Catástrofe Ambiental
Mudanças
climáticas e pressões
As mudanças climáticas e as
pressões sobre os recursos naturais e ecossistemas têm aumentado muito,
independentemente do estágio de desenvolvimento dos países, segundo o
relatório. E o texto também destaca que, a menos que sejam tomadas medidas
urgentes, o progresso do desenvolvimento humano no futuro estará ameaçado.
O Pnud aponta, ainda, que os
protestos em massa contra a poluição ambiental têm crescido em todo o mundo.
Por exemplo, manifestantes em Xangai, na China, lutaram por um duto de águas
residuais (provenientes de banhos, cozinhas e uso doméstico em geral)
prometido, enquanto na Malásia moradores de um bairro se opuseram à instalação
de uma refinaria de metais de terras raras – 17 metais conhecidos como
"ouro do século 21", por serem raros, valiosos e de grande utilidade.
O relatório reforça também que as
principais vítimas do desmatamento, das mudanças climáticas, dos desastres
naturais e da poluição da água e do ar são os países e as comunidades pobres.
E, para o Pnud, viver em um ambiente limpo e seguro deve ser um direito, não um
privilégio. Além disso, sustentabilidade e igualdade entre os povos estão
intimamente ligadas.
Desastres
naturais em alta
Além disso, de acordo com o texto
divulgado nesta quinta-feira, os desastres naturais estão se intensificando em
todo o mundo, tanto em frequência quanto em intensidade, causando grandes danos
econômicos e perdas humanas.
Apenas em 2011, terremotos
seguidos de tsunamis e deslizamentos de terra causaram mais de 20 mil mortes e
prejuízos aos EUA, somando US$ 365 bilhões (R$ 730 bilhões) e 1 milhão de
pessoas sem casas.
O impacto mais severo foi para os
pequenos países insulares em desenvolvimento, alguns dos quais sofreram perdas
de até 8% do PIB. Em 1988, Santa Lucía – localizado nas Pequenas Antilhas, no
Caribe – perdeu quase quatro vezes seu Produto Interno Bruto (PIB) por causa do
furacão Gilbert, enquanto Granada – outro país caribenho – perdeu duas vezes o
PIB em decorrência do furacão Iván, em 2004.
Desafios
mundiais
O relatório do Pnud ressalta,
ainda, que os governos precisam estabelecer acordos multilaterais e formular
políticas públicas para melhorar o equilíbrio das condições de vida, permitir a
livre expressão e participação das pessoas, administrar as mudanças
demográficas e fazer frente às pressões ambientais.
Um dos grandes desafios para o
mundo, segundo o texto, é reduzir as emissões de gases que provocam o efeito
estufa. Apesar de os lançamentos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera
parecerem aumentar com o desenvolvimento humano, essa relação é muito fraca,
destaca o Pnud. Isso porque, em todos os níveis de IDH, alguns países
equivalentes têm uma maior emissão de CO2 que outros.
Além disso, pode haver diferenças
grandes entre as províncias ou estados de um mesmo país, como é o caso da
China. Esses resultados, de acordo com o relatório, reforçam o argumento de que
o progresso humano não demanda um aumento no uso de CO2, e que políticas
ambientais melhores poderiam acompanhar esse desenvolvimento.
Segundo o Pnud, alguns países já
têm se aproximado desse nível de desenvolvimento, sem exercer uma pressão
insustentável sobre os recursos ecológicos do planeta. Mas responder
globalmente a esse desafio exige que todas as nações adaptem suas trajetórias.
Os países desenvolvidos, por exemplo,
precisam reduzir a chamada "pegada ambiental", ou seja, quanto cada
habitante polui o planeta (como se fosse um PIB do meio ambiente). Já as nações
em desenvolvimento devem aumentar o IDH, mas sem elevar essa pegada. Na visão
do Pnud, tecnologias limpas e inovadoras podem desempenhar um papel importante
nesse processo.
Mas, para reduzir a quantidade
necessária de emissões de gases de efeito estufa, os países dos hemisférios
Norte e Sul têm que chegar a um acordo justo e aceitável para todos, como compartilhar
as responsabilidades, informa o relatório.
Acordos e
investimentos
Na Rio+20, Conferência da ONU
sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em junho de
2012, foi negociado entre os governos da região da Ásia e do Pacífico um acordo
para proteção do maior recife de corais do mundo, o chamado Triângulo de Coral,
que se estende desde a Malásia e a Indonésia até as Ilhas Salomão. A área é
responsável por fornecer o sustento para mais de 100 milhões de pessoas.
Além disso, alguns países estão
trabalhando juntos na bacia do Rio Congo para combater o comércio ilegal de
madeira e preservar o segundo maior território florestal do mundo. Bancos
regionais de desenvolvimento também apresentaram uma iniciativa que conta com
US$ 175 bilhões (R$ 350 bilhões) para promover o transporte público e ciclovias
em algumas das principais cidades do mundo.
Outra parceria envolve a China e
o Reino Unido, que vão testar tecnologias avançadas de combustão de carvão. Já
os EUA e a Índia firmaram um acordo para o desenvolvimento de energia nuclear
na Índia.
Alguns países também estão
desenvolvendo e compartilhando novas tecnologias verdes. A China, o quarto
maior produtor de energia eólica do mundo em 2008, é também a maior fabricante
global de painéis solares e turbinas para geração de energia pelo vento. E, na
Índia, os investimentos em energia solar aumentaram 62% em 2011, chegando a US$
12 bilhões (R$ 24 bilhões) – os maiores do planeta. Já o Brasil elevou seus
investimentos tecnológicos para energias renováveis em 8%, chegando a US$ 7
milhões (R$ 14 milhões).
Promessas
Até 2020, a China também prometeu
cortar suas emissões de dióxido de carbono por unidade de PIB em 40% a 45%. E,
em 2010, a Índia anunciou reduções voluntárias de 20% a 25%. Além disso, no ano
passado, políticos coreanos aprovaram um programa para reduzir as emissões de
fábricas e usinas de energia.
Na Rio+20, Moçambique anunciou
ainda uma nova rota de economia verde. E o México promulgou recentemente uma
lei para reduzir as emissões de CO2 e apostar em energias renováveis.
No Fórum de Bens de Consumo da
Rio+20, as empresas Unilever, Coca-Cola e Wal-Mart – classificadas entre as 20
melhores multinacionais do mundo – também prometeram eliminar o desmatamento de
suas cadeias de abastecimento.
Além disso, a Microsoft prometeu
que em 2012 se tornaria nula em emissões de carbono. E a companhia Femsa, que
engarrafa bebidas – como a Coca-Cola – na América Latina, manifestou que
obteria 85% de suas necessidades energéticas no México a partir de recursos
renováveis.
Mas, apesar de muitas iniciativas
promissoras, ainda existe ainda uma grande diferença entre as reduções de
emissões necessárias e essas modestas promessas, destaca o Pnud.
Fonte: www.g1.globo.com
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