Real preocupação com o Meio Ambiente
A preocupação das pessoas com o
meio ambiente aumenta a cada dia. O tema sustentabilidade está presente nas
conversas casuais, nos congressos, nos debates e em muitos veículos de
comunicação. Diante disso, perguntamos, como nós realmente estamos enxergando
essa situação? Como entendemos a importância de preservarmos hoje para as
gerações futuras? E em que preciso refletir para mudar meus conceitos?
A preocupação com o meio ambiente
não é necessariamente santa, nem requer compaixão.
A maioria de nós está meio
preocupada com nossa própria casa, mas não somos realmente compassivos com ela.
Mantemos a casa em ordem para que possamos viver e ser felizes. Sabemos que
para ter sentimentos felizes em nossa casa devemos cuidar dela. Então, os
nossos sentimentos podem ser de preocupação em vez de compaixão.
De forma similar, o nosso planeta
é a nossa casa, e devemos mantê-lo em ordem e cuidar dele se formos
sinceramente preocupados com a nossa felicidade e a felicidade de nossos
filhos, amigos e outros seres sencientes (seres que tem capacidade de sofrer ou
sentir prazer ou felicidade)que compartilham conosco esta grande casa. Se
pensarmos no planeta como sendo a nossa casa, ou como a "nossa mãe" —
a Terra Mãe — vamos automaticamente nos preocupar com o nosso meio ambiente.
Atualmente compreendemos que o futuro da humanidade depende muito de nosso
planeta, e que o futuro do planeta depende muito da humanidade. Mas isto não
tem sido sempre claro para nós. Até agora, a Terra Mãe têm de certa forma
tolerado nossos hábitos caseiros desleixados. Mas agora, o uso humano, a
população e a tecnologia alcançaram até um estágio onde a Terra Mãe não aceita
mais a nossa presença em silêncio. De muitas maneiras ela agora está nos
dizendo, "Meus filhos estão se comportando mal", ela está nos
avisando que há limites para as nossas ações.
Nossas atitudes, é uma de
contentamento ou descontentamento, e pode haver alguma ligação aqui com a nossa
atitude em relação ao meio ambiente. Nem todos consomem indiscriminadamente.
Colocam limites nos consumos. Admiram a vida simples e a responsabilidade
individual. Sempre nos consideramos parte de nosso meio ambiente, mas não
apenas qualquer parte. Mas o contrario também ocorre.
Em um comparativo notamos o
seguinte: o mundo é o container — a nossa casa e nós somos o contido — o
conteúdo do container.
Destes fatos simples deduzimos um
relacionamento especial, porque sem o container, o conteúdo não pode ser
contido. Sem o conteúdo o container nada contém, é sem sentido.
Quando entendemos o significado
da palavra paz que é harmonia, ou seja, harmonia entre as pessoas, entre
pessoas e animais, entre seres sencientes (seres que tem capacidade de sofrer
ou sentir prazer ou felicidade) e o meio ambiente.
Não há nada errado em os humanos
usarem a natureza para fabricar coisas úteis, mas não devemos explorar a
natureza desnecessariamente. È bom viver em uma casa, ter remédios e poder
dirigir para algum lugar de carro. Nas mãos certas, uma máquina não é um luxo,
mas sim algo bastante útil. Uma máquina fotográfica, por exemplo, pode ser
usada para tirar fotos que promovem a compreensão.
Mas tudo tem limite. Muito
consumo ou esforço para ganhar dinheiro não é bom. Nem é bom contentamento
demais. Em princípio, o contentamento é uma meta, mas o contentamento puro fica
quase como um suicídio, não é?
Atualmente, não podemos nos
permitir tanto contentamento a respeito do meio ambiente.
A paz e a sobrevivência da vida
na terra como a conhecemos estão ameaçadas pelas atividades humanas sem
compromisso com valores humanitários. A destruição da natureza e recursos
naturais é resultado de ignorância, ganância e falta de respeito por tudo que
vive sobre a terra. Esta falta de respeito se estende aos descendentes humanos
da terra, às gerações futuras que herdarão um planeta vastamente degradado se a
paz mundial não se tornar uma realidade e se a destruição do meio ambiente
natural continuar no ritmo atual.
Os nossos ancestrais viam a terra
como rica e abundante, o que ela é. Muitas pessoas no passado também viram a
natureza como inesgotavelmente sustentável, o que agora sabemos que só será o
caso se cuidarmos dela. Não é difícil perdoar a destruição no passado que foi
motivada por ignorância. Mas, hoje em dia temos acesso a mais informações. É
essencial que reexaminemos de forma ética o que herdamos, pelo que somos
responsáveis, e o que vamos deixar para as gerações vindouras.
Esta é claramente uma geração
crucial. A comunicação global é possível, no entanto confrontos ocorrem com
mais frequência do que diálogos significativos pela paz. As nossas maravilhas
da ciência e tecnologia são equiparadas, se não excedidas, pelas muitas
tragédias correntes, inclusive a inanição humana em algumas partes do mundo e a
extinção de outras formas de vida. A exploração do espaço sideral ocorre ao
mesmo tempo em que cresce a poluição dos oceanos, mares e águas frescas da
própria terra, e suas formas de vida ainda são em grande parte desconhecidas ou
mal compreendidas. Muitos dos habitats, animais, plantas, insetos e até
micro-organismos da terra que conhecemos como raros podem não ser conhecido
pelas gerações futuras. Temos a capacidade e a responsabilidade. Devemos agir
antes que seja tarde demais.
Fonte: www.dalailama.org.br
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