Gestão Ambiental Rural
Nos programas de Gestão Ambiental
Rural, há algumas tarefas que precisam ser cumpridas antes de se iniciarem os
estudos, pois elas têm por fim orientar e embasar as pesquisas e ações
necessárias.
Definir
objetivos
Como todo trabalho de Gestão, o
primeiro passo é definir os objetivos a serem perseguidos. Estes podem estar
relacionados ao atendimento à(s) exigência(s) de uma Norma, o desejo de obter
uma certificação, como a da ISO 14.000 ou obter um crédito bancário.
Reunir
dados
Definidos os objetivos, o próximo
passo é a coleta de dados que possam servir como parâmetros de comparação dos
estudos ambientais posteriores, entre esses, as Normas e Resoluções do Conselho
Nacional de Meio Ambiente - CONAMA.
Procurar
ajuda
Em se tratando de um tema
complexo e multidisciplinar, pode ser que o Gestor sinta a necessidade de se
assessorar com alguém da área rural, quando surge de imediato a imagem da
Empresa Municipal de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER, ou mesmo,
pesquisas na Internet.
Elaborar
Plano de Ação
Sanadas as dúvidas iniciais, há
que se elaborar um Plano de Ação, que deverá contemplar os estudos a serem
realizados durante os levantamentos de escritório e de campo da etapa seguinte.
Durante
Durante os estudos, devemos fazer
um check list de todas as variáveis técnicas e ambientais que envolvem as
atividades agropecuárias. Veja a baixo as mesmas.
SOLO
O solo é o palco das ações
agropecuárias e onde, geralmente, ocorrem as maiores agressões ambientais,
sejam de origem antrópica ou dos animais de criação. A maior delas é a erosão,
em geral causada pelo desmatamento, falta de cobertura do solo e práticas
agrícolas mal conduzidas (como o plantio morro-abaixo, p.ex.). A cobertura
vegetal do solo é a maior garantia do efeito danoso do impacto das gotas de
chuva e do escorrimento superficial, que provoca erosão e assoreamento; uma
prática agrícola muito recomendada para isso é a cobertura morta (disposição na
superfície de restos vegetais da colheita anterior). Os tratos
conservacionistas que o agricultor possa dispensar ao solo agricultado são
fundamentais para a sua conservação, com destaque para as curvas de nível,
terraceamento, drenagem e combate às voçorocas.
ÁGUA
Dois aspectos relacionados à água
sobressaem nos estudos de Gestão Rural: o da quantidade a ser utilizada na
propriedade e a poluição dos mananciais disponíveis. Do volume retirado dos
mananciais, a grosso modo, 70% destinam-se à Agricultura (principalmente
irrigação), 20% vão para as Indústrias e apenas 10% servirão para atender às
necessidades da População. Assim, a quantidade de água usada na zona rural tem
um peso considerável na demanda por novas fontes e precisa ser minimizada. Por
outro lado, a carência de redes públicas de esgotos, de estações de tratamento,
contrastando com a enorme quantidade de animais (principalmente bois, porcos e
galinhas) cujas fezes são lançadas nos córregos sem qualquer tipo de
tratamento, contribuem para a poluição das águas de superfície e subterrâneas.
AR
A maior agressão à Natureza na
zona rural relacionada à poluição do ar, diz respeito às queimadas. Seja das
matas virgens para a abertura de novas áreas de criação/plantação, como pelo costume
de por fogo nos vegetais para renovação das pastagens e colheita da
cana-de-açúcar. Além da fuligem, que provoca a emissão de CO2 e problemas
respiratórios, as queimadas prejudicam o solo, a visibilidade (acidentes de
carro e de avião são frequentes) e até a interrupção de energia elétrica.
Outros, são o mercúrio dos garimpos e as nuvens de agrotóxicos levadas pelas
correntes aéreas.
PLANTAS
O manuseio das culturas agride o
meio ambiente quando o agricultor se utiliza de agrotóxicos e adubos ou quando
lança nos córregos o sub produto da atividade sucro alcooeira: o vinhoto. Os
agrotóxicos são aplicados, muitas vezes, sem os devidos cuidados ambientais e
em doses exageradas, contaminando o solo, o homem e os mananciais. Os adubos em
excesso também alteram a química e a biologia do solo e enriquecem as águas com
nitrogênio (N) e fósforo (P), causando a sua eutrofização. O vinhoto originado
do processamento industrial da cana-de-açúcar, é um dos maiores poluentes
conhecidos. Costuma ser lançado ao solo, como adubo, mas causa grande prejuízo
à fauna aquática (morte de peixes), por roubar o oxigênio dissolvido na água.
ANIMAIS
A pecuária tem sido apontada,
recentemente, como uma grande vilã nos agravos ao meio ambiente. Veja porque.
Comparado com o homem, é considerável o volume de fezes produzido por animais
de grande porte, como os bois, cavalos e assemelhados. Suínos e aves, nem tanto
mas, devido ao seu elevadíssimo número, acabam tendo grande repercussão. Essas
fezes, via de regra, são lançadas no solo e escorrem para os cursos d´água sem
nenhum tipo de tratamento, poluindo os mananciais. Estudos recentes conduzidos
em países desenvolvidos, revelaram que o arroto do boi, por força da
fermentação estomacal, é rico em gás metano (CH4), um dos maiores vilões do
efeito-estufa e cerca de 21 vezes mais perigoso do que o gás dióxido de carbono
(CO2). O simples pisoteio das manadas bovinas é suficiente para compactar o
solo, dificultando o enraizamento e provocando a erosão.
BIOMAS
Uma das maiores ameaças
provocadas pela expansão atual das atividades agropecuárias, diz respeito ao
desmatamento e à degradação dos principais biomas brasileiros, com destaque
para a Floresta Amazônica. Desse modo, durante os estudos ambientais nas
propriedades rurais, uma das maiores preocupações dos Gestores Ambientais é
medir e preservar a possível área ocupada pelo bioma que ali se encontrar. A
conservação desses biomas é fundamental para a manutenção da biodiversidade.
INFRA ESTRUTURA
A verificação da necessidade, da
existência e da conservação da infra estrutura parcelar é muito importante para
a Gestão Ambiental Rural. Dentre essas, destacam-se, as estradas vicinais, os
canais e drenos e o saneamento básico.
Ações
Realizados os estudos básicos
sobre as atividades agropecuárias que possam estar degradando o meio ambiente,
cumpre ao Gestor Ambiental sugerir as ações que possam prevenir danos e
corrigir distorções. Entre elas, destacam-se:
PREVENTIVAS
O preparo adequado do solo é a
prática agrícola mais efetiva para evitar erosão, conservar a umidade e poupar
energia na zona rural. Isso envolve a aração com o implemento adequado, na profundidade
correta e quando o solo se apresentar com a umidade certa. Outras práticas,
como a construção de terraços; a sistematização quando se cogitar dos métodos
de irrigação por superfície; a drenagem de áreas alagadas; etc, também são
fundamentais.
O bom manejo da água é outra
medida preventiva muito importante, pois evitará desperdício, empobrecimento do
solo (lixiviação), economia de energia (no bombeamento) e menor gasto com
material. No caso da irrigação, p.ex., sempre que possível, dar preferência aos
métodos localizados, como micro aspersão e gotejamento.
As práticas corretas de plantio
são uma terceira ação preventiva dos danos ao meio ambiente. Envolvem o plantio
em nível (morro-abaixo, nunca) e a cobertura morta (restos vegetais sobre o
terreno), entre outras.
CORRETIVAS
Sempre que as ações preventivas
não puderem ser aplicadas, as corretivas devem mitigar o problema. Algumas
delas são:
a) RAD (recuperação de áreas
degradadas);
b) Reflorestamento (replantio da
área com espécies nativas ou comerciais);
c) Combate às voçorocas (canais
profundos abertos pelas enxurradas); e
d) Calagem (aplicação de calcário
para corrigir a acidez do solo).
Revisão
Todo planejamento exige que,
findo o processo, se avaliem os resultados. Assim, essa revisão pode constar
das seguintes tarefas:
Observar os resultados: Aumentou a produção ? diminuiu a poluição ?
por que isso ocorreu (ou não ocorreu) ? o que foi feito de errado ?
Comparar índices: Esta é outra tarefa de revisão, posterior às
ações, que precisa ser feita, principalmente no que se refere à diminuição dos
indicadores de poluição.
Replanejar: As etapas anteriores (resultados e índices) permitem ao
Gestor Ambiental replanejar as ações, para que atinjam os resultados que delas
se esperam. É o que se chama de feed back ou retro alimentação.
Fonte: www.ufrrj.br
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