Economia e Meio Ambiente: realidades na sustentabilidade do desenvolvimento
Realidades
da dualidade Economia-Meio Ambiente
“Embora a inquietante realidade
ambiental seja por muitos ainda ignorada ou menosprezada, torna-se cada vez
mais evidente que, quanto a seus rumos futuros, a Humanidade se defronta com um
gravíssimo dilema nos tempos atuais.” (CÂMARA,1996)
A discussão que segue possui o
caráter claro de reiterar as análises críticas e prospectivas sobre a questão
sócio ambiental e sua intrínseca relação com a dinâmica econômica dos países no
mundo. O destaque que é efetuado menciona o Brasil como um celeiro de
biodiversidade, recursos naturais, e, com uma economia que apresenta
diagnóstico medíocre quanto à relação economia-meio ambiente.
Não há dúvidas de que mecanismos
para superação de quadros críticos relacionados à produção e uso dos recursos
naturais; aos efeitos que as etapas produtivas geram no espaço ambiental e
econômico – nesta ordem –, são desenvolvidos, aplicados e implantados, porém
com uma eficácia que distancia do êxito que é devido.
Nesse sentido, não obstante às
várias reuniões mundiais em que o tema meio ambiente era pauta, nos últimos
anos a preocupação em alinhar necessidades de consumo e/ou de produção com o
uso dos recursos naturais (minério, água, florestas e, sobretudo em destaque, o
petróleo), esteve e está presente.
Portanto, foi atado um laço de
comprometimento conduzido por todos os interessados no mundo (ONG’s, Grandes
Corporações, Governos e Organismos Internacionais) que provocou uma comoção
internacional direcionada à relação economia-meio ambiente, que gerou
reformulações quanto ao aspecto jurídico, político social, econômico e,
sobretudo, de mercado. É nesse viés, que o surgimento de um ‘novo paradigma
sócio ambiental’ é erguido para a condução do desenvolvimento sustentável.
Economia
e Meio Ambiente: parâmetros e mudanças
Por ser uma ciência social
aplicada, e, partindo do princípio teórico-acadêmico a Economia é um berço de
multidisciplinaridade para a compreensão das demais áreas em que exista a sua
interface. Deste modo, furtar à economia a possibilidade de gerar limites e possibilidade
para o planejamento de uma sociedade com o uso extremo do meio ambiente, seria
um delito à sobrevivência.
A partir de uma análise global na
relação Economia–Meio Ambiente, o debate que está colocado – sendo este um
conjunto de parâmetros – é o da participação dos países na moção internacional
para a construção de uma sociedade composta por tecnologias limpas, processos
produtivos sustentáveis, manutenção e preservação dos recursos naturais – desde
a fauna em extinção até a coibição da geração de artefatos bélicos nucleares –
que reivindicam uma reestruturação da sociedade moderna e/ou pós-moderna com
características diferenciadas do que se vive na atualidade, bem como do setor
produtivo (agentes econômicos: empresas e governo) junto à concepção de gestão
ambiental e responsabilidade sócio ambiental.
A economia global atual foi
formada por forças de mercado e não por princípios de ecologia. Infelizmente,
ao deixar de refletir os custos totais dos bens e serviços, o mercado presta
informações enganosas aos tomadores de decisões econômicas, em todos os níveis.
Isso criou uma economia distorcida, fora de sincronia com os ecossistemas da
Terra, uma economia que está destruindo seus sistemas naturais de suporte.
Nesse sentido considerando as
palavras de Brown, isto pode ser observado como um dos resultados do processo
de globalização (do capital e/ou dos mercados), onde a relação de mercado
(setor privado) não considera a dinâmica ambiental ou as transformações
ambientais decorrentes do uso dos recursos naturais como um elemento de análise
estrutural e conjuntural.
Este cenário é devidamente
aplicado ao contexto mundial e, sobretudo brasileiro, quando emerge esse novo
“escopo” mercadológico face às questões que envolvem crescimento econômico,
desenvolvimento econômico, a questão ambiental e o princípio de desenvolvimento
sustentável.
A questão ambiental no Brasil
revela os seguintes aspectos de mudança: a) de reestruturação do espaço
competitivo de mercado em função das transformações do setor produtivo sob o
viés ambiental; b) a ideia de sustentabilidade do negócio; c) a participação
governamental, e, d) a participação das instituições (fundações, ONG’s, etc.)
privadas envolvidas com a questão ambiental.
Enfim, numa concepção conjunta,
existe uma série de destaques a serem apresentados e que demandariam outros
argumentos, tais como a questão florestal, a de poluentes químicos da
indústria, e, sobretudo da dinâmica produtiva de exploração e produção do
petróleo.
Um
paradigma sócio ambiental e o desenvolvimento econômico
No Brasil, é reiterado pelo
segmento empresarial a absorção de um “novo paradigma sócio ambiental”, onde, o
setor empresarial ‘esclarecido’ sabe que os mecanismos para ingressar e
permanecer no mercado – sob este prisma – são essenciais. O que se propõe é uma
inovação de atitude. A esse respeito também é importante ressaltar que as
oportunidades que revelam mudança de atitude, no caso brasileiro, como as de
implantação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) que representam
mitigação de impactos in loco, estão diretamente ligadas ao meio ambiente e
geram oportunidades nas dimensões do espaço econômico.
Assim, não furtando a existência
de uma concepção com tendência tácita essencialmente na lógica de mercado, o
setor privado propôs assumir o princípio do desenvolvimento sustentável,
considerando a seguinte premissa: a base do desenvolvimento sustentável é um
sistema de mercados abertos e competitivos em que os preços refletem com as
transparências dos custos, inclusive os ambientais. Se os preços são fixados
adequadamente, sem estarem, por exemplo, mascarados por subsídios e políticas
protecionistas, a competição estimula os produtores a usar o mínimo de recursos,
reduzindo o avanço sobre os sistemas naturais. Também os estimula a minimizar a
poluição, se são obrigados a pagar pelo seu controle e pelos danos causados ao
meio ambiente. E ainda, promove a criação de novas tecnologias para tornar a
produção mais eficiente do ponto de vista econômico e ambiental.
Considerações
Enfim, não há, por tanto,
qualquer desconfiança de que o mercado brasileiro e o mundial foram direta ou
indiretamente pressionados para apresentar uma nova identidade e coexistir na
sua lógica com o uso dos recursos naturais, remetendo-se a outros conceitos
inerentes à dinâmica de mercado atual, que são a responsabilidade social e a
responsabilidade ambiental. A postura do setor privado em destacar o
planejamento ambiental junto ao seu projeto de desenvolvimento também foi (nos
anos 90) e é atualmente, uma das vertentes de adequação e adoção de um
paradigma sócio ambiental, aqui discutido. Pois, este considera diferentes
aspectos, incluindo, o ecológico-econômico, jurídico-ambiental, social e
político para a geração da sustentabilidade e do desenvolvimento.
Fonte: Rafael Vieira
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