Doenças presentes em Pinus
As doenças florestais são
responsáveis, em parte, pela diminuição da produtividade dos plantios
comerciais brasileiros. Até o momento, as doenças registradas em plantios e
povoamentos florestais têm sido provocadas principalmente por fungos, com
alguns registros de ocorrência de bactérias e sem registros concretos da ação
de vírus ou outros microorganismos.
No caso das espécies de Pinus
plantadas no Brasil, as principais doenças encontradas e que têm chamado
atenção daqueles que trabalham com esta espécie florestal são os problemas de
viveiro, a seca de ponteiros e a armilariose, que afetam árvores jovens e
adultas.
Problemas
de viveiro
O sistema de produção de mudas de
espécies florestais normalmente favorece a ocorrência de fungos, pela presença
de temperaturas e alta umidade. As condições necessárias para a germinação e
desenvolvimento das mudas também podem ser as mesmas para que os fungos se
estabeleçam e se desenvolvam.
O tombamento de mudas é uma
doença que pode surgir em viveiro e em diferentes essências florestais. Esta
doença também pode ocorrer durante a germinação e produção de mudas de Pinus.
Porém, tem-se tornado uma doença de importância secundária com o uso da técnica
de produção de mudas em tubetes plásticos. Sua importância é sempre notada
quando do uso de sementeiras para a germinação das sementes ou quando algumas
medidas sanitárias preventivas não são empregadas, como por exemplo o uso de
substrato estéril para a produção de mudas.
O controle desta doença
normalmente é obtido pela aplicação de práticas adequadas na produção de mudas,
cuidando-se do uso de sementes com boa qualidade sanitária, de substrato
estéril, de água para irrigação de boa qualidade, da limpeza do próprio viveiro
e da eliminação de qualquer foco de material doente, fazendo o descarte das
mudas afetadas. O emprego de produtos químicos, como é o caso dos fungicidas,
só deve ser feito em situações emergenciais e com o devido respaldo de um
técnico.
Problemas
em plantios
A seca de ponteiros foi uma das
principais doenças em Pinus, limitando os primeiros plantios de espécies como
Pinus radiata e P. pinaster na região Sul do Brasil. Apesar de estar controlada
para algumas espécies, ainda inspira cuidados e controle. Esta doença afeta
diversas espécies de Pinus em todo o mundo, com outros sintomas e é causada
pelo fungo Sphaeropsis sapinea. Este fungo, ao colonizar os tecidos da árvore,
pode causar o secamento dos brotos e de ramos e, se o ataque for contínuo e
intenso, provocar a morte da planta. Pode causar, também, a morte de ponteiros
em mudas, ferimentos na casca e o azulamento da madeira em árvores vivas e em
toras, depois do abate da árvore. O controle desta doença em mudas doentes, por
meio de fungicidas, somente é recomendado em casos especiais. Para que a doença
não ocorra a campo, recomenda-se o plantio de espécies mais resistentes, como
P. elliottii, P. taeda e P. caribaea. Para evitar o azulamento da madeira,
recomenda-se o processamento das toras após o abate, a secagem da madeira e o
uso de preservativos de madeira.
Já a podridão de raízes causada
por Armillaria, ou armilariose, é uma doença causada pelo fungo Armillaria sp.,
conhecida em várias partes do mundo, afetando principalmente as plantas
lenhosas. No Brasil, a doença foi constatada em espécies de Pinus (P. elliottii
var. elliottii, P. taeda e P. patula) e Araucaria, nos estados da Região Sul e
Sudeste, não tendo sido encontrada em plantios de espécies tropicais de Pinus.
É uma doença importante em plantios de Pinus na primeira rotação da cultura,
especialmente em áreas onde havia mata natural ou reflorestamento com espécie
florestal de reconhecida capacidade multiplicadora de inóculo do patógeno.
A doença é caracterizada pelo
amarelecimento geral da copa, seguido por murchamento, bronzeamento e seca das
acículas. Posteriormente, evolui para a morte das árvores, que ocorre quando
todo o sistema radicular acha-se comprometido pela ação do patógeno. Nas raízes
mais grossas e na base do tronco surge intensa exsudação de resina que
acumula-se no solo, ao redor das raízes ou do tronco. Placas miceliais
(desenvolvimento do fungo em forma de mantas) brancas são formadas logo abaixo
da casca, que podem se estender no tronco a mais de 1 m de altura. O fungo pode
também formar rizomorfas (cordões miceliais de coloração marrom-escura) na
casca. Eventualmente, as frutificações deste fungo podem ser observadas, como
cogumelos que surgem na casca de plantas doentes ou já mortas.
A recomendação de controle da
armilariose em plantações de Pinus spp. no Brasil tem sido feita no sentido de
minimizar a quantidade do inóculo inicial do patógeno na plantação.
Recomenda-se que, no preparo da área a ser reflorestada com Pinus, seja feita
uma limpeza da área recém-desmatada, recolhendo-se restos de raízes, tocos e galhos
da vegetação nativa anterior, apodrecidos ou não, para a sua queima. Como
outras medidas, menciona-se a abertura de trincheiras ou valas, ao redor da(s)
árvore(s) atacada(s), para que a doença não atinja as árvores vizinhas ainda
sadias. Pouco se sabe sobre a resistência genética contra esta doença em Pinus.
A literatura recomenda que se evite plantar espécies muito suscetíveis, como é
o caso de P. elliottii, em locais onde haja grande probabilidade de ocorrer a
armilariose.
Como estratégia para conhecer
mais sobre esta doença e o seu controle, estabeleceu-se um projeto de pesquisa
tendo como título: “Armilariose em Pinus elliottii: etiologia, determinação de
danos e de medidas de controle, nos estados do Paraná e de Santa Catarina”.
Este projeto teve como financiadores o CNPq, Embrapa Florestas e empresas
florestais que possuem o problema. Como parceria, parte das atividades de
pesquisa constituíram uma tese de doutoramento no Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Florestal, da Universidade Federal do Paraná. As atividades de
pesquisa foram desenvolvidas no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa
Florestas e em plantios comerciais de empresas florestais do Estado do Paraná.
Com o encerramento do financiamento do projeto pelo CNPq, o mesmo encontra-se em
fase de negociação com outras empresas florestais que possuem o problema e
foram sensibilizadas para participar desta pesquisa.
O projeto começou em março de
2001 e teve como objetivos a realização de um levantamento da ocorrência da
armilariose em povoamentos de Pinus nos Estados do Paraná e de Santa Catarina
(posteriormente acrescentou-se o estado do Rio Grande do Sul); a identificação
correta do fungo; a avaliação dos danos silviculturais e econômicos e o
desenvolvimento de medidas de controle, de modo que os novos conhecimentos
adquiridos possam minimizar os danos e as perdas provocadas pela armilariose em
plantios de Pinus da Região Sul.
O principais resultados deste
projeto mostraram que o agente causal desta doença não deve ser o fungo
Armillaria mellea. Possivelmente, mais de uma espécie estaria associada aos
problemas em Pinus. Outro aspecto relaciona-se com a temperatura ótima de desenvolvimento
do fungo, que precisa de temperaturas na faixa entre 15°C e 25°C, demonstrando
porque tem ocorrido na região Sul. Quanto aos hospedeiros, existe maior
quantidade de registro de doença em P. elliottii em relação ao P. taeda, em
concordância com a literatura.
Quanto às avaliações dos impactos
decorrentes da ação da armilariose, as perdas causadas pela doença são
significativas nas áreas afetadas, o que contribui na redução da produção de
madeira, bem como da renda dos silvicultores e da região e uma redução no
potencial de emprego e da renda recebida pelos trabalhadores rurais. A título
de exemplo, se considerarmos uma incidência de mortalidade de árvores em 5,1%,
em uma área atacada de 10% da área plantada da região Sul (106.200 ha), os
produtores de Pinus deixariam de colher 189,6 mil m3 de madeira anualmente.
Em relação ao controle, as
observações de campo e experimentais revelam que a prática de limpeza da área
(destoca e queima dos resíduos) antes do plantio mostra-se eficiente para
eliminar o inóculo da doença. Entretanto, esta prática pode ser inviável em
áreas de topografia acidentada e apresenta um alto custo, que podem
inviabilizar o seu uso. O controle biológico da doença com o emprego de fungos
antagônicos, preconizado pela literatura como eficiente, é tecnicamente viável
em focos presentes em plantios jovens (menos de três anos de idade). No
entanto, os ensaios foram recentemente montados e os resultados estão em fase
de coleta, sem que se possa ainda afirmar algo acerca de sua eficiência.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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