O PERIGO DA ÁGUA DE LASTRO DOS NAVIOS


Água de lastro é a água do mar ou do rio captada pelo navio para garantir a segurança operacional do navio e sua estabilidade. Após o surgimento dos navios construídos com aço, a água de mar passou a ser utilizada para manter o calado do navio. Assim, a água utilizada com este objetivo passou a ser chamada de água de lastro. Os tanques são preenchidos com maior ou menor quantidade de água para aumentar ou diminuir o calado dos navios durante as operações portuárias.
Porque os navios utilizam água de lastro
O uso de lastro tem por objetivo aumentar ou diminuir o calado do navio durante a navegação para garantir sua segurança. Além disso, durante a viagem o navio consome combustível e água. Assim, ocorre uma diminuição do seu peso que consiste redução do seu calado carregado, permitindo que o leme e parte do hélice fique fora d’água prejudicando a manobrabilidade e governo do navio. Além disso, a água de lastro tem por objetivo garantir a estabilidade do navio enquanto navegando e durante o processo de carga e descarga.
Porque a água de lastro pode ser um problema para o meio ambiente
A emissão de água de lastro com organismos patogênicos e exóticos como uma poluição, já que gera danos à flora e fauna da região costeira e ainda pode trazer doenças à população e gerar impactos econômicos e sociais. Isso ocorre, porque, quando o navio capta água no porto doador (porto de partida) geralmente despeja essa água no porto de destino (porto receptor). Assim, os tanques podem conter no lastro uma mistura de águas de diferentes locais. Empresas marítimas internacionais estimam que aproximadamente 65.000 navios transoceânicos estejam operando atualmente. Isto significa há um transporte de aproximadamente 5 bilhões de m3 de água de lastro por ano e que 3.000 espécies de microorganismos podem ser transportadas na água de lastro de navios.
A água de lastro, utilizada em navios de carga como contra-peso para que as embarcações mantenham a estabilidade e a integridade estrutural, é transportada de um país ao outro, e pode disseminar espécies "alienígenas" potencialmente perigosas e daninhas.
Algumas das espécies exóticas se tornaram pragas em países distantes de seus hábitats naturais, podendo alterar o equilíbrio ecológico local, e causar impactos negativos na pesca, na aquicultura e em outras atividades econômicas. Isto ocorre porque em novos ambientes, alguns organismos ficam livres dos predadores naturais, e em condições favoráveis acabam dominando a fauna local.
A International Maritime Organization da ONU estima que em 1939, 497 espécies exóticas haviam sido introduzidas em ecossistemas de todo o mundo. Entre 1980 e 1998, esse número subiu para 2.214 espécies. Um bom exemplo de organismo exótico que foi transportado pelos ambientes costeiros de todo mundo é o vibrião colérico, que foi um grande problema nas décadas de 70 e 80, que ainda afeta a Índia. Outro invasor conhecido é o mexilhão zebra (Dreissena polymopha) introduzido nos Grandes Lagos nos Estados Unidos. Hoje, esta espécie infesta mais de 40% das águas continentais americanas e causa impactos econômicos severos, principalmente para os setores elétrico e industrial, pois este molusco coloniza massivamente os encanamentos e as passagens de água.
Para se ter idéia da gravidade dos problemas com espécies exóticas, estima-se que somente os Estados Unidos tem o prejuízo de 138 milhões de dólares por ano, incluindo-se os prejuízos e gastos com controles de espécies exóticas aquáticas e terrestres.
A maré vermelha que ocorreu em Guaraqueçaba, litoral do Paraná, causando mortandade de peixes e causando sérios problemas para a população local, foi causada por algumas espécies de microalgas exóticas. Embora não existam evidências, é provável que estas espécies tenham alcançado nossos ambientes através da água de lastro.
Curiosidades
• Navios mercantes transportam mais que 80% das commodities mundiais e são essenciais para a economia mundial.
•Um cargueiro com capacidade de 200.000 toneladas pode carregar mais de 60.000 toneladas de água de lastro.
•Todos os navios cargueiros necessitam da água de lastro e não existem produtos substitutos para o lastreamento.
•A IMO estima que 12 bilhões de toneladas de água de lastro são transportadas anualmente ao redor do mundo.
•A IMO estima que cerca de 4.500 espécies são transportadas pela água de lastro pela frota mundial a qualquer momento.
•A cada 9 semanas uma espécie marinha invade um novo ambiente em algum lugar do globo.
•O transporte de bens por navios tem aumentado constantemente, e novos destinos tem sido alcançados.
•As espécies marinhas exóticas são consideradas uma das quatro ameaças aos nossos oceanos.
 

Comentários

  1. O problema das espécies exóticas é algo sério e que tem que receber a devida atenção. Muitas vezes, como no caso do lastro, os organismos são transportados sem que os tripulantes saibam e aí mora o maior risco. O essencial é, além de conscientização sobre manobras para usar o mínimo possível do lastro, com novos modelos para isso, elaborar métodos eficientes e ambientalmente saudáveis de tratamento dessas águas.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas