis, embora sejam estes os grupos com mais risco, por causa do contato
direto. Como poluem o solo e o lençol freático, os lixões criam um vetor de
propagação de doenças, que chega aos animais e ao cultivo de alimentos e segue
pela cadeia alimentar até chegar aos consumidores humanos. Realizado pela
Associação Internacional de Resíduos Sólidos (Iswa, da sigla em inglês) em
parceria com o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur) e com a
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza (Abrelpe), o estudo foi coordenado
pelo presidente do comitê técnico e científico da Iswa, Antonis Mavropoulos,
que apresentou os resultados na última segunda-feira (28 de setembro 2015).
Usando um parâmetro internacional, o levantamento estimou que 1% da população
que se serve de lixões adoece. Tomou o custo de U$ 500 por paciente no sistema
de saúde brasileiro (cerca de R$ 2.000) e chegou ao cálculo de que anualmente
sejam gastos U$ 370 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão). Além dos custos para o
sistema público de saúde, o estudo calculou o valor que o país deveria investir
para reverter os prejuízos ambientais causados pelos lixões. Entre 2010 e 2014,
essa conta ambiental ficou em cerca de US$ 2,1 bilhões (R$ 8,4 bilhões).
Somando a conta da saúde com a do ambiente, nos próximos
cinco anos o custo que o país paga por manter os lixões abertos é estimado
entre US$ 3,2 bilhões (R$ 12,8 bilhões) e US$ 4,65 bilhões (R$ 18,61 bilhões).
O presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, considera que esses recursos
seriam suficientes para fechar de vez os lixões e tornar eficiente e
sustentável a gestão de resíduos no Brasil.
NO MUNDO
Antonis Mavropoulos fez um
amplo estudo sobre os prejuízos do descarte irregular de resíduos e os impactos
nos sistemas públicos de saúde em vários países. De acordo com sua análise, os
lixões afetam a saúde e a qualidade de vida de 3,5 a 4 bilhões de pessoas no
mundo e 40% do lixo gerado é enviado a esses locais. Riscos à saúde acarretados
pelos lixões na Índia, Indonésia e nas Filipinas estão sendo considerados
superiores aos riscos da malária. Segundo ele, de acordo com o relatório
"Waste Atlas 2014", que lista os 50 maiores lixões do mundo, o
descarte a céu aberto ocorre com frequência nas proximidades dos centros
urbanos. Em alguns casos, áreas residenciais são formadas e se expandem ao
redor dos lixões. Ainda de acordo com o Atlas, dos 50 maiores lixões, 42
possuem assentamentos a menos de 2 km de distância, 44 estão perto de recursos
naturais (menos de 10 km) e 38 estão perto de recursos hídricos como rios,
lagos e oceanos, afetando a vida marinha e as populações costeiras.
Fonte: Mara Gama - Folha UOL
Comentários
Postar um comentário