A imaginação ambiental como nova forma de ver e perceber o Mundo


Vamos imaginar novas possibilidades de construir o mundo. Nessa imaginação os homens entendem a importância, a necessidade e a nossa dependência com e para a natureza. Isso implica numa mudança do olhar, para ver com uma nitidez jamais vista. Essa imaginação é fundamental nesta fase de transição para um novo paradigma. Hoje vivemos sob a égide de uma cultura cartesiana, vemos as coisas de forma distorcida, fragmentada, separadas. Nisso a natureza pode ajudar a ampliar nosso imaginário, visto que a imaginação é sempre primeira e relevante no processo de conhecimento. Acima de tudo que empodere os atores diretos e indiretos para daí construir nossos próprios conceitos e práticas e assim compormos um conjunto de artefatos que identifiquem a nossa cultura.
Apreender com a natureza, através de uma razão sensível. Essa aprendizagem irá apurar nossa percepção de mundo, com sua finitude e potenciais. Falamos de uma percepção de tudo que há na natureza, de uma percepção imaginativa que resulta no apurado processo de sentir a natureza. Desenvolver e ampliar a imaginação aumenta a percepção. Esta é a preocupação maior neste momento da história: garantir que esta imaginação se amplie entre os mais diferentes fatores que geram vida.
Hoje, estamos numa situação de espera e de esperança, nossos sonhos e utopias se diluem entre o querer e o fazer. Iniciamos uma rede de Educação Ambiental, em nossa cidade e região. Este passo nos garante que o sonho não acabou e que um novo começo se inicia. Um sonho contra resignação da indiferença, da duplicidade de ações, da fragmentação. A Educação Ambiental poderá re-orientar nossa conduta para viver com o meio ambiente. Este é um desafio enorme que temos pela frente. Fazer com que o conjunto de experiências e de alternativas torne-se visível. Uma articulação poderá aglutinar e fortalecer o conjunto de experiências sustentáveis, sem retirar-lhes a autonomia. Deste cultivo pode emergir uma teoria crítica, com uma prática ética, minimizando os excessos. Trata-se, portanto, de propor espaços de visibilidade para construir brechas alternativas socioambientais que, na trajetória, poderão compor os elementos articulados de um novo paradigma.
Nós temos uma experiência riquíssima na região, precisamos tirar daí uma teoria crítica. Nisso devemos trabalhar mais retaguarda e menos na vanguarda, resgatando as utopias das experiências singulares que emergem do cotidiano. Nosso compromisso como intelectuais e educadores, é nos tornarmos aprendizes e poetas que tentam descrever os sonhos e, neles, modelar o mundo novo. Não podemos desperdiçar as experiências, pois nelas os novos mundos são criados, eles nascem para que as utopias possam ganhar credibilidade e vivacidade junto aos mais diferentes atores em cena.
 
Fonte: Paulo Bassani - Sociólogo Ambiental e Professor/Doutor da Universidade Estadual de Londrina - UEL.

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