Ferramenta para identificar poluição causada pelo fracking
Cientistas americanos e franceses
desenvolveram uma ferramenta para descobrir quais contaminações do meio
ambiente são causadas pela fratura hidráulica. Mais conhecido como fracking,
este processo é feito a partir da perfuração e injeção de resíduos químicos no
solo para que sua pressão seja elevada, fazendo com que ocorram fraturas nas
rochas e a liberação de gás natural.
A fratura hidráulica vem sendo
constantemente utilizada por empresas de extração de petróleo e gás natural, no
intuito de aumentar a produtividade. Os resíduos aplicados contêm cerca de 600
produtos tóxicos, além de agentes cancerígenos. Cada operação demanda de 400 a
600 caminhões tanque de água, sem contar a contaminação de lençóis freáticos
localizados nas proximidades dos poços de extração.
Na pesquisa publicada na revista
Environmental Science & Technology, os cientistas da Universidade de
Dartmouth, da Universidade de Stanford e do Serviço Geológico Francês afirmam
que sua nova ferramenta pode distinguir poluição de águas residuais
provenientes do fracking de contaminações resultantes de outros processos
industriais, como a extração convencional de petróleo e gás.
Após a popularização da técnica
da fratura hidráulica, já aconteceram várias reclamações a respeito da
contaminação de água, porém, há uma grande dificuldade de determinar se a
técnica realmente é a responsável. O problema acontece porque as companhias que
fazem o fracking não são obrigadas a revelar quais são os produtos químicos
usados no processo.
Segundo o químico da Universidade
de Duke, Avner Vengosh, a ferramenta desenvolvida através da pesquisa dos
cientistas americanos e franceses acaba com a necessidade de saber a composição
dos fluidos usados na técnica.
“Esta é uma das primeiras vezes
que estivemos em condições de demonstrar que um determinado vazamento no meio
ambiente é causado pelos fluidos do fracking e não de outra fonte de
contaminação. É uma forma muito legal de superar a questão de segredos da
composição”, disse Vengosh.
A ferramenta pode rastrear as
“impressões digitais isotópicas e geoquímicas” do processo de fracking.
Simplificando, o dispositivo criado identifica uma impressão digital química
única deixada pela injeção de fluidos durante a fratura hidráulica. Os
elementos encontrados são o boro e o lítio, lançados no solo juntamente com a
aplicação dos resíduos químicos.
“Muitas das operações de fracking
hoje estão acontecendo em áreas que têm um histórico de 20 ou 30 anos de
extração de gás de petróleo da maneira convencional, então, quando há
contaminação, (empresas que fazem o fracking) dizem ‘Não somos nós, é o legado de
30 anos de operações aqui’. Agora temos as ferramentas para dizer, bem, às
vezes você está certo e às vezes você está errado”, completou Vengosh.
Fonte: www.pensamentoverde.com.br
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