A Mata Atlântica continua a sumir do mapa
A Mata Atlântica concentra cerca
de 70% da população brasileira e abrange 15 estados brasileiros das regiões
sul, sudeste, centro-oeste e nordeste. Por causa da diversidade do regime
pluviométrico, temperatura, topografia e solos, dentre outros aspectos, esse
bioma caracteriza-se pela variedade de fitofisionomias e pela complexidade de
aspectos bióticos. Dentre os seis biomas brasileiros, ela tem sido,
historicamente, o mais mapeado por causa da sua relevância ambiental e
descaracterização sofrida ao longo dos anos. Trata-se do bioma brasileiro com
menor porcentagem de cobertura vegetal natural. Apesar disso, a Mata Atlântica
ainda possui uma importante parcela da diversidade biológica do país, com
várias espécies endêmicas (mais de 20.000 espécies de plantas, 261 espécies de
mamíferos, 688 espécies de pássaros e os seus recursos hídricos abastecem uma
população que ultrapassa 120 milhões de brasileiros.
Segundo um relatório do
Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apesar da maioria dos seus fragmentos
serem relativamente pequenos, ou seja, menor que 100 hectares, seus
remanescentes regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade
do solo, controlam o clima e protegem escarpas e encostas das serras. Em termos
geológicos, destacam-se as rochas pré-cambrianas e as rochas sedimentares da
Bacia do Paraná. A paisagem é dominada por grandes cadeias de montanhas, além
de platôs, vales e planícies de toda a faixa continental atlântica do leste
brasileiro.
Para o desenvolvimento do
monitoramento do Bioma Mata Atlântica, foram obtidas, ao todo, 312 imagens
digitais. Destas, 105 cenas foram dos sensores orbitais LandsaT TM de 2002, 105
cenas do sensor Landsat TM de 2008 e 107 cenas do sensor CBERS-2B CCD de 2008.
Essas imagens foram obtidas da página eletrônica do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) e foram registradas (ajustes geométrico de
posicionamento) por meio do software ESRI ArcGIS, mantendo a projeção original
UTM (datum SAD69), tendo como referência cenas Landsat geocover do GLCF (Global
Land Cover Facility). Tais imagens, antes de sua correção geométrica, foram
processadas no software SPRING para fins de correções radiométricas.
Como resultado, pode-se dizer que
a área dos remanescentes de vegetação da Mata Atlântica, em 2002, com o
refinamento da escala e da área mínima de detecção, era de 22,54% e, em 2008,
observa-se uma diminuição para 22,25%. Todas essas estatísticas foram baseadas
na área total do bioma que é 1.103.961 km², ou seja, mais de 110 milhões de
hectares Nesse sentido, em números absolutos, a Mata Atlântica teve sua
cobertura vegetal original e secundária reduzida de 248.808 km² para 245.664
km². Portando, o bioma sofreu uma perda de aproximadamente 0,28% entre 2002 e
2008.
No tocante ao desmatamento, a
Mata Atlântica teve a sua cobertura vegetal nativa suprimida, entre 2002 a
2008, em 2.742 km², o que representa uma taxa anual média nesses seis anos de
457 km²/ano. Isto significa que a Mata Atlântica perdeu, em média, 0,04% de sua
cobertura vegetal nativa por ano, no período analisado. A distribuição de áreas
antropizadas ensejou uma análise mais aprofundada, de modo que foi possível
dimensionar a ocorrência das ações antrópicas por unidades espaciais
importantes às ações de gestão e controle ambiental por parte do MMA e do
Ibama. A análise de distribuição dos polígonos por estados federativos, por
exemplo, identificou que a Mata Atlântica foi mais desmatada entre 2002 e 2008
nos estados de Minas Gerais, Bahia, Paraná e Santa Catarina.
Os 20 municípios que tiveram a
maior quantidade de supressão de vegetação nativa da Mata Atlântica entre 2002
e 2008 representaram 22% de supressão da vegetação nativa no bioma como um todo
no período considerado. Desses 20 municípios, oito pertencem ao Estado de Minas
Gerais, seis ao Estado do Paraná, três da Bahia, dois de Santa Catarina e um do
Rio Grande do Sul.
O maior fragmento de florestas
remanescentes (1.109.546 hectares ou 7% de floresta contínua) está localizado
na Serra do Mar, entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os segundo e o
terceiro maiores fragmentos equivalem a 508.571 ha (na zona costeira do Paraná)
e 382.422 ha (na zona costeira da Santa Catariana). O somatório desses três fragmentos
equivale a 13% de floresta remanescente com fragmentos maiores que 50 hectares.
Na classe floresta, 83,4% correspondem a fragmentos menores que 50 ha. Esses
fragmentos menores equivalem a 20,2% do total de floresta remanescente.
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