A importância das áreas verdes urbanas


É conhecido que, nas médias e grandes cidades, onde a devastação da vegetação original cedeu lugar à área urbana, comportando construções, ruas e avenidas, aconteceram alterações no microclima. Em cidades onde grandes transformações no ambiente original não ocorreram somente em áreas urbanas, mas também nas áreas rurais circundantes, as alterações se tornaram ainda mais evidentes. Além disso, em zonas urbanas não privilegiadas por projetos de arborização, elaboração e manutenção de áreas verdes (entendendo-se aí as áreas que comportam vegetação arbórea, praças, parques e jardins públicos), as mudanças no microclima se tornaram ainda mais perceptíveis, sobretudo em se tratando da temperatura do ar, que se tornou mais elevada.
Muitas já são as pesquisas que apontam as áreas verdes urbanas como construções capazes de manter mais estáveis as temperaturas do ar, como também de trazer contribuições em relação a outras funções ambientais, além de proporcionarem proveitos de caráter social, estético, educativo e psicológico para as populações.
Em relação às demais funções ambientais, menciona-se que as áreas arborizadas e ajardinadas de uma cidade tornam-se atrativas para a fauna, uma vez que oferecem abrigo e alimento (isso, sobretudo, quando a área for composta por vegetação nativa). Assim, também se transformam em espaços de cultivo, preservação, apreciação e ambiente para pesquisas da flora local e para exibição de exemplares exóticos. Além disso, tais regiões verdes da cidade constituem-se de ambiente para uma maior captação das águas pluviais.
Em relação ao aproveitamento de praças, parque e jardins públicos no que diz respeito ao seu caráter social, é importante mencionar que também se transformam em espaços para práticas esportivas e de lazer. Flávio Robba e Silvio Soares Macedo, no livro intitulado Praças Brasileiras, de 2002, tratando especificamente das praças nacionais, que são em sua maioria ajardinadas, lembram que as mesmas são palcos de eventos culturais, ações de cunho social, manifestações políticas e atividades comerciais.
Esteticamente, a contribuição das áreas verdes está relacionada ao embelezamento das cidades. Educacionalmente, porque estes espaços podem ser utilizados para educação ambiental, estimulando para a prática do cultivo e preservação da flora, fauna, solo e recursos hídricos, despertando para questões relacionadas à biologia, paisagismo, jardinagem, artes e arquitetura.
Por fim, em se tratando de ambiente que assume funções psicológicas, pode-se dizer que as áreas verdes desempenham este papel graças a todos os benefícios que proporcionam, sobre o homem, quando este entra em contato com a natureza.
No Brasil ainda é o poder público o grande construtor e mantenedor das áreas verdes para uso coletivo. Porém, dadas as dimensões que assumiram muitas das cidades brasileiras, em algumas delas os problemas decorrentes da saúde, educação, transporte e saneamento acabaram se tornando prioritários nos planos de administração e investimentos em embelezamento das cidades ficaram em segundo plano. Por outro lado, citando novamente Robba e Macedo, os espaços verdes urbanos poderiam beneficiar as administrações municipal, uma vez que ocasionam uma boa impressão da gestão, sobre os cidadãos.
“A grande visibilidade do espaço livre público urbano e sua importância dentro da cidade transformaram parques e praças em objetos de veiculação de propaganda política. O poder público, atualmente o principal agente produtor e gerenciador de espaços livres urbanos, pode ser, com essa política, o maior beneficiado. Uma política séria de criação e manutenção dos espaços públicos da cidade tem um efeito muito positivo na aprovação da administração pela opinião pública”, reforçam os autores mencionados. Cidades onde existem investimentos em embelezamento e preocupações em transformá-las em ambientes agradáveis de se viver também se tornam atrativas a trabalhadores e empreendimentos de diferentes ordens, estratégias que compõe as ações do “marketing urbano”. A iniciativa privada, no Brasil, pouco está desperta para os impactos ambientais, políticos, sociais e até mesmo de marketing que a implantação e manutenção de áreas verdes podem ocasionar.
Contudo, é importante mencionar que, atualmente, qualquer ação voltada à construção e manutenção de espaços arborizados e ajardinados urbanos, seja da iniciativa pública ou privada, precisa ocorrer em conexão com ações de caráter participativo e educativo, uma vez que a construção de ambientes para usufruto coletivo deve acontecer em consonância com as próprias necessidades e desejos das comunidades. O aspecto participativo, além de garantir a adequação dos projetos às demandas coletivas, constitui-se de prática que educa para a preservação e manutenção das construções. 

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