Reciclagem de Pneus
O surgimento dos pneus de
borracha fez com que fossem substituídas as rodas de madeira e ferro, usadas em
carroças e carruagens desde os primórdios da História. Esse grande avanço foi
possível quando o norte-americano Charles Goodyear inventou o pneu ao descobrir,
o processo de vulcanização da borracha quando deixou o produto, misturado com
enxofre, cair no fogão. Mal sabia ele que sua invenção revolucionaria o mundo.
Entre as suas potencialidades industriais, além de ser mais resistente e
durável, a borracha absorve melhor o impacto das rodas com o solo, o que tornou
o transporte muito mais prático e confortável.
Porém, juntamente com a revolução
no setor dos transportes, a utilização dos pneus de borracha trouxe consigo a
problemática do impacto ambiental, uma vez que à maior parte dos pneus
descartados estão abandonados em locais inadequados, causando grandes
transtornos para a saúde e a qualidade de vidas humanas.
Segundo organizações
internacionais, a produção de pneus novos está estimada em cerca de 2 milhões
por dia em todo o mundo. Já o descarte de pneus velhos chega a atingir,
anualmente, a marca de quase 800 milhões de unidades. Só no Brasil são
produzidos cerca de 40 milhões de pneus por ano e quase metade dessa produção é
descartada nesse período.
Medidas
mitigadoras do Impacto Ambiental
Uma forma encontrada para
amenizar esse impacto foi a utilização das metodologias de reciclagem e
reaproveitamento. Entre elas, a recauchutagem tem sido um mecanismo bastante
utilizado para conter o descarte de pneus usados. O Brasil ocupa o 2o lugar no
ranking mundial de recauchutagem de pneus, o que lhe confere uma posição
vantajosa junto a vários países na luta pela conservação ambiental. Esta
técnica permite que o recauchutador, seguindo as recomendações das normas para
atividade, adicione novas camadas de borracha nos pneus velhos, aumentando,
desta forma, a vida útil do pneu em 100% e proporcionando uma economia de cerca
de 80% de energia e matéria-prima em relação à produção de pneus novos.
Em termos de Brasil, o Estado do
Paraná se destaca no cenário nacional de reciclagem de pneus, principalmente
por estar localizado num ponto estratégico. Segundo Celso Luiz Dallagrana,
diretor da Associação dos Recauchutadores de Pneus do Estado do Paraná, pelas
suas estradas circulam um grande volume de caminhões que transportam cargas,
que serão distribuídas para o restante do país. "Por essas circunstâncias
criou-se um pólo de pneus, especialmente em Curitiba, onde, por consequência,
concentrou-se a maior parte das empresas recauchutadoras de pneus do
país", explica o diretor.
Para Dallagrana, em vista do
trabalho que o recauchutador executa e sua importante participação em prol da
reciclagem, essa atividade precisa ser mais valorizada no país. "O
objetivo principal da recauchutagem, sem dúvida, é proteger o meio ambiente.
Portanto, necessita-se de mais incentivos, tanto por parte do governo, através
de legislações competentes e linhas de créditos específicas, quanto por parte
da sociedade em geral, que ainda não está conscientizada sobre a importância do
trabalho que desenvolvemos", declara o diretor. Além disso, Dallagrana
atenta para influência significativa que a recauchutagem exerce no âmbito
social, já que uma empresa recauchutadora chega a empregar 20 funcionários, em
média. Esse ramo brasileiro é o segundo maior no mundo e só perde para os
Estados Unidos."No entanto, falta ainda um maior esclarecimento por parte
do setor para que o mercado reaproveite esse material,a exemplo do que já
acontece com a reciclagem de papel e de alumínio", conta Dallagrana.
As indústrias de reciclagem que
utilizam o material proveniente do processo de recauchutagem para confecção de
novos produtos também exercem um papel importante nesse contexto. No Paraná, a
Ecija Comercial Exportadora e Importadora de Manufaturados Ltda., fundada em
1992, é uma das pioneiras nesta categoria. "Compra-se resíduos de borracha
provenientes dos pneus e sucata de câmara de ar de pneus usados e envia-se para
uma empresa com a qual temos parceria, na Holanda, que transforma e revende
para fábricas de artefatos de borracha, para empresas que aplicam asfalto e
para fábricas de pneus que os utilizarão como parte no composto de novos
pneus.", explica Jacinto Padilla, sócio-diretor da Ecija e representante
brasileiro da ITRA - Associação Americana dos Recauchutadores e Recicladores de
Borracha.
Segundo Padilla, existem dois
tipos de pneus: os radiais e os diagonais. O pneu radial tem uma estrutura
interna de aço, o que dificulta um pouco mais o processo de reciclagem, assim
como exige máquinas mais sofisticadas para fazer a separação do aço, incorrendo
num custo mais alto para a trituração. Já o pneu do tipo diagonal, que tem uma
estrutura interna à base de tecidos, é bem mais fácil de reciclar. Porém, a
tendência é que tenhamos um crescimento na utilização de pneus do tipo radial,
cujos investimentos para reciclagem são maiores.
Conforme Padilla, o material
proveniente da reciclagem dos pneus existe em abundância, assim com há também
um grande mercado consumidor para esses produtos. No entanto, é um processo
pouco conhecido e divulgado. Essa é uma das razões que o leva a exportar sua
produção. Em termos internacionais, a reciclagem do pneu tem um potencial
impressionante. É uma questão levada muito a sério pelos empresários
estrangeiros. E o nosso produto desperta interesse porque, além de possuir uma
característica técnica específica, a tecnologia utilizada para a reciclagem é
bastante moderna.
Ao exportar, conforme Padilla,
reduz o volume de resíduos que podem ser descartados de forma inadequada, uma
vez que a empresa manipula cerca de 5 mil toneladas de resíduos por ano. Se
houvesse uma conscientização efetiva no Brasil, esse número poderia até
triplicar. As estimativas atuais demonstram que o resíduo gerado na produção da
indústria da borracha no Brasil e que é jogado fora gera um prejuízo em torno
de US$ 38 milhões de dólares. Para viabilizar o aumento dessa atividade seria
interessante que houvesse incentivo econômico e uma legislação que estimulasse
a aplicação desses resíduos reciclados nos compostos de outros produtos,
exigindo, inclusive, que os fabricantes utilizassem uma porcentagem de borracha
reciclada em seus produtos.
As entidades que congregam as
empresas de recauchutagem e reciclagem de pneus no Brasil têm empreendido
várias ações para promover a importância da atividade. Entre elas, destaca-se a
criação de um Grupo de Trabalho composto de representantes destes organismos,
para atuar junto ao Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e
Qualidade Industrial na elaboração de uma norma que garanta a qualidade, tanto
do pneu novo quanto do pneu recauchutado, fabricado no Brasil. Segundo
Alexandre Moreira, diretor da ABR - Associação Brasileira de Recauchutagem e
representante da entidade neste grupo de trabalho, já houve a criação de uma
norma com esse objetivo. Assim, o Inmetro visa garantir que o pneu reformado
também tenha o mesmo padrão de qualidade técnica. Este trabalho foi dividido em
dois setores: veículo de passeio e o veículo de transporte de carga e
passageiro. Para ele, a participação das entidades e demais categorias
empresariais do setor tem sido bastante atuante.
Visando diminuir o passivo
ambiental dos pneus inservíveis no país, o Conama - Conselho Nacional do Meio
Ambiente publicou a Resolução No 258, de 26 de Agosto de 1999, que trata da
destinação final, de forma ambientalmente adequada e segura, dispondo sobre a
reciclagem, prazos de coleta, entre outros fatores. Segundo Paulo Moreira,
vice-presidente da ABR, a publicação da Resolução, impondo que as empresas
fabricantes e produtoras façam a coleta e deem uma destinação final
ambientalmente adequada aos resíduos, empreende metas progressivas para que o
setor a cumpra num prazo relativamente grande. Em 2005, o processo estará
bastante avançado e espera-se alcançar um patamar de quase 120% da reciclagem
dos inservíveis. Desta forma, chegaremos a uma relação crescente da reciclagem,
de modo a liquidar com o passivo ambiental de pneus no país.
Como é o
processo de reciclagem de pneus
O processo de recuperação e
regeneração dos pneus exige a separação da borracha vulcanizada de outros
componentes (como metais e tecidos, por exemplo). Os pneus são cortados em
lascas e purificados por um sistema de peneiras. As lascas são moídas e depois submetidas
à digestão em vapor d'água e produtos químicos, como álcalis e óleos minerais,
para desvulcanizá-las. O produto obtido pode ser então refinado em moinhos até
a obtenção de uma manta uniforme ou extrudado para a obtenção de grânulos de
borracha. Este material tem várias utilidades: cobrir áreas de lazer e quadras
esportivas, fabricar tapetes para automóveis; passadeiras; saltos e solados de
sapatos; colas e adesivos; câmaras de ar; rodos domésticos; tiras para
indústrias de estofados; buchas para eixos de caminhões e ônibus, entre outros
produtos.
Fonte: www.cetsam.senai.br
Dá pra se fazer muitas coisas bonitas com pneus, pena que a maioria das pessoas descartam sem saber ou ao menos se interessar em aproveitá-los.. Eu estou querendo uma doação de 6 pneus para fazer uma floreira e até agora não consegui ...
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