O lixo
Antes de se proceder a qualquer
atividade de monta relacionada aos resíduos sólidos urbanos (RSU), vulgarmente
conhecidos como lixo, devemos proceder a um diagnóstico, a fim de conhecer o
problema e poder apontar as soluções.
Produção. O lixo é produzido nas residências, indústrias e
hospitais, mas também é gerado nas atividades de varrição e poda. Cada qual tem
as suas peculiaridades, que afetam o seu manuseio, reciclagem e destino final.
Per capita. Principalmente no caso dos RSU, a estimativa da
produção de lixo por pessoa e por dia, é importantíssima para se equacionar o
transporte e o tamanho do aterro sanitário. Esse valor varia com o local e o
número de habitantes, e no caso do Brasil, pode ser considerado, em média, como
0,8 kg/habitante por ano.
Composição. O conhecimento dos materiais que compõem o lixo, em
percentagem, é chamado de composição gravimétrica. Tem grande importância na
reciclagem e no destino final, já que mais da metade dos RSU, no Brasil, é
composto de matéria orgânica. A separação do lixo seco (tudo, menos a matéria
orgânica) valoriza a reciclagem e possibilita a compostagem.
Chorume. Chama-se de chorume o percolado do lixo, ou seja, a água
de drenagem da massa de lixo, ocasionada pela putrefação da matéria orgânica e
lavagem pela água da chuva. A estimativa do volume de chorume a ser produzido,
por ocasião do diagnóstico, está relacionada aos cuidados sanitários que
devemos ter por ocasião do projeto do aterro sanitário (estação de tratamento
do chorume).
Localização do aterro. São tantas as exigências ambientais para a
localização de um aterro sanitário, que estas são parte importante no
diagnóstico dos RSU. Ultimamente, as Geotecnologias (uso de Sistemas
Geográficos de Informações e imagens de satélites) têm sido uma ferramenta
muito útil nessa busca, vez que a distância da fonte geradora pode inviabilizar
economicamente a localização do aterro. Um das soluções, nesse caso, tem sido o
Consórcio de Municípios.
Tecnologia. A tecnologia a
que me refiro é a da construção do próprio aterro sanitário. Surgiram nas
últimas décadas, soluções de baixo custo para as cidades pequenas, como a das
valas (usada na Bahia, São Paulo e outros estados).
RECICLAGEM
A reciclagem do lixo apresenta
uma série de vantagens técnicas, econômicas e sociais para o Município. Entre
as principais, listamos:
a) reduz o volume de lixo
transportado para os lixões e aterros;
b) consequentemente, aumenta a
vida útil dos aterros sanitários;
c) economiza (muita) energia na
produção de materiais novos;
d) é uma fonte de renda para
catadores, produtores artesanais e vendedores;
e) transforma materiais que
levariam séculos para se decompor;
f) age como efeito demonstração
na Educação Ambiental; e
g) propicia materiais mais
baratos à população de baixa renda.
Cooperativas. As
cooperativas de catadores valorizam o trabalho dos cidadãos que se dedicam a
recolher e separar os materiais de valor comercial encontrados no lixo. Além de
organizarem o trabalho, possibilitam obter junto a ONGs e às Prefeituras,
galpões para reciclagem, balanças, prensas e preço mais justo.
Material de construção. As sobras das obras civis, da ordem de 30%
dos materiais de construção, nem de longe tem a composição gravimétrica que os
assemelhe aos RSU mas, por outro lado, constituem um material indesejável (pelo
volume que ocupam) nos aterros sanitários. Ultimamente, esse material, algumas
vezes, tem sido reciclado, servindo de matéria prima para outras obras.
Artesanato. O artesanato do lixo, pela criatividade do brasileiro,
tem apresentado soluções notáveis, que vão desde a vassouras e aquecedores
solares de garrafas PET, cestas com tiras de papel jornal, e roupas feitas com
abridores de latinhas de alumínio.
MANUSEIO
Políticas. As políticas
relacionadas ao manuseio do lixo, principalmente na sua fonte de produção,
dizem respeito à Prática dos 3 Rs: Reduzir, Reciclar e Reutilizar. Essa deve
ser a tônica de qualquer campanha e de toda iniciativa para equacionar e
resolver o problema dos RSU numa Comunidade qualquer.
Educação Ambiental. A forma
mais indicada de implementar as políticas acima, é a adoção de campanhas de
Educação Ambiental, que podem ser feitas na Escola de Primeiro Ciclo, entre os
funcionários de uma empresa ou mesmo na comunidade.
Segurança. O manuseio do lixo, principalmente pelos catadores nos
lixões, pelos empregados de uma usina de reciclagem ou mesmo na sua fonte de
produção, exige o conhecimento dos riscos de doenças, contaminação e dos equipamentos
de proteção individual (EPIs). Os vetores mais comuns são: moscas, mosquitos,
baratas, ratos e pulgas; que transmitem doenças dos mais tipos: dengue, tétano,
disenterias, verminoses, leptospirose e outras. Muito cuidado devemos ter com
os materiais perfuro-cortantes, como agulhas de injeção e cacos de vidro, pela
possibilidade de estarem infectados. Entre os EPIs para quem manuseia o lixo,
destacam-se as máscaras faciais de tecido, óculos de segurança, aventais de
plástico e luvas de couro. O lixo tóxico também deve ser evitado, com destaque
para as lâmpadas à vapor de mercúrio e as embalagens de agrotóxicos.
DESTINO
Aterros sanitários. Esse é o destino mais adequado ao lixo, seja
para livrar a população dos inconvenientes da presença deste material
(estética, odores e doenças), como para poupar a Natureza do agravo ambiental
dos lixões (contaminação do lençol freático pelo chorume, gases do efeito
estufa, presença de aves que provoquem desastres aéreos e outros).
Compostagem. É uma técnica que transforma a matéria orgânica do
lixo em composto orgânico, aumentando em mais de 50% a vida útil dos aterros
sanitários e produzindo um ótimo condicionador do solo. Quando feito juntamente
com a reciclagem, chega a pagar parte das despesas das Prefeituras com os RSU.
Incineração. A queima do lixo (principalmente o hospitalar) a
elevadas temperaturas, é o método mais eficaz de eliminar os perigos de
contaminação e os resíduos do seu tratamento.
Fonte: Luiz Henrique Lopes
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