Casos de câncer crescerão em décadas a frente
Relatório publicado nesta
segunda-feira 4 de fevereiro de 2014 alerta que os casos de câncer aumentarão
cerca de 50% até 2030, quando serão diagnosticados em todo o mundo quase 22
milhões de casos de câncer em comparação com os 14 milhões em 2012, devido a um
forte aumento da doença nos países em desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, as mortes por
câncer passarão de 8,2 milhões a 13 milhões por ano. Essas tendências são
acompanhadas pelo aumento e o envelhecimento da população e pela adoção de
hábitos de risco, como fumar, indica o informe da Agência Internacional para a
Pesquisa do Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O maior impacto será registrado
nos países com menores recursos, muitos dos quais mal equipados para enfrentar
este aumento dos casos de câncer”, declarou a diretora da OMS, Margaret Chan.
Países em
desenvolvimento
Os países em desenvolvimento não
só padecem dos casos de câncer associados com a pobreza, mas também dos
resultados de hábitos adquiridos após conquistar melhores condições de vida, como
um maior consumo de álcool e tabaco, o consumo de alimentos processados e falta
de exercícios físicos. E eles serão os que têm menos recursos para arcar com os
caros custos dos tratamentos.
“É necessário um maior
compromisso com a prevenção e detecção precoce para lidar com o aumento
alarmante na incidência de câncer em nível mundial”, disse o diretor da IARC,
Christopher Wild.
O câncer substituiu as doenças
cardíacas como a principal causa de morte a partir de 2011 e o número anual de
diagnósticos aumentou de 12,7 milhões em 2008 para 14,1 milhões em 2012.
O relatório destaca a diferença
entre os sexos: cerca de 53% dos casos diagnosticados e 57% das mortes ocorrem
em homens.
Os tipos de câncer também diferem
em função do sexo. Entre os homens, o câncer mais comum foi os nos pulmões
(16,7% do total de casos entre o sexo masculino); seguido pelo câncer de
próstata (15%), de colorretal (10%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%).
Entre as mulheres, o mais
frequente é o câncer de mama (25,2%), seguido pelo colorretal (9,2%), de
pulmões (8,7%), útero (7,9%) e estômago (4,8%).
Há também diferenças regionais:
mais de 60% dos casos de câncer e 70% das mortes ocorreram na África, Ásia,
América Central e América do Sul, segundo o relatório global.
Na América Latina e no Caribe, o
câncer de mama e o de próstata são os que têm maior incidência em mulheres e
homens, respectivamente. Os tipos mais mortais nestas regiões são o câncer de
mama e o câncer de colo do útero entre as mulheres, e o de próstata e de pulmão
nos homens.
Quase metade dos 14 milhões de
novos casos de 2012 foram diagnosticados na Ásia, principalmente na China. A
Europa totalizou um quarto dos casos, enquanto América Latina e Caribe 7,8% (e
7,4% de todas as mortes).
No geral, o câncer é diagnosticado
em uma idade mais avançada em países menos desenvolvidos. E a nível global, o
câncer de pulmão é o mais letal, com 19,4% do total, seguido pelo câncer de
fígado (9,1%) e estômago (8,8%).
Olhando
para o futuro
O relatório nota que a população
mundial vai aumentar de 7 bilhões de pessoas em 2012 para cerca de 8,3 bilhões
em 2025. Os países com média e baixa renda terão um maior crescimento de suas
populações e, portanto, uma maior incidência de câncer.
Tabaco,
epidemia nos países mais pobres
O relatório expressa especial
preocupação com o câncer de pulmão, em grande parte resultante do hábito de
fumar e “intrinsecamente ligado a estratégias globais das companhias de tabaco
para aumentar as suas vendas”.
Uma “epidemia” de tabaco afeta
especialmente os países mais pobres, de acordo com o estudo, “impedindo o
desenvolvimento humano por tirar recursos e aumentar a pressão sobre os seus
fracos sistemas de saúde e afetando a produtividade em nível nacional”.
O custo total anual do câncer é
estimado em US$ 1,16 bilhão de dólares em 2010, segundo o relatório. “Quase
metade dos casos de câncer poderiam ter sido evitados”, ressalta a OMS.
O estudo pede novos esforços na
prevenção, incluindo a vacinação contra a hepatite B e o vírus do papiloma
humano, que podem ajudar a reduzir a incidência de câncer de fígado e útero, e
a promoção do exercício físico para combater a obesidade, além de campanhas
anti-tabagismo.
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