Homeopatia é alternativa a agrotóxicos
De acordo com o agrônomo e
professor do setor do departamento de biologia da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), Carlos Moacir Bonato, um dos responsáveis pelo programa, o uso
da homeopatia vegetal iniciou há sete anos, como uma alternativa para evitar o
uso de agentes químicos em plantações. "Fizemos isso para diminuir ao
máximo o impacto ambiental.
Os resultados têm se mostrado
positivo e a homeopatia se transformou em uma ferramenta importante nesse
trabalho. Além disso, tem ajudado a equilibrar o solo, fazendo com que os
microorganismos sejam mais ativos", explica.
Bonato revela ainda que as
plantas apresentaram aumento no seu crescimento, mais resistência à pragas e
doenças e aumento na produção. "O produtor rural que adere à homeopatia
vai ter uma lavoura mais saudável e, ao mesmo tempo, vai diminuir drasticamente
os custos de produção em relação ao uso do agrotóxico comum.
Se o produtor tiver boas
condições do solo, tempo, etc., ele pode conseguir um aumento de 30% a 40%.
Também foi verificado um aumento no chamado óleo essencial, que trabalha como
uma defesa da planta em 114%, o que nos surpreendeu bastante", afirma.
Outra vantagem apontada pelo
professor ao uso de homeopatia reside no fato de que esse produto tem um
impacto quase nulo na natureza. Em contrapartida, Bonato revela que os
agrotóxicos, mesmo que resolvendo um determinado problema, acaba gerando outro.
"Um bom exemplo disso é o
inseticida conhecido como Fipronil, que possui uma toxicidade alta. Ele resolve
problemas ligados às formigas, contudo, também está ligado ao desaparecimento
de abelhas. Com a homeopatia, o combate às formigas nocivas para planta não
afeta em nada as abelhas. Ela também é regulamentada pela instrução normativa
número 64, de 2008. Ou seja, trata-se de um procedimento legal", diz.
O professor comemora o interesse
dos agricultores em saber mais sobre a homeopatia. Para melhorar, ele informa
que o governo aprovou um projeto de R$ 140 mil para equipar um laboratório na
UEM para desenvolver mais pesquisas. Para conseguir esse benefício, ele vai
ministrar palestras para os interessados.
"Tenho viajado pelo oeste e
noroeste do Paraná explicando os benefícios da homeopatia. O pessoal chega meio
desconfiado, mas logo se interessam em saber como funciona. Ainda há uma certa
resistência das pessoas com a homeopatia. Eu mesmo já fui um dos que não
acreditavam nela.
Entretanto, grande parte da
crítica é em razão do desconhecimento das pessoas, pois ela serve para humanos,
animais e plantas. Se conhecessem mais, certamente mudariam de opinião",
avalia. Entretanto, não basta sair aplicando homeopatia na lavoura. Para o
professor, é preciso muito estudo para saber o que vai ser colocado.
"O estudo vai servir para
ver qual homeopatia terá mais eficácia tanto para o solo quanto para a planta.
Após isso, aí sim indicamos o que o agricultor deve utilizar", encerra.
Agricultores
estão felizes com a nova técnica
Dois exemplos de produtores
rurais que aderiram ao uso da homeopatia nas lavouras são Luiz Valter Hedel e
Darci Betmar Tomm, ambos da cidade de Marechal Cândido Rondon. Adeptos do
produto natural há quatro e três anos, respectivamente, os agricultores revelam
que estão bem felizes em não utilizar mais produtos químicos nas suas lavouras
e nos seus animais.
Hedel, que planta milho e feijão
e possui gado leiteiro, afirma que a homeopatia tem ajudado muito tanto na
produção como na economia. "Desde que comecei a usar a homeopatia, as
coisas deram uma melhorada, principalmente no que se refere ao custo de produção,
que baixou bastante.
Os produtos que mais costumo
usar, nux vonica e arnica, custam bem menos do que um agrotóxico comum",
revela. Ele diz também que nunca teve problemas com esse produto e que também
apresentou melhoras na saúde por não necessitar lidar com agrotóxicos fortes.
"Começamos a notar aqui em
casa que nossa saúde melhorou. Hoje, quando sinto cheiro de algum agrotóxico,
já não me sinto bem. Não cheguei a ficar com problemas decorrentes do uso dos
defensivos agrícolas, mas estou certo que estamos muito melhor agora",
avalia.
Notícias
Relacionadas
No caso de sua produção de leite,
o agricultor usa a homeopatia a mais tempo: cinco anos. "Graças ao uso
desse produto natural, as minhas vacas estão com a saúde perfeita. Eu apoio
100% a adesão à homeopatia. Produtos químicos não entram mais aqui",
garante.
Para Tomm, que produz milho,
soja, girassol e tem animais em sua propriedade, além da redução de custos, que
segundo ele chega a 80%, a qualidade de vida pesou na hora de decidir em optar
pela homeopatia. "Estou satisfeito em utilizar homeopatia na minha
propriedade.
As plantas e o solo tornaram-se
mais fortes e resistentes, assim como os animais. Não ficamos mais expostos a
esses defensivos agrícolas, que vão acumulando coisa ruim no nosso corpo com o
passar dos anos.
Nossa vida melhorou bastante
desde que abolimos a presença desses materiais e acredito que vale a pena o
produtor rural conhecer mais sobre a homeopatia", finaliza.
Rondon é
o berço da ideia
Os trabalhos iniciais da pesquisa
com homeopatia em plantas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) ocorreram
no município de Marechal Cândido Rondon, oeste do Estado. Após uma ressalva
inicial, os produtores rurais dessa localidade têm aderido a essa iniciativa.
Para o professor Bonato, boa
parte da adesão encontra-se no fato de que os agricultores já usaram muito
agrotóxico no passado e que eles necessitam de uma alternativa natural para
cessar a exposição ao defensivo. "Trabalhamos com essas pessoas ‘sofridas',
porque elas já não aguentam mais ter que usar esses materiais. Alguns deles,
inclusive, sofrem com os efeitos de passar muito tempo em contato direto com
produtos tóxicos", conta.
Bonato diz também que houve uma
certa resistência e ceticismo dos produtores quanto a eficácia da homeopatia.
Porém, com as palestras e a orientação necessária, eles aprendem como usar o
material e obter um melhor aproveitamento disso.
O professor cita ainda alguns
produtos que obtiveram um excelente resultado na agricultura. "O sulphor,
a felicea, o carbo vegetables e a calcária carbônica obtiveram uma grande
performance nos testes. Cada um deles têm uma aptidão certa e podem ser usados
em pessoas e animais. Mas friso que é preciso fazer um estudo antes de aplicá-los",
alerta.
Comentários
Postar um comentário