Óleos recicláveis ou não recicláveis
Composição
dos Óleos Usados
Os óleos usados contêm produtos
resultantes da deterioração parcial dos óleos em uso, tais como compostos
oxigenados (ácidos orgânicos e cetonas), compostos aromáticos polinucleares de
viscosidade elevada, resinas e lacas. Além dos produtos de degradação do
básico, estão presentes no óleo usado os aditivos que foram adicionados ao
básico, no processo de formulação de lubrificantes e ainda não foram
consumidos, metais de desgaste dos motores e das máquinas lubrificadas (chumbo,
cromo, bário e cádmio) e contaminantes diversos, como água, combustível não
queimado, poeira e outras impurezas. Pode conter ainda produtos químicos, que,
por vezes, são inescrupulosamente adicionados ao óleo e seus contaminantes
característicos.
Os óleos usados são constituídos
de moléculas inalteradas do óleo básico, produtos de degradação do óleo básico;
contaminantes inorgânicos; água originária da câmara de combustão (motores), ou
de contaminação acidental; hidrocarbonetos leves (combustível não queimado);
partículas carbonosas formadas devido ao coqueamento dos combustíveis e do
próprio lubrificante e ainda outros contaminantes diversos.
A origem dos óleos lubrificantes
usados é bastante diversificada e suas características podem apresentar grandes
variações, e nesse ponto é interessante que se faça uma distinção entre os
óleos usados de aplicações industriais e os de uso automotivo e as respectivas
formas possíveis de reciclagem.
Óleos
usados Industriais
Os óleos industriais possuem, em
geral, um baixo nível de aditivação. Nas aplicações de maior consumo, como em turbinas,
sistemas hidráulicos e engrenagens, os períodos de troca são definidos por
limites de degradação ou contaminação bem mais baixos do que no uso automotivo.
Por outro lado, a maior variedade de contaminantes possíveis nos óleos usados
industriais dificulta a coleta para a finalidade de re-refino em mistura com
óleos automotivos.
Uma parte dos óleos utilizados em
muitas aplicações industriais são emulsões (óleos solúveis), nas quais existem
gotículas de óleo finalmente dispersas na fase aquosa. Através do uso de
emulgadores, obtem-se emulsões estáveis usadas industrialmente numa série de
aplicações, como usinagem.
As emulsões à base de óleo
mineral em uso devem ser trocadas depois de determinados períodos, devido a uma
crescente degradação microbiana e contaminação com produtos estranhos.
Óleos
usados Automotivos
Nas aplicações automotivas, tanto
os níveis de aditivação quanto os níveis de contaminantes e de degradação do
óleo básico são bem mais elevados do que nas aplicações industriais.
A maior parte do óleo usado
coletado para re-refino é proveniente do uso automotivo. Dentro desse uso estão
os óleos usados de motores à gasolina (carros de passeio) e motores diesel
(principalmente frotas). As fontes geradoras (postos de combustíveis, super trocas,
transportadoras, etc.) são numerosas e dispersas, o que, aliado ao fator das
longas distâncias, acarreta grandes dificuldades para a coleta dos óleos
lubrificantes usados. Alguns fatores contribuem para que a carga do processo de
re-refino e, mais especificamente, a carga da etapa de acabamento, sejam
uniformes:
•a carga do re-refino sofre,
normalmente, uma homogeneização prévia ao processamento, para evitar oscilações
de rendimentos e condições de processo;
•as etapas de destilação e/ou
desasfaltamento restringem o conteúdo de frações leves e de componentes de alto
peso molecular, inclusive produtos de oxidação, restringindo a faixa de
destilação e, indiretamente, a composição da carga da etapa de acabamento.
Tipos de
Produtos Recicláveis
•Óleos hidráulicos
•Óleos de circulação
•Óleos de eletro-erosão
•Óleos lubrificantes em geral
•Óleos para engrenagens
industriais (dependendo do grau da viscosidade)
•Óleos de corte integrais
•Óleos de têmpera
•Óleos de brochamento
•Fluidos utilizados em operações
de lavagem (flushing) de sistemas
Muitas vezes, quando o produto
não pode voltar a sua aplicação original em função de alguma contaminação que
não pode ser removida pelo processo (por exemplo, a presença de enxofre ativo),
o mesmo pode ser transformado em outro tipo de produto, como óleo para
lubrificação geral ou óleo de corte.
Ao contrário do re-refino, que
recebe óleo sujo de muitas fontes ou espécie, desde que seja óleo mineral, e
submete-o a um processo padronizado em suas instalações, resultando em óleo
básico re-refinado destinado aos fabricantes de lubrificantes minerais, na
reciclagem há necessidade de que o reciclador possua profundos conhecimentos da
formulação de lubrificantes, assim como conhecimento da aplicação do
lubrificante, para, em primeiro lugar, verificar se um óleo recebido do usuário
realmente pode voltar a sua aplicação original ou quais as alternativas em
outras normalmente menos severas.
A interação entre o usuário e o
reciclador está numa base idêntica a do fornecedor de óleo lubrificante novo.
As instalações e equipamentos do
reciclador, embora semelhantes ao do fabricante de óleo novo, são mais
complexas: tancagem (um pouco menor quanto ao volume total, porém maior em
quantidade de tanques); tanques misturadores com seus acessórios, tais como
bombas e misturadores mecânicos; filtros-prensa de alta capacidade para
garantir pureza do óleo tratado (normalmente o fabricante de óleo novo não
submete o óleo à filtragem); equipamento para o envasilhamento; lavador de
gases (normalmente não existente no fabricante de lubrificantes); laboratório
para avaliar a reciclabilidade do óleo, controle de qualidade do processo e do
produto acabado, mais o equipamento específico para o tratamento do óleo com
terras ativas para a remoção dos produtos da oxidação.
As perdas no processo são
pequenas, normalmente não ultrapassando 4%.
O número de vezes que um
lubrificante industrial pode ser submetido à reciclagem está limitado tão
somente pelo grau de oxidação, contaminação e as perdas naturais em serviço.
Indubitavelmente, algum dia este óleo estará em condições que somente o
re-refino ainda poderá tirar alguma parte útil do mesmo. Porém, até este
momento, a indústria que utiliza os produtos assim reciclados, terá conseguido
reduções de custos consideráveis.
O óleo mineral é um recurso de
fontes escassas e não renováveis. Quando reciclado, gera economias. Assim, a
natureza agradece e as gerações futuras também.
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