Florestas
É difícil imaginar como seria a
sociedade atual sem os produtos oriundos das florestas, como papel, móveis,
medicamentos e alimentos, além de seus derivados, como embalagens, aço e
cimento. Mas a importância das florestas vai muito além dos insumos industriais
fornecidos. Elas são fundamentais para a conservação e proteção da água do
solo, a manutenção da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas e o
sequestro de carbono.
Por isso, a gestão e o uso
sustentável desses ecossistemas é um dos maiores desafios do planeta e, em
particular, do Brasil, que possui a segunda maior área florestal mundial e a
maior em florestas tropicais. Segundo a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), as florestas ocupam aproximadamente 60% da área
do País, o que equivale a cerca de 519,5 milhões de hectares, dos quais 512,8
milhões são naturais e 6,7 milhões são plantados.
Se no passado as notícias de
desmatamento ilegal desenfreado no Brasil foram motivo de críticas e restrições
em negociações internacionais, atualmente o País possui um protagonismo
reconhecido na defesa da sustentabilidade. E está implantando projetos com o
propósito de permitir a sobrevivência de comunidades com o uso sustentável dos
recursos naturais.
Manejo
florestal sustentável
Conciliar a utilização das
florestas com a manutenção de sua biodiversidade, capacidade de regeneração e
vitalidade para desempenhar suas funções ecológicas, sociais e econômicas é o
principal foco de atuação do manejo florestal sustentável (MFS) em florestas
naturais. O termo é utilizado para caracterizar um conjunto de procedimentos
técnicos, gerenciais e administrativos que visam produzir madeira e produtos
não madeireiros, em associação com outros tipos de produção, com o mínimo de
danos à floresta. É uma alternativa ao manejo tradicional, não sustentável e
muitas vezes executado de forma ilegal, ainda utilizado em algumas regiões
brasileiras.
O MFS pode ser adotado em
florestas naturais e plantadas, com diferentes modalidades de uso. E aplicado em
propriedades de diversos tamanhos e ainda em comunidades tradicionais, em
vários contextos. Também conhecido como o "bom manejo", preconiza a
intervenção na floresta para produção de produtos madeireiros, mas
preocupando-se com a aplicação de tratamentos silviculturais e de monitoramento
para garantir a regeneração do ecossistema.
Já o manejo agroflorestal, ou
silvipastoril, busca unir a produção agrícola sustentada com a utilização da
floresta. Associações de agricultores familiares, assentados e comunidades
tradicionais podem contar com o modelo de administração do manejo florestal
comunitário e familiar, que é voltado para populações que tiram sua
subsistência dos recursos renováveis das florestas.
Por sua vez, o manejo de uso
múltiplo está apoiado no chamado triângulo da sustentabilidade (econômica,
social e ambiental) e pretende maximizar a rentabilidade com a obtenção de
produtos - madeireiros ou não -, aliada aos "serviços" da floresta. A
Embrapa aposta nessas tecnologias, mas o problema é que nos modelos de manejo
madeireiro os benefícios econômicos são inferiores no curto prazo, quando
comparados a técnicas menos sustentáveis. Por isso, é necessário incorporar
outros produtos de alto valor de mercado e adotar o conceito de pagamento por
serviços ambientais (PSA), que consiste em remunerar o produtor que preserva a
floresta.
Os desafios para a implantação de
sistemas de MFS são muitos e passam por uma mudança de cultura do produtor, na
capacitação técnica deles, no intervalo de tempo até a obtenção de resultados e
na escala continental das florestas brasileiras. Porém, resultados obtidos em
projetos realizados em todo o País indicam que o desenvolvimento de tais
sistemas em pequenas e grandes propriedades pode ser um importante instrumento
para promover a sustentabilidade.
Florestas
plantadas
O Brasil possui um grande
potencial para ampliar sua área de florestas plantadas, que contribuem para a
redução do desmatamento das matas nativas. A produção das florestas plantadas é
utilizada por vários setores industriais que, somados, participam com mais de
3% do PIB brasileiro. O plantio florestal tem também contribuído para a redução
dos gases de efeito estufa e para o sequestro de carbono. É o caso dos sistemas
silvipastoris, uma modalidade da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF),
que combina o cultivo de pastagens com árvores e arbustos e ajuda na
recuperação de pastagens degradadas e na conservação do solo e da água.
Avaliações realizadas no Rio Grande do Sul demonstram que tal integração
compensa o carbono liberado por quatro vacas por hectare, sendo que o histórico
de lotação na região é de meio animal na mesma área.
O plantio de florestas comerciais
é uma das metas do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O Programa ABC
pretende incentivar o setor produtivo a aumentar a área de florestas plantadas
no País para 9 milhões de hectares até 2020.
Estima-se que, em 2008, as
árvores plantadas chegaram a sequestrar 10 toneladas de CO₂ por hectare. Além
disso, a plantação de florestas gerou 2,2 milhões de empregos, sendo 630 mil
diretos. Nos próximos 10 anos, o Brasil pode aumentar sua área de florestas
plantadas dos atuais quase 7 milhões de hectares para cerca de 16 milhões,
ampliando a participação do País no mercado mundial de 3,2% para 10%. Esse
crescimento poderia ser traduzido em investimentos da ordem de R$ 40 bilhões e
na criação de 200 mil empregos no meio rural. E em R$ 160 bilhões de
investimento e 800 mil novos empregos nos demais segmentos da indústria
consumidora de madeira. Tudo isso sem comprometer a produção de alimentos e as
florestas nativas.
Fonte: www.agrosustentavel.com.br
Comentários
Postar um comentário