Metade das espécies da Terra poderá ser extinta em 2100
Estudo identifica que mais de 85%
dos animais e plantas existentes são desconhecidos. Muitas espécies podem
desaparecer antes mesmo de serem encontradas.
Elefantes-marinhos em Palmer
Station, Antártida. Censo da Vida Marinha identificou que 86% das espécies que
vivem na terra e 91% das que vivem no mar ainda não foram estudadas.
A diversidade da vida é uma das
características mais marcantes do nosso planeta, mas até hoje pesquisadores e
cientistas não conseguiram precisar a quantidade de plantas e animais
existentes na Terra. Um estudo produzido pelo Censo da Vida Marinha, uma rede
de pesquisadores de mais de 80 países, apresenta a mais recente tentativa de
estimar quantas espécies existem no mundo. Segundo o estudo, o total chegaria a
8,7 milhões, com uma margem de erro de 1,3 milhão para mais ou para menos.
Estamos avançando pela era
geológica Antropoceno, na qual deverá ocorrer a sexta extinção em massa na
história do planeta. Um estudo recente publicado no periódico
"Science" concluiu que as espécies existentes no mundo hoje estão
desaparecendo em uma velocidade mil vezes maior que o ritmo natural de extinção.
Segundo pesquisadores, em 2100,
entre um terço e metade de todas as espécies da Terra poderá ser extinto. Em
consequência disso, está havendo um aumento nos esforços para proteger
espécies, e governos, cientistas e organizações sem fins lucrativos tentam
construir uma versão moderna da Arca de Noé.
A nova arca certamente não terá a
forma de um grande barco, e sim de uma série de medidas, incluindo migração
assistida, bancos de sementes, novas reservas ecológicas e corredores de
deslocamento baseados nos possíveis lugares para onde as espécies irão migrar.
As questões envolvidas são
complexas. Que espécies deverão ser salvas? Aquelas mais ameaçadas de extinção
ou as que têm maior chance de sobreviver? Animais carismáticos, como leões,
ursos e elefantes, ou os mais úteis para nós?
Formada em 2012 pelos governos de
121 países, a Plataforma Intergovernamental de Serviços de Biodiversidade e
Ecossistemas é uma iniciativa que visa proteger e restaurar espécies em áreas
selvagens e resgatar outras, a exemplo das abelhas, que desempenham funções
vitais para os ecossistemas habitados por humanos. Cerca de três quartos da
produção mundial de alimentos dependem basicamente das abelhas.
"Ainda sabemos muito pouco
sobre o que poderá ou deverá ser incluído na arca e onde", afirmou Walter
Jetz, ecologista da universidade Yale que está envolvido no projeto.
Embora a abordagem tradicional
para proteger espécies seja adquirir terras, a preservação do habitat correto
pode ser uma medida desejável, pois não se sabe como as espécies reagirão a um
clima diferente.
Uma iniciativa com financiamento
coletivo chamada Centro de Informações sobre Biodiversidade Global identifica e
faz a curadoria de dados sobre biodiversidade, como fotos de espécies feitas
com smartphones, para mostrar sua distribuição e depois disponibiliza as
informações na internet.
Isso é muito útil para
pesquisadores em países em desenvolvimento que dispõem de orçamentos limitados.
Por sua vez, o projeto
Lifemapper, do Instituto de Biodiversidade da Universidade do Kansas, usa os
dados para entender para onde uma espécie poderá se mudar se seu habitat for
alterado.
"Sabemos que as espécies não
resistem muito tempo em áreas fragmentadas, então tentamos reagrupar esses
fragmentos", explicou Stuart L. Pimm, diretor da organização sem fins
lucrativos SavingSpecies.
Um dos projetos dessa organização
nos Andes colombianos identificou uma floresta na qual há um mamífero carnívoro
chamado olinguito, que tem traços de gato doméstico e ursinho de pelúcia, até
então desconhecido pela ciência.
Usando dados de diversas fontes,
"trabalhamos com grupos conservacionistas locais e os ajudamos a comprar
terras, a reflorestá-las e a reagrupar seus pedaços", disse o doutor Pimm.
Biólogos na Flórida, onde o nível
do mar está subindo assustadoramente, estão desenvolvendo um plano para montar
uma reserva no interior para diversos animais, desde o passarinho da espécie
Ammodramus maritimus macgillivraii ao pequeno veado-de-cauda-branca.
Para impedir a chamada
"pressão costeira", está prevista uma rede de "corredores verdes
migratórios" para que as espécies se mudem por conta própria para o novo
habitat.
"Algumas, porém, estão
basicamente sem saída", comentou Reed F. Noss, professor na Universidade
Central da Flórida que está envolvido nesse projeto, e provavelmente terão de
ser conduzidas para o novo hábitat.
Pesquisadores também estão
focados em "refúgios", regiões pelo mundo que se mantiveram estáveis
em mudanças climáticas anteriores e podem ser a melhor aposta para a
sobrevivência nesta nova era geológica.
Um refúgio de 100 hectares no rio
Little Cahaba, no Alabama, tem sido apontado como um mundo botânico perdido
devido à sua ampla variedade de plantas, incluindo oito espécies só encontradas
nesse lugar.
O doutor Noss disse que é preciso
descobrir e proteger áreas com essas características. O Banco Mundial de
Sementes de Svalbard, sob o permafrost em uma ilha no oceano Ártico ao largo da
Noruega, preserva sementes de culturas agrícolas destinadas à alimentação.
Zoológicos congelados guardam o
material genético de animais extintos ou ameaçados de extinção. A bióloga e
conservacionista, Connie Barlow, está trabalhando na região oeste dos Estados
Unidos.
"Ajudei na migração do
junípero-jacaré do Novo México plantando sementes dele no Colorado", disse
ela. "É preciso fazer isso, pois a mudança climática está muito acelerada
e as árvores não conseguem se deslocar."
Fonte: www.folhadosertao.com.br
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