Relações Ecológicas entre Seres Vivos
Podemos classificar as relações
entre seres vivos inicialmente em dois grupos:
•as intra-específicas, que
ocorrem entre seres da mesma espécie;
•as interespecíficas, entre seres
de espécies diferentes.
É comum diferenciar-se as
relações em harmônicas e desarmônicas. Nas harmônicas não há prejuízo para
nenhuma das partes associadas, e nas desarmônicas há.
Relações
Intra-específicas Harmônicas
a) Colônias - Agrupamento de
indivíduos da mesma espécie que revelam um grau de interdependência e se
mostram ligados uns aos outros, sendo impossível a vida quando isolados do
conjunto, podendo ou não ocorrer divisão do trabalho.
Ex.: As cracas, os corais e as
esponjas vivem sempre em colônias.
b) Sociedades - São agrupamentos
de indivíduos da mesma espécie que têm plena capacidade de vida isolada mas
preferem viver na coletividade. Os indivíduos de uma sociedade têm
independência física uns dos outros. Pode ocorrer um certo grau de
diferenciação de formas entre eles e de divisão de trabalho com alguns insetos
denominados sociais (que formam sociedade). A comunicação é feita através dos
ferormônios - substâncias químicas que servem para essa função. Os ferormônios
são usados na demarcação de territórios, atração sexual, transmissão de alarme,
localização de alimento e organização social.
Ex.: as formigas, as abelhas e os
cupins.
Relações
Intra-específicas Desarmônicas
a) Canibalismo - Canibal é o
indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.
Ex.: ocorre com escorpiões,
aranhas, peixes, planárias, roedores, etc. Na espécie humana, quando existe,
recebe o nome de antropofagia (do grego anthropos, homem; phagein, comer).
Relações
Interespecíficas Harmônicas
a) Comensalismo - É uma
associação em que uma das espécies — a comensal — é beneficiada, sem causar
benefício ou prejuízo ao outro (não-comensal).
Ex.: A rêmora é um peixe dotado
de ventosa com a qual se prende ao ventre dos tubarões, aproveita os restos
alimentares que caem na boca do seu grande "anfitrião". A Entamoeba colié
um protozoário comensal que vive no intestino humano, onde se nutre dos restos
da digestão.
b) Inquilinismo - É a associação
em que apenas uma espécie (inquilino) se beneficia, procurando abrigo ou
suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem prejudicá-lo. Trata-se de
uma associação semelhante ao comensalismo, não envolvendo alimento.
Ex.: Peixe-agulha e holotúria, o
peixe-agulha apresenta um corpo fino e alongado e se protege contra a ação de
predadores abrigando-se no interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem
prejudicá-los.
As epífitas (epi, em cima) são
plantas que crescem sobre outras plantas sem parasitá-las, usando-as apenas
como suporte. Ex.: as orquídeas e as bromélias.
c) Mutualismo - Associação na
qual duas espécies envolvidas são beneficiadas, porém, cada espécie só consegue
viver na presença da outra, associação permanente e obrigatória entre dois
seres vivos de espécies diferentes. Vejam os exemplos:
*Líquens - constituem associações entre algas unicelulares e certos
fungos. As algas sintetizam matéria orgânica e fornecem aos fungos parte do
alimento produzido. Esses, por sua vez, retiram água e sais minerais do
substrato, fornecendo-os às algas. Além disso, os fungos envolvem com suas
hifas o grupo de algas, protegendo-as contra desidratação.
*Cupins e protozoários - ao comerem madeira, os cupins obtêm
grandes quantidades de celulose, mas não conseguem produzir a celulase, enzima
capaz de digerir a celulose. Em seu intestino existem protozoários flagelados
capazes de realizar essa digestão. Assim, os protozoários se valem em parte do
alimento do inseto e este, por sua vez, se beneficia da ação dos protozoários.
Nenhum deles, todavia, poderia viver isoladamente.
*Ruminantes e microorganismos - no estômago dos ruminantes também
se encontram bactérias que promovem a digestão da celulose ingerida com a
folhagem.
*Bactérias e raízes de leguminosas - no ciclo do nitrogênio,
bactérias do gênero Rhizobium produzem compostos nitrogenados que são
assimilados pelas leguminosas, por sua vez, fornecem a essas bactérias a
matéria orgânica necessária ao desempenho de suas funções vitais.
*Micorrizas - são associações entre fungos e raízes de certas
plantas, como orquídeas, morangueiros, tomateiros, pinheiros, etc. O fungo, que
é um decompositor, fornece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes minerais;
em troca, recebe matéria orgânica fotossintetizada.
d) Protocooperação - Trata-se de
uma associação bilateral, entre espécies diferentes, na qual ambas se
beneficiam; contudo, tal associação não é obrigatória, podendo cada espécie
viver isoladamente. Veja os exemplos:
•Alguns animais que promovem a
dispersão de algumas plantas comendo-lhes os frutos e evacuando as suas sementes
em local distante; a ação de insetos que procuram o néctar das flores e
contribuem involuntariamente para a polinização das plantas.
•Caramujo paguro e actínias -
também conhecido como bernardo-eremita, trata-se de um crustáceo marinho que
apresenta o abdômen longo e mole, desprotegido de exoesqueleto. A fim de
proteger o abdomên, o bernardo vive no interior de conchas vazias de caramujos.
Sobre a concha aparecem actínias ou anêmonas-do-mar (celenterados), animais
portadores de tentáculos urticantes. Ao paguro, a actínia não causa qualquer
dano, pois se beneficia, sendo levada por ele aos locais onde há alimento. Ele,
por sua vez, também se beneficia com a eficiente "proteção" que ela
lhe dá.
•Pássaro-palito e crocodilo - o
pássaro-palito penetra na boca dos crocodilos, alimentando-se de restos
alimentares e de vermes existentes na boca do réptil. A vantagem é mútua,
porque, em troca do alimento, o pássaro livra os crocodilos dos parasitas.
Obs.: A associação ecológica verificada entre o pássaro-palito e o crocodilo
africano é um exemplo de mutualismo, quando se considera que o pássaro retira
parasitas da boca do réptil. Mas pode ser também descrita como exemplo de
comensalismo; nesse caso o pássaro atua retirando apenas restos alimentares que
ficam situados entre os dentes do crocodilo.
•Anu e gado - o anu é uma ave que
se alimenta de carrapatos existentes na pele do gado, capturando-os
diretamente. Em troca, o gado livra-se dos indesejáveis parasitas.
e) Esclavagismo ou sinfilia - É
uma associação em que uma das espécies se beneficia com as atividades de outra
espécie.
Ex.: os pulgões do gênero Aphis,
habitam formigueiros e são beneficiados pela facilidade de encontrar alimentos
e até mesmo pelos bons tratos a eles dispensados pelas formigas (transporte,
proteção, etc). Essa associação é considerada harmônica e um caso especial de
protocooperação por muitos autores, pois a união não é obrigatória à
sobrevivência.
Relações
Interespecíficas Desarmônicas
a) Amensalismo ou Antibiose - Relação
na qual uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de outra espécie,
denominada amensal, através da liberação de substâncias tóxicas. É a relação em
que um dos seres é prejudicado sem que disso resulte benefícios para o outro.
Ex.: Os fungos Penicillium
notatum eliminam a penicilina, antibiótico que impede que as bactérias se
reproduzam. As substâncias secretadas por dinoflagelados Gonyaulax,
responsáveis pelo fenômeno "maré vermelha", podem determinar a morte
da fauna marinha. A secreção e eliminação de substâncias tóxicas pelas raízes
de certas plantas impede o crescimento
de outras espécies no local.
b) Parasitismo - O parasitismo é
caracterizado pela espécie que se instala no corpo de outra, dela retirando
matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em consequência, danos cuja
gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios até a própria
morte do indivíduo parasitado. É uma associação obrigatória para o parasita. De
um modo geral, a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasita, mas muitas
vezes ela ocorre.
Ex.: algumas plantas, como as
ervas-de-passarinho, cipó-chumbo.
c) Predatismo - O predatismo é o
ato de um animal capturar outro para alimentar-se. O predador e a presa
pertencem a espécies diferentes. Os predadores são geralmente maiores e menos
numerosos que suas presas, sendo exemplificados pelos animais carnívoros.
As duas populações - de
predadores e presas - geralmente não se extinguem e nem entram em
superpopulação, permanecendo em equilíbrio no ecossistema. Para a espécie
humana, o predatismo, como fator limitante do crescimento populacional, tem
efeito praticamente nulo.
Algumas espécies desenvolveram
adaptações para se defenderem ao predatismo:
Mimetismo: é uma forma de adaptação que muitas espécies se tornam
semelhantes a outras, disso obtendo algumas vantagens. Ex.: a cobra falsa-coral
é confundida com a coral-verdadeira, muito temida, e, graças a isso, não é
importunada pela maioria das outras espécies.
Camuflagem: é uma forma de adaptação morfológica pela qual uma
espécie procura confundir suas vítimas ou seus agressores revelando cor(es)
e/ou forma(s) semelhante(s) a coisas do ambiente. Ex.: o louva-a-deus, que é um
poderoso predador, se assemelha a folhas; o bicho-pau assemelha-se a galhos,
confundindo seus predadores.
Aposematismo: trata-se de espécies que exibem cores de advertência,
cores vivas e marcantes para afastar seus possíveis predadores, que já a
reconhecem pelo gosto desagradável ou pelos venenos que possui. Ex.: muitas rãs
apresentam cores vivas que indicam veneno ou gosto ruim.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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