O processo de Educação Ambiental
O tratamento da Educação
Ambiental como tema transversal no currículo da Escola leva ao aprofundamento
das fontes teóricas que fundamentam sua teoria e sua prática pedagógica.
A Educação ambiental, como
processo que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global
do ambiente, que busca elucidar valores, assim como desenvolver atitudes que
lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa a respeito das
questões relacionadas com a conservação e a adequada utilização dos recursos
naturais, deve ter como objetivos a melhoria da qualidade de vida e a
eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado.
A Educação Ambiental visa a
construção de relações sociais, econômicas e culturais capazes de respeitar e
de incorporar as diferenças (minorias étnicas, populações tradicionais), a
perspectiva da mulher e a liberdade para decidir caminhos alternativos de
desenvolvimento sustentável respeitando-se os limites dos ecossistemas,
substrato de nossa própria possibilidade de sobrevivência como espécie
(MEDINA,1998).
A Educação Ambiental apresenta-se
como uma das alternativas de transformação da Educação no âmbito de um novo
paradigma em construção e de novas formas de pensar, de interpretar e de agir
no mundo, capaz de possibilitar a superação da visão positivista, instrumental
e tecnocrática que caracteriza a civilização contemporânea e que se manifesta
através da crise global e generalizada deste início de século.
Acreditamos que atualmente a
Educação Ambiental pode ser fundamenta numa reelaboração teórica e prática dos
princípios de três perspectivas teóricas emergentes. Em primeiro lugar, a
teoria crítica, supressora da visão técnica e instrumental; em segundo, a
concepção de uma perspectiva complexa da realidade do conhecimento e dos
processos de ensino-aprendizagem; e por último, os aportes do construtivismo no
sentido amplo do termo, como processo individual e social de construção de
conhecimentos significativos (MEDINA,1996).
É reconhecido que as experiências
compartilhadas, o diálogo e a reflexão coletiva são alguns dos fatores que
contribuem para a construção de sentidos livremente compartilhados. Aceita-se a
existência de várias direções possíveis para o desenvolvimento sustentável,
concebendo-se o futuro como uma possibilidade em aberto. Ao mesmo tempo,
percebe-se claramente que a imposição social, política, econômica ou cultural
de significados conduz à dominação e à alienação vigentes na atualidade.
A Educação Ambiental é um
instrumento imprescindível para a consolidação dos novos modelos de
desenvolvimento sustentável, com justiça social, visando a melhoria da
qualidade de vida das populações envolvidas, em seus aspectos formais e não formais,
como processo participativo através do qual o indivíduo e a comunidade
constroem novos valores sociais e éticos, adquirem conhecimentos, atitudes,
competências e habilidades voltadas para o cumprimento do direito a um ambiente
ecologicamente equilibrado em prol do bem comum das gerações presentes e
futuras.
No momento em que a educação
brasileira postula como objetivo central a formação dos cidadãos, os princípios
anteriormente mencionados não nos parecem hoje suficientes.
Em sua aplicação na prática
pedagógica, as concepções iniciais da Educação Ambiental têm derivado para uma
relativa ingenuidade ideológica, orientando a Educação Ambiental para uma
simples sensibilização das pessoas em relação à Natureza, como já analisamos em
nosso trabalho sobre a vertente ecológica da Educação Ambiental. Observando-se,
também, um maior ou menor grau de trivialização conceitual dos temas ambientais
e um certo indutismo pedagógico, limitado à observação do meio (MEDINA, 1997).
Dados comprovam a urgência de se
iniciar processos de capacitação de recursos humanos tanto em nível de Educação
Ambiental formal, como em nível de Educação Ambiental não formal ou
comunitária.
No que compete à Educação
Ambiental, trata-se essencialmente da construção de uma nova visão das relações
do homem com o seu ambiente natural e social, e da adoção de novas posturas
éticas, pessoais e coletivas, visando à aquisição de uma visão crítica e
transformadora da realidade e do envolvimento comprometido dos sujeitos com a
participação efetiva nas definições do futuro pessoal e social.
Atualmente, pode-se verificar na
reflexão dos educadores ambientais uma transformação destas ideias,
observando-se que começam a concebê-las como a geração de condutas
ambientalmente responsáveis num âmbito de atuação de cidadania qualificada na
sociedade e na utilização dos recursos da natureza.
Fonte: Naná Mininni Medina
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