A necessidade da qualidade da paisagem urbana
Não é possível definir com
precisão a qualidade de uma paisagem, já que não se pode afastá-la de
avaliações subjetivas, mesmo que se queira.
Constitui-se Paisagem Urbana o
conjunto de tudo o que forma o espaço público urbano: ruas, calçadas, praças,
equipamentos, vegetação, rios. Coordenar de maneira equilibrada o uso desses
elementos é o principal objetivo do Planejamento Paisagístico, peça importante
do Planejamento Urbano.
Toda a concepção da Paisagem
Urbana deve considerar as demandas, dentro da capacidade de oferta dos espaços,
levando em conta fatores como a questão ambiental e o bem-estar da população.
A
deterioração da paisagem urbana e a visão do turista e a imagem da cidade no turista
A poluição visual, que está
atingindo níveis alarmantes, nada mais é do que um aspecto, nem sempre
devidamente ressaltado, da desordem urbana que impera nos grandes centros. É
comum ao passarmos pelos centros comerciais de grandes cidades como São Paulo,
Belo Horizonte, Curitiba, Campinas etc e sermos "bombardeados" por
propagandas espalhadas por todos os cantos. Muitos dos problemas estão
diretamente relacionados com a poluição visual, influenciando a vida dos
moradores das cidades. Dentre estes problemas, podem ser descritos:
•A desordenação de elementos
presentes na paisagem (equipamentos e mobiliário urbano tais como placas de
ruas, placas de trânsito, bancas, cabines telefônicas, postes de iluminação
pública, lixeiras, floreiras, etc.) torna difícil a compreensão dos espaços da
cidade;
•O recobrimento da fachada dos
edifícios por meio de anúncios publicitários e a colocação de anúncios cada vez
maiores e em grande quantidade mascaram a identidade dos espaços da cidade,
tornando-os todos semelhantes, dificultando a orientação do cidadão e
escondendo seus marcos referenciais, aqueles que fazem com que uma cidade se
diferencie das outras (sítios naturais, monumentos, edifícios históricos,
praças, parques, etc.). Os anúncios passam a ocupar o lugar destes marcos de
referência;
•A colocação de publicidade em
locais onde impede ou prejudica a sinalização do trânsito pode causar problemas
de segurança aos cidadãos.
Assim, percebe-se que a poluição
visual é um problema urbano mais grave do que se imagina, causando danos à
estrutura urbana e também prejudicando principalmente a qualidade de vida de
sua população.
De alguns anos para cá, alguns
profissionais liberais, principalmente arquitetos, estão desenvolvendo
campanhas em várias cidades brasileiras no intuito de reduzirem a poluição
visual, num sentimento de indignação com as transformações na paisagem urbana
pelo excesso de propagandas.
No Brasil, talvez o passo mais
marcante no combate à poluição visual tenha sido dado em São Paulo, na gestão
de Marta Suplicy, que resolveu adotar medidas "anti sujeira" para
chamar a atenção da população para o assunto no início de seu governo. Nesta
ocasião foi criado o projeto BELEZURA, que realiza a retirada de outdoors
irregulares no município. Houve ainda a elaboração do projeto de Lei de
Proteção à Paisagem Urbana, cujo texto foi preparado pela equipe do Instituto
Florestan Fernandes. Este projeto trouxe novas regras disciplinares para
veiculação de placas, mensagens, cartazes e outdoors na cidade.
A partir da Segunda Guerra
Mundial quando a cidade é visionada como um grande causador de estresse devido
ao desenvolvimento industrial; na evolução dos estudos destas questões, surge
outro tipo de indústria como contraponto a indústria do turismo que na época
designava somente o turismo de lazer, e mais recentemente o turismo urbano
amplia sua área de abrangência nas modalidades de eventos e negócios.
Foi na Revolução Industrial que
as cidades incharam, as indústrias se instalavam nas imediações ou dentro dos
limites dos municípios devido à facilidade de aquisição de matéria prima na
região e da garantia do comércio, além de transformar toda a Geografia da
região. O sistema de produção privilegia o crescimento das indústrias e
simultaneamente o crescimento das cidades tornando-as grandes consumidoras.
O turismo nasce da necessidade do
cidadão urbano em criar alternativas de relaxamento diante da pressão diária
que sofre na cidade. Tais alternativas foram conquistadas sobre leis
trabalhistas de onde o trabalhador dispõe de férias para descansar de tal pressão.
As viagens programadas começam a despontar para facilitar e economizar tempo
para estes cidadãos, e tais programações são projetados e direcionados ao
turismo de massa. Portanto, é na cidade que o turismo é elaborado devido a
sofisticação dos serviços para sua realização, serviços esses baseados na
comunicação envolvendo áudio, visual e audiovisual.
O turismo urbano apresenta três
aspectos territoriais e segundo RODRIGUES (1997) são definidas:
•Áreas de dispersão - a formação
da demanda se dá nas metrópoles, grandes e médias cidades.
•Transportes - a demanda se
desloca em linhas de redes através de fluxos aéreos, terrestres, fluviais ou
marítimos.
•Núcleo receptor - local onde se
produz ou reformula o espaço turístico para recepcionar a demanda. As
principais áreas de núcleo receptor estão onde há concentração de recursos
paisagísticos, em particular os da orla litorânea devido as várias formas de
recreação ao ar livre.
A atração por estas áreas é
universal e se torna acessível devido a infra estrutura implantada. Porém, as
consequências de uma expansão acelerada necessitam de uma atenção, um
planejamento que é fundamental através de especialistas nas áreas de
urbanização, projetando a cidade para uma maior demanda, organizando
manutenções e ampliações nas malhas rodoviária, ferroviária, aeroporto e porto.
O turismo urbano encontra apoio
na organização política e econômica do país, e seu caráter revitalizador está
na função recreativa e cultural com suas diversas expressões: espetáculos,
exposições, meios de comunicação e entretenimento. A cidade põe a disposição
todo o seu acervo de elementos acumulados ao longo de sua história,
transmitindo uma imagem própria e realizando as atividades a ela vinculada.
Em cinco anos (1991-1996) a
Região Metropolitana de Curitiba foi a que mais cresceu no Brasil conforme o
IBGE atingindo 3,4%. Enquanto que Curitiba no mesmo período apresentou o índice
de 2,3% ao ano de crescimento populacional, outras cidades chegaram ao elevado
índice de 12%, caso este de Campina Grande do Sul. Nestes casos tivemos um
inchamento e um grande problema com as pichações, aumentando significativamente
a Poluição Visual na Capital e na Região Metropolitana.
E como conclusão chegamos aos
instrumentos legais são fartamente oferecidos aos poderes públicos para coibir
a degradação pela Poluição Visual. Assim, ainda que em âmbito municipal tais
instrumentos sejam permissivos, nada impede que os mecanismos hierarquicamente
superiores sejam usados para salvar os municípios. Vale lembrar, o princípio
basilar em direito ambiental, de que norma inferior não poderá ser mais
benéfica que norma superior no tocante a preservação e defesa ambiental.
Admite-se, em normas inferiores, a possibilidade de restringir os limites das
normas superiores, mas nunca amplia los.
Fonte: Roberto Herminio França Junior
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