Agenda 21 Local
A Agenda 21 Local é um
instrumento de planejamento de políticas públicas que envolve tanto a sociedade
civil e o governo em um processo amplo e participativo de consulta sobre os
problemas ambientais, sociais e econômicos locais e o debate sobre soluções para
esses problemas através da identificação e implementação de ações concretas que
visem o desenvolvimento sustentável local.
O capítulo 28 da Agenda 21 global
estabelece que "cada autoridade em cada país implemente uma Agenda 21
local tendo como base de ação a construção, operacionalização e manutenção da
infra estrutura econômica, social e ambiental local, estabelecendo políticas
ambientais locais e prestando assistência na implementação de políticas
ambientais nacionais". Ainda segundo a Agenda 21, como muitos dos
problemas e soluções apresentados neste documento têm suas raízes nas
atividades locais, a participação e cooperação das autoridades locais são
fatores determinantes para o alcance de seus objetivos.
Para o governo brasileiro, a
construção da Agenda 21 Local vem ao encontro com a necessidade de se construir
instrumentos de gestão e planejamento para o desenvolvimento sustentável. O
processo de Agenda 21 Local pode começar tanto por iniciativa do poder público
quanto da sociedade civil. De fato, a Agenda 21 Local é processo e documento de
referência para Planos Diretores e orçamento municipais, entre outros, podendo
também ser desenvolvida por comunidades rurais, e em diferentes
territorialidades, em bairros, áreas protegidas, bacias hidrográficas. E,
reforçando ações dos setores relevantes, a Agenda 21 na escola, na empresa, nos
biomas brasileiros é uma demanda crescente, cuja maioria das experiências
existentes têm-se mostrado muito bem sucedidas.
Principais
desafios
Os principais desafios da Agenda
21 Local consistem no planejamento voltado para a ação compartilhada, na
construção de propostas pactuadas, voltadas para a elaboração de uma visão de
futuro entre os diferentes atores envolvidos; condução de um processo contínuo
e sustentável; descentralização e controle social e incorporação de uma visão
multidisciplinar em todas as etapas do processo. Desta forma, governo e
sociedade estão utilizando este poderoso instrumento de planejamento
estratégico participativo para a construção de cenários consensuados, em regime
de coresponsabilidade, que devem servir de subsídios à elaboração de políticas
públicas sustentáveis, orientadas para harmonizar desenvolvimento econômico,
justiça social e equilíbrio ambiental.
Processo
de construção da Agenda 21 Local
O ponto de partida é a formação
de um grupo de trabalho composto por representantes da sociedade e governo (no
caso de um município ou determinada territorialidade), podendo ter a liderança
de qualquer segmento da comunidade (governo, ONG, instituição de ensino, por
exemplo). As atribuições desse grupo devem envolver desde a mobilização e a
difusão dos conceitos e pressupostos da Agenda 21, até a elaboração de uma
matriz para a consulta à população sobre problemas enfrentados e possíveis soluções,
incluindo o estabelecimento de ações sustentáveis prioritárias a serem
implementadas no processo de construção da Agenda 21 Local, envolvendo:
• O estabelecimento de uma
metodologia de trabalho
• A reunião de informações sobre
as questões chaves de desenvolvimento local e a identificação dos setores da
sociedade que devem estar representados, em função das particularidades locais
• Os papéis dos diferentes
participantes do processo
• A identificação de meios de
financiamento para a elaboração da Agenda 21 Local
• Negociações junto ao poder
local sobre a institucionalização do processo de construção e implementação da
Agenda 21 Local
A criação de um Fórum permanente
de desenvolvimento sustentável local - ou seja, que aborde os aspectos
ambientais, sociais e econômicos locais - com o real envolvimento dos
diferentes atores é etapa seguinte e meta fundamental para a sustentabilidade
dos processos. Este Fórum, a ser institucionalizado pelo Poder Executivo ou
Legislativo, terá a missão de preparar, acompanhar e avaliar um plano de
desenvolvimento sustentável local de forma participativa. É essencial que os
participantes sejam escolhidos pelos membros de seu setor e que o represente
levando para o Fórum as questões nele consensuadas, trazendo de volta ao grupo
os resultados e encaminhamentos acordados junto aos demais parceiros.
O Fórum requer um regimento interno, que deve
constar basicamente de:
• Missão, objetivos, atribuições
• Frequência e coordenação das
reuniões
• Forma de registro e
responsáveis pela confecção e divulgação das minutas
• Como os objetivos serão
alcançados
• Tempo de mandato e forma de
substituição dos membros
A principal função do Fórum é
definir os seus princípios estruturantes e uma visão de futuro desejado pela
comunidade, que represente, da melhor forma, os diferentes pontos de vista e
anseios dos seus participantes. Essa visão deve ser traduzida em ações a serem
incluídas nos processos de planejamento dos municípios e regiões envolvidos.
Para a definição dessas ações,
caberá também ao Fórum a escolha de temas críticos, capazes de catalisar a
opinião pública e outros apoios, criando as condições para a formação do
cenário de futuro desejável. Como exemplo de eixos temáticos para que as ações
da Agenda 21 local possam se desenvolver temos: ações estratégicas para a
proteção da atmosfera; ações estratégicas para a proteção do solo, da água e da
diversidade biológica; ações estratégicas para a pobreza, saúde e igualdade
social e assentamentos; acesso a serviços de informação; acesso a emprego;
conscientização da população; educação para a Agenda 21 e troca de informações.
De acordo com as características
geográficas, econômicas, culturais e históricas de um determinado local, este
pode desenvolver a sua Agenda 21 local enfocando um ou mais eixos temáticos.
Para garantir agilidade e
eficácia às resoluções do Fórum, é necessário o estabelecimento de uma estrutura,
na forma de Secretaria Executiva, que deve contar com recursos humanos e
financeiros para suprir as necessidades de implementação do processo. Esta
secretaria precisará de espaço físico, seja nas instalações das prefeituras ou
de uma instituição parceira.
Assim, para que os objetivos da
Agenda 21 Local sejam atingidos, existe um amplo processo que depende da
sensibilização e do estágio de amadurecimento de cada comunidade na discussão
dos temas públicos de forma participativa. Assim, observando as diferentes
experiências de Agenda 21 no Brasil podemos identificar diferentes estágios,
qual seja: o da sensibilização, capacitação e institucionalização dos processos
de agenda 21. O da elaboração, ou seja, definição de temas, elaboração de
diagnósticos, formulação de propostas e definição de meios de implementação e o
estágio da implantação propriamente dito.
O papel
de cada um
Alcançar as mudanças necessárias
para o sucesso da Agenda 21 Local demanda a ação dos grupos e indivíduos:
lares, organizações comunitárias, movimentos sociais, ONGs, produtores e
empresas de pequeno a médio portes, governos e organizações governamentais
locais e regionais, instituições de pesquisa e ensino.
Cada membro, cada setor tem o seu
papel. Para exemplificar, no plano governamental existe um papel específico
para cada uma das esferas de governo na definição de políticas publicas. O
plano federal define as políticas gerais e estruturantes do País elaborando
diretrizes e princípios. Aos estados e municípios cabe, em seu espaço
territorial, exercício semelhante de formulação de políticas públicas, em
atendimento ao principio federativo.
A sociedade civil tem papel
fundamental no monitoramento da Agenda 21 Local, mantendo uma atuação ativa e
crítica, mas isso só pode ocorrer se os governos exercerem as leis de forma
transparente, requerendo que as informações estejam disponíveis para análise.
Ainda, a sociedade civil pode se aproximar da comunidade de forma que esta seja
mais efetiva na cobrança pela implementação das ações identificadas pela Agenda
Local e na realização de campanhas de conscientização.
Contando com a participação ativa
dos parceiros, a Agenda 21 Local tratará, assim, de assuntos específicos de
cada territorialidade abordando temas cujas decisões estão em sua esfera de
atuação. Desta forma, cria-se harmonia entre as competências e o apoio mútuo na
formulação e implementação de ações para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: www.mma.gov.br
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