Parque Estadual Mata dos Godoy
O Parque Estadual Mata dos Godoy
(PEMG) é uma Unidade de Conservação administrada pelo Instituto Ambiental do
Paraná (IAP) e foi criado para proteger um dos últimos remanescentes da
Floresta Estacional Semidecidual no norte do Paraná. No dia 02 de Dezembro 2014
completou 25 anos de vida. Por isso a importância de conhecermos bem sua
história para valorizarmos este belo lugar e protegê-lo da ganância de pessoas
que só visam lucro e não dão valor a algo tão rico quanto está área parque.
A verdadeira
história do Parque Estadual Mata dos Godoy
A transformação da Mata dos
Godoy, um dos maiores remanescentes do Norte do Paraná, em Parque é resultado
de uma negociação do Governo do Paraná com a CESP – Companhia Elétrica de São
Paulo – no ano de 1989, em que foi realizada a venda do fragmento como forma de
medida compensatória1 dos danos causados ao Paraná com a construção da Usina
Hidrelétrica de Taquaruçu no rio Paranapanema (SP), divisor natural dos
territórios dos Estados de São Paulo e Paraná. A aquisição foi oficializada a
partir de um compromisso de compra e venda entre o governador da época Álvaro Dias e uns
dos proprietários do fragmento florestal, Álvaro Godoy, assinado no dia 26 de
maio de 1989 no Palácio Iguaçu. Vale dizer que o governo do Paraná – através da
Secretaria da Agricultura e Abastecimento e do ITCF – ao negociar recursos com
a CESP, impôs como condição primordial para conceber autorização de desmate
sobre a área alagada, a compra, por parte da companhia, de uma mata conservada.
Nas palavras de Luiz Sérgio
Knopki, coordenador do Programa de Desenvolvimento Florestal Integrado da
Secretaria da Agricultura:
“Optamos pela compra da Mata dos
Godoy porque se trata de uma da mais significativa reserva florestal da região,
hoje, carente de cobertura florestal. […] A preservação da Mata dos Godoy vai
garantir a manutenção de um potencial genético que permitirá promover a
recomposição da floresta primitiva que foi extinta com a ocupação desenfreada
do norte do Paraná. […] É impossível obter um parâmetro sobre o que é terra com
características primitivas e o que é terra utilizada para agricultura, se
ficarmos sem florestas.”
Essa luta para transformar a Mata
dos Godoy em Parque durou cerca de seis anos e foi motivada com campanha da
Associação Paranaense de Proteção e Melhoria do Meio Ambiente (APPEMMA) que
começou em 1982 e com a implantação do Programa de Desenvolvimento Florestal
Integrado, em agosto de 1987. O Parque Estadual Mata dos Godoy é, portanto, um
exemplo de medida compensatória, realizada entre a CESP e o governo do Paraná,
para compensar impactos ambientais da hidrelétrica de Taquaruçu no rio
Paranapanema. Medidas tomadas pelos responsáveis pela execução de um projeto,
destinadas a compensar impactos ambientais negativos, notadamente alguns custos
sociais que não podem ser evitados ou uso de recursos ambientais não renováveis.
Conhecendo
um pouco do Parque
O Parque Estadual Mata dos Godoy
(PEMG) consiste em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral,
constituindo um dos mais importantes remanescentes florestais do Paraná. Deve
sua importância não apenas à sua extensão em área contínua de floresta, mas
também ao seu estado de conservação da biodiversidade. Está localizado na
Região Norte do Estado, no distrito de São Luiz, que pertence ao município de
Londrina. Do centro de Londrina até o Parque a distância consiste em 18 km,
aproximadamente. A Vila Regina é a comunidade mais próxima, distante apenas 5
km da Mata.
Em 05 de Junho de 1989, o PEMG
foi criado pelo Decreto Estadual n° 5.130, sendo que antes fazia parte da
fazendo Santa Helena, que pertencia à família Godoy. O nome do Parque,
portanto, é uma homenagem aos antigos proprietários que ajudaram a conservar o
fragmento.
Convém dizer que, Olavo Godoy, um
dos antigos proprietários, tinha vários aliados que ajudaram a garantir a
preservação da Mata, dentre eles a Universidade Estadual de Londrina (UEL),
escolas, Governo do Estado e a comunidade em geral.
Pode-se afirmar que o fragmento
florestal foi deixado pelos Godoy em boas condições de preservação, sendo que
não desmataram a parte plana que era ideal para a agricultura, pois
preocupavam-se com o bem-estar da fauna e flora. Deste modo, garantiram o
acesso dos animais às principais fontes de água da região, que consistem no
Ribeirão dos Apertados, ao sul, e ao Córrego da Ponte Funda, ao Norte.
Vale lembrar que o Parque fazia
parte da Fazenda Santa Helena, sendo que sua área hoje possui aproximadamente
690 ha, equivalendo a 690 quadras urbanas ou 690 campos de futebol (e 7,5 maior
que o Parque Municipal Arthur Thomas – PMAT , em Londrina - PR). Desde a década
de 80, ocorreu um grande crescimento das capoeiras, conectando a Mata a outros
fragmentos. Somando a estes fragmentos, possui cerca de 2.800 ha. Tal conexão
denomina-se corredor ecológico, corredor de vegetação, ou até mesmo corredor de
biodiversidade. Estes corredores são de extrema importância, pois proporcionam
à fauna o livre trânsito entre as áreas protegidas e, consequentemente, a troca
genética entre as espécies.
Olavo Godoy vendeu a área para o
Governo do Estado em 1989, que criou o PEMG em 05 de Junho do mesmo ano, que
coincidiu com o dia mundial do meio ambiente. Vale dizer que em Outubro de 1990
foi implantado o Projeto Madeira, em duas áreas de 20 ha cada uma, paralelas
até então aos limites do PEMG. O Projeto tinha como objetivo principal testar o
potencial madeireiro de algumas espécies nativas e servir de modelo para
agricultores da região. Deste modo, o projeto incentivava os agricultores a
plantar árvores nativas como Canafístula (Peltophorum dubium), Sobrasil
(Colubrina grandulosa), Gurucaia (Parapiptadenia rigida), Louro-pardo (Cordia
thichotoma) e Ipê-roxo (Tabebuia avellanedae). Pode-se dizer que tal projeto
demonstra a ótica capitalista que tinham na época. Não eram cientes da
importância da conservação da vegetação, preocupando apenas em gerar lucro. Nos
dias atuais a Mata inteira é conservada, mostrando como o modo de vista mudou.
Também foram construídos, na
época do Projeto Madeira, um centro de visitantes e duas casas de
guarda-parque. Em 1995 houve um investimento na infra estrutura para visitação,
sendo que a partir de então, o PEMG tem sido visitado pela população em geral.
O PEMG é um dos grandes pontos de
turismo em Londrina, recebendo visitantes de outros estados e até de outros
países. No Parque são apenas permitidos passeios a pé pelas duas trilhas
existentes: Trilha dos Catetos, que possui 2.400 m e pode ser autoguiada; e a
Trilha das Perobas, que possui cerca de 700 m, e é considerada a mais
importante, pois mostra a parte mais conservada do fragmento, havendo uma maior
diversidade de fauna e flora e é possível apreciar a exuberância da Mata. Esta
trilha só pode ser percorrida por grupos pequenos acompanhados pelos guias que
o Parque coloca à disposição dos visitantes. Convém dizer que para chegar até o
início das duas trilhas, o visitante caminha primeiramente pela Trilha do Projeto
Madeira citado anteriormente, onde pode se notar as árvores supramencionadas do
Projeto. No final desta trilha, o visitante chega à choupana que fica em frente
das duas trilhas existentes, a dos Catetos e a das Perobas.
Ninguém desfaz
de um presente raro que recebe
Londrina não esperava por um
presente tão verde em seu aniversário de 61 anos. No dia 10 de Dezembro de
1995, aniversário da cidade, os portais do Parque Estadual Mata dos Godoy
(PEMG) se abriram finalmente para visitação! A inauguração começou às dez horas
da manhã.
Para a inauguração do Parque,
foram construídos dois portais, instalados nos marcos do perímetro do Parque,
que foi presente da Klabin, Universidade Estadual de Londrina e Copati
(Consórcio Intermunicipal para Proteção Ambiental da Bacia do Rio Tibagi). Também
foi construída uma choupana com cobertura de sapé – como área de descanso – e
um estacionamento, além da abertura de algumas trilhas. Essa infra estrutura
inicial para a inauguração fez parte da primeira fase de um projeto para o
Parque desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e Instituto
Ambiental do Paraná (IAP).
O Parque, preservado
primeiramente pela família Godoy e a partir de junho de 1989 pelo Estado, se
tornou cada vez mais importante à medida que os anos foram passando e os
remanescentes florestais diminuindo com a exploração humana. Nos dias atuais, o
PEMG é o maior remanescente do Norte do Paraná e preserva uma grande
biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas de extinção. A visitação em
fragmentos florestais como o PEMG tem um importante papel de educação
ambiental, pois através do contato com a natureza, a sensibilização e
conscientização ambiental são desenvolvidas.
Vale a
pena ser conservado
Por que vale a pena conservar a
Mata dos Godoy?
Recentemente o Parque recebeu uma
péssima notícia, o seu entorno poderia ser local para construção do Aeroporto
de cargas do Arco Norte, projetado para estar a menos de 500 metros desta floresta
conservada e preservada.
Com mais de 300 tipos de aves,
cerca de 60 espécies de mamíferos, 200 espécies de árvores e 28 animais
relacionados como em risco no Livro Vermelho da Fauna do Paraná, mesmo assim
homens de negócio que tem uma visão turva em relação a preservação não percebem
que estariam condenando a estas espécies a morte por fazer com que convivam,
caso venha a se concretizar, com aviões cargueiros, caminhões e um gigantesco
complexo logístico.
Existem áreas alternativas onde o
aeroporto causaria um impacto muito menor, e traria o desenvolvimento para a
região à mesma maneira. Resta torcermos para que não se concretize essa
condenação de morte ao parque e á vida ali existente.
Fonte: Mariana Lorenzo
Agradecimentos especiais a Alfredo Mittelstedt - por ter lembrado a
importância deste parque em uma matéria postada em sua pagina pessoal e páginas
ambientais.
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