DESPERDICIO DE ALIMENTOS
A Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO) denunciou nesta quarta-feira (2 de
março de 2014) que, em média, cada habitante da Terra desperdiça quase 300
quilos de alimentos por ano e, ao mesmo tempo, mais de 800 milhões de pessoas
passam fome.
Durante uma conferência regional
da FAO para Europa e Ásia Central, focada no desperdício de alimentos, o
diretor-geral da organização, José Graziano da Silva, destacou que 1.300
milhões de toneladas de alimentos são perdidas a cada ano.
“Se os desperdícios e as perdas
pudessem ser reduzido simplesmente à metade, o aumento produção de alimentos
para suprir a população mundial em 2050 seria de só 25%, em vez dos 60%
estimados atualmente”, explicou Graziano à Agência Efe.
Segundo dados da FAO, cada habitante
da Terra desperdiça em média 280 quilos de alimentos por ano, enquanto ao mesmo
tempo 842 milhões de pessoas, mais de 10% da população do planeta, passam fome
diariamente.
A perda de alimentos acontece
principalmente “em fazendas, durante o processamento, o transporte e o
armazenamento”, e pela “falta de regulação” que afeta também a segurança
alimentar.
A crise financeira e econômica,
que impactou duramente muitos Estados europeus, reduziu o desperdício de
alimentos, embora esta redução continue sendo insuficiente para a FAO, disse
Graziano.
As perdas econômicas e ambientais
desse desperdício, além de tudo, ultrapassam as centenas de bilhões de dólares.
“O custo anual do desperdício e
das perdas de alimentos, expressado em preço ao produtor, é de US$ 750 bilhões.
Se considerássemos os preços no varejo e os custos ambientais, este número
seria muito maior”, destacou.
A conferência de Bucareste reúne
esta semana mais de 300 delegados de meia centena de países da Europa e da Ásia
Central, que discutem como reduzir a perda de alimentos, como fomentar a
agricultura familiar e como combater os efeitos da mudança climática sobre a
produção agrária.
“Precisamos aumentar nossos
esforços para diminuir (os efeitos), para nos adaptarmos e, principalmente,
para mudar para um sistema sustentável de alimentos”, manifestou Graziano em
referência ao mais recente relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre
Mudança Climática, o IPCC.
“Esta é uma de nossas principais
responsabilidades. Os mais pobres do mundo são especialmente vulneráveis à
mudança climática”, discursou o diretor-geral no plenário.
Mas, por outro lado, relacionou a
fome e os movimentos migratórios vindos da África com o corte dos fundos da
cooperação internacional. Nesse sentido Graziano pediu que os Estados europeus
voltem a ajudar mais seus países vizinhos. “A Europa deve recuperar seu papel
de importante doadora”, afirmou o ex-ministro do governo Lula e um dos
articuladores do programa Fome Zero.
Fonte: www.terra.com.br
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