Responsabilidade ecológica versus responsabilidade social
O simples ato de poluir pode ser
considerado um atentado a todos os seres vivos, pois somos parte de um todo. O
círculo é vicioso, e o que acontece à terra acontece ao homem.
Com o passar do tempo, de geração
em geração, o homem vem usando a natureza a seu favor sem a menor preocupação
na sua preservação seja por ignorância, por descaso ou em busca incessante por
lucro.
Miomas únicos são perdidos e
nunca mais presentes no meio ambiente. Quantas espécies vão precisar ser
perdidas ainda e quantos desastres o homem terá que construir uma consciência
social em relação à natureza e dar inicio a um pensamento para preservar a
natureza?
No decorrer da evolução do ser
humano em algum momento podemos verificar a tomada de consciência, por vezes
forçada, mas de qualquer maneira, estamos diante da mudança de paradigmas, da
busca do homem pelo convívio com a natureza e a sua preservação.
Os danos causados ao mioma
habitado pela floresta de Araucária no estado do Paraná desde o final do século
XIX, com o desenvolvimento do Brasil e o processo de industrialização que o
país vivenciava, não havendo a época conscientização ecológica que só veio
nascer na década de 70 com os movimentos Ecológicos e a preocupação com o meio
ambiente na Europa.
Os danos ambientais causados na
Floresta de Araucária caracterizam-se pela existência de um conflito entre a
forma pela qual é gerida a nossa economia e a lentidão na atualização da
legislação em detrimento ao rápido desenvolvimento cientifico e social.
Alterando os parâmetros de desenvolvimento da consciência ecológica de maneira
tardia pelo Estado, e a falta de interesse em agir pelo simples fato do sistema
econômico se antever ao meio ambiente.
Somente com a valoração
econômica, é que nos dias de hoje vem se tornando interessante falar e discutir
assuntos relevantes ao meio ambiente, sendo vantajoso ao Estado e às empresas
vincularem a sua imagem à preservação do meio ambiente ou seja é “politicamente
correto” se preocupar com assuntos antes não interessantes por não terem valor
econômico.
Quanto à responsabilidade
jurídico-ambiental, pode-se dizer que será impossível reparar o dano causado a
Floresta de Araucária e a tantas outras destruídas dolosamente, cabendo somente
medidas mitigadoras que não serão eficazes se antes fossem preservadas.
O Estado por inércia carregará
esse ônus com a humanidade pelo simples fato de não ter tido interesse em
proteger ou manusear de forma menos danosa a Natureza que fornece ao homem
matéria prima (que é finita) para a nossa subsistência, ficando o interesse
individual dos governantes prevalecendo sobre o interesse coletivo ambiental.
A responsabilidade jurídica da
degradação da floresta de Araucária é o processo de desenvolvimento desenfreado
e a não preocupação com o meio ambiente em detrimento de vantagem pecuniária e
o loteamento para a criação de propriedades agrícolas num sistema que não
respeita conceitos que antes não existiam nos produtores agrícolas e nem nas usinas
madeireiras que simplesmente cortavam a floresta sem preocupação com o manejo
sustentável sofrendo agora com a falta de espécies de árvores que não existem
no dia de hoje em abundância.
Até quando seremos reféns de
interesses econômicos e a busca por lucro a qualquer preço, mesmo que, o risco
pago será o desaparecimento de espécies, miomas, ecossistemas, alterações no
clima em detrimento do próprio ser humano.
Medidas têm que ser tomadas,
mesmo que, de forma tardia para preservar o que nos restou e tentar recuperar o
que já foi degradado. Somente com a junção do poder público com a iniciativa
privada que poderemos mudar e reverter esse triste capítulo na história do
estado do Paraná.
Fonte: Paulo Franco
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