Crise Ambiental
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL E CIDADANIA
A questão ambiental está cada vez
mais presente no cotidiano da população das nossas cidades, principalmente no
que se refere ao desafio de preservar a qualidade de vida.
Entretanto, a dinâmica de
urbanização predatória tem provocado o aumento dos problemas ambientais nas
nossas cidades. Todos têm sido afetados pelos problemas, em particular os
setores mais carentes da população.
Isso ocorre porque no contexto
urbano metropolitano brasileiro os problemas ambientais têm-se avolumado a
passos agigantados e sua lenta resolução causa sérios impactos sobre a
população. Os problemas não são novos. Destacam-se a contaminação das fontes de
água, o aumento desmesurado do número de enchentes, a exiguidade da rede de
esgotos, as dificuldades em gerir os resíduos sólidos e a interferência
crescente do despejo inadequado de lixo em áreas potencialmente degradáveis em
termos ambientais, e naturalmente os problemas da poluição do ar.
Como enfrentar
todos esses problemas
O maior acesso à informação
potencializa mudanças comportamentais necessárias para um agir orientado para a
defesa do interesse geral.
Nesses tempos em que a informação
assume um papel cada vez mais relevante, o ciberespaço, a multimídia, a
Internet e a educação para a cidadania representam a possibilidade de motivar e
sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação na
defesa da qualidade de vida.
Assim, a problemática ambiental
urbana constitui um tema muito propício para aprofundar a reflexão e a prática
em torno do restrito impacto das práticas de resistência e de expressão das
demandas da população das áreas mais afetadas pelos constantes e crescentes
agravos ambientais. Mas representa também a possibilidade de abrir estimulantes
espaços para implementar alternativas diversificadas de democracia
participativa, notadamente a garantia do acesso à informação e a consolidação
de canais abertos para uma participação plural.
Os impactos negativos do conjunto
de problemas ambientais resultam principalmente da precariedade dos serviços e
da omissão do poder público em relação à prevenção das condições de vida da
população, porém é também reflexo do descuido e da omissão dos próprios
moradores, inclusive nos bairros mais carentes de infra estrutura, colocando em
xeque aspectos de interesse coletivo.
Isso traz à tona a contraposição
do significado dos problemas ambientais urbanos e as práticas de resistência
dos que “têm” e dos que “não têm”, representados sempre pela defesa de
interesses particularizados que interferem significativamente na qualidade de
vida da cidade como um todo.
A postura de dependência e de
desresponsabilização da população decorre principalmente da desinformação, da
falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas comunitárias
baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos, que proponham uma nova
cultura de direitos baseada na motivação e na co-participação da gestão
ambiental das cidades.
Nesse sentido, a educação
ambiental (EA) representa um instrumento essencial para superar os atuais
impasses da nossa sociedade.
A relação entre meio ambiente e
educação para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando
a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se
complexificam e riscos ambientais que se intensificam.
As políticas ambientais e os
programas educacionais relacionados à conscientização sobre a crise ambiental
demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade
contraditória e geradora de desigualdades que transcendem a mera aplicação dos
conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis.
O desafio que se coloca é de
formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois níveis –
formal e não formal. Assim, a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato
político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma
perspectiva de ação holística que relaciona o homem, a natureza e o universo,
tomando como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal
responsável pela sua degradação é o homem.
Quando nos referimos à educação
ambiental, a situamos num contexto mais amplo, o da educação para a cidadania,
configurando-se como elemento determinante para consolidar a conceito de
sujeito cidadão. O desafio de fortalecer a cidadania para a população como um
todo, e não para um grupo restrito, se concretiza a partir da possibilidade de
cada pessoa ser portadora de direitos e deveres, e se converter, portanto, em
ator co-responsável pela defesa da qualidade de vida.
O principal eixo de atuação da
educação ambiental deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o
respeito à diferença, através de formas democráticas de atuação baseadas em
práticas interativas e dialógicas. Isso se consubstancia no objetivo de criar
novas atitudes e comportamentos em face do consumo na nossa sociedade e de estimular
a mudança de valores individuais e coletivos.
Mas como
relacionar a educação ambiental com a cidadania
Cidadania tem a ver com pertencer
a uma coletividade e criar identidade com ela. A educação ambiental, como
formação e exercício de cidadania, tem a ver com uma nova forma de encarar a
relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética, que pressupõe outros
valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens.
A educação ambiental deve ser
vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas
formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária.
E o que
tem sido feito em termos de educação ambiental
A grande maioria das atividades
são feitas dentro de uma modalidade formal.
Os temas predominantes são: lixo,
proteção do verde, uso e degradação dos mananciais, ações para conscientizar a
população em relação à poluição do ar.
A educação ambiental que tem sido
desenvolvida no país é muito diversificada e é ainda muito restrita à presença
dos órgãos governamentais, como articuladores, coordenadores e promotores de
ações ambientais.
O grande salto de qualidade tem
sido dado pelas ONG e organizações comunitárias, que têm desenvolvido ações não
formais centradas principalmente em ações com a população infantil e juvenil.
A lista de ações é interminável,
e essas referências são indicativas de práticas inovadoras centradas na
preocupação de incrementar a co-responsabilidade das pessoas em todas as faixas
etárias e grupos sociais quanto à importância de formar cidadãos cada vez mais
comprometidos com a defesa da vida.
A educação para a cidadania
representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para que
transformem as diversas formas de participação em potenciais caminhos de
dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade,
baseada na educação para a participação.
O complexo processo de construção
da cidadania no Brasil, num contexto de agudização das desigualdades, é
perpassado por um conjunto de questões que necessariamente implicam a superação
das bases constitutivas das formas de dominação e de uma cultura política
baseada na tutela.
O desafio da construção de uma
cidadania ativa se configura como elemento determinante para constituir e
fortalecer sujeitos cidadãos que, portadores de direitos e deveres, assumam a
importante missão de abrir novos espaços de participação.
A administração dos riscos
socioambientais coloca cada vez mais a necessidade de ampliar o envolvimento
público através de iniciativas que possibilitem um aumento do nível de
consciência ambiental dos moradores, garantindo a informação e a consolidação
institucional de canais abertos para a participação numa perspectiva
pluralista.
A educação ambiental deve
reforçar de forma crescente a “agenda marrom”, enfatizando os problemas
ambientais que decorrem da desordem e degradação da qualidade de vida nas
cidades.
Uma vez que se observa que é cada
vez mais difícil manter a qualidade de vida nas cidades, é preciso fortalecer a
importância de garantir padrões ambientais adequados e estimular uma crescente
consciência ambiental, centrada no exercício da cidadania e na reformulação de
valores éticos e morais, individuais e coletivos, numa perspectiva orientada
para o desenvolvimento sustentável.
A educação ambiental, como
componente de uma cidadania abrangente, está relacionada com uma nova forma da
relação homem/natureza.
Nesse sentido, a dimensão
cotidiana da educação ambiental leva a pensá-la como somatório de práticas e,
consequentemente, a entendê-la na dimensão de sua potencial generalização para
o conjunto da sociedade.
Entende-se que essa generalização
de práticas ambientais só será possível se estiver inserida no contexto de
valores sociais, mesmo que se refira a mudanças de hábitos cotidianos.
A problemática socioambiental, ao
questionar ideologias teóricas e práticas, propõe a participação democrática da
sociedade na gestão dos seus recursos atuais e potenciais, assim como no
processo de tomada de decisões para a escolha de novos estilos de vida e a
construção de futuros possíveis, da ótica da sustentabilidade ecológica e da equidade
social.
Torna-se cada vez mais necessário
consolidar novos paradigmas educacionais para iluminar a realidade desde outros
ângulos, e isso supõe a formulação de novos objetos de referência conceituais
e, principalmente, a transformação de atitudes.
Um dos grandes desafios é ampliar
a dinâmica interativa entre a população e o poder público, uma vez que isso
pode potencializar uma crescente e necessária articulação com os governos
locais, notadamente no que se refere ao desenvolvimento de práticas preventivas
no plano ambiental.
Fonte: www.sigrh.sp.gov.br
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