Impacto Ambiental dos Cemitérios
Desenvolver atividades com o
mínimo de impacto possível é um desafio na atualidade. Para que não contaminem
as águas subterrâneas os cemitérios devem seguir normas e devem ser instalados
em locais apropriados.
Foram verificados vários fatores
com monitoramento do efluente, qualidade das águas e possível transporte de
elementos químicos, bactérias e vírus.
De acordo com o estudo, as
sepulturas com menos de um ano, localizadas próximas ao lençol freático são as
principais fontes de contaminação das águas subterrâneas. Foi registrada
ocorrência de bactérias e consumo de oxigênio nas águas.
A condutividade elétrica das
águas também aumentou devido ao acréscimo de sais minerais. Nas águas próximas
das sepulturas houve aumento também na concentração de íons maiores
bicarbonato, cloreto, sódio e cálcio, e dos metais ferro, alumínio, chumbo e
zinco.
Os
cemitérios e o ambiente
O sepultamento ou enterramento
dos corpos humanos parece remontar a 100 mil anos antes da nossa era. A partir
dos 10 mil anos a.C., as sepulturas são agrupadas e, assim, aparecem os
primeiros cemitérios com túmulos individuais e sepulturas coletivas.
A palavra cemitério, do grego
koimetérion, “dormitório”, pelo latim coemeteriu, significa recinto onde se
enterram e guardam os mortos. Com o advento do cristianismo o termo tomou o
sentido de “campo de descanso após a morte”. Os cemitérios também são
conhecidos pelos seguintes termos ou expressões: necrópole, carneiro,
sepulcrário, campo santo, cidade dos pés juntos, última morada e outros.
Só se pode falar realmente em
cemitérios a partir da Idade Média européia, quando se enterravam os mortos nas
igrejas paroquiais, abadias, mosteiros, conventos, colégios, seminários e
hospitais. Foi somente a partir do século XVIII, que a palavra começou a ter o
sentido atual, quando por razões higiênicas, os sepultamentos voltaram de novo
a ser feitos ao ar livre, em cemitérios campais localizados o mais longe
possível das áreas urbanas.
Impactos
ambientais
Os cemitérios são um risco
potencial para o ambiente. No Brasil, quase sempre, a implantação dos mesmos
tem sido feita em terrenos de baixo valor imobiliário ou com condições
geológicas, hidrogeológicas e geotécnicas inadequadas. Este cenário poderá
propiciar a ocorrência de impactos ambientais (alterações físicas, químicas e
biológicas do meio onde está implantado o cemitério) e fenômenos conservadores,
como a saponificação.
Os impactos ambientais são mais
frequentes nos cemitérios públicos, os quais, em geral, são implantados e
operados de forma negligente. Os impactos ambientais são classificados em duas
categorias:
O impacto físico primário -
ocorre quando há contaminação das águas subterrâneas de menor profundidade (aquífero
freático) e, excepcionalmente, das águas superficiais.
O impacto físico secundário -
ocorre quando há presença de cheiros nauseabundos na área interna dos
cemitérios provenientes da decomposição dos cadáveres. Segundo os tanatólogos
(estudiosos da morte), os gases funerários resultantes da putrefação dos
cadáveres são o gás sulfídrico, os mercaptanos, o dióxido de carbono, o metano,
o amoníaco e a fosfina. Os dois primeiros são os responsáveis pelos maus
odores. O vazamento destes gases para a atmosfera de forma intensa deve-se à má
confecção e manutenção das sepulturas (covas simples) e dos jazigos
(construções de alvenaria ou concreto, enterradas ou semi-enterradas).
Contaminação
das águas subterrâneas
A decomposição ou putrefação de
um corpo compreende várias fases, das quais a fase humorosa ou coliquativa
(dissolução pútrida das partes moles do corpo) é a mais preocupante em termos
ambientais. É nesta fase (duração de dois ou mais anos) que ocorre a liberação
do líquido humoroso (liquame, putrilagem), também conhecido por necrochorume,
por analogia com o chorume, líquido proveniente da decomposição bioquíma dos
resíduos orgânicos dispostos nos aterros sanitários.
O necrochorume é um líquido
viscoso, de cor acinzentada a acastanhada, cheiro acre e fétido, polimerizável
(tendência a endurecer), rico em sais minerais e substâncias orgânicas
degradáveis, incluindo a cadaverina e a putrescina, duas aminas tóxicas, também
conhecidas como alcalóides cadavéricos.
No caso de pessoas que morrem com
doenças infecto-contagiosas, para além de outros microorganismos, podem estar
presentes no necrochorume os patogênicos, como bactérias e vírus, agentes
transmissores de doenças (febre tifóide, paratifóide, hepatite infecciosa e
outras) responsáveis pela causa mortis.
Os especialistas são unânimes que
o perigo do necrochorume é devido aos microorganismos patogênicos, aos seus
riscos infecciosos. Pela ação das águas superficiais e das chuvas infiltradas
nas sepulturas ou pelo contato dos corpos com as águas subterrâneas (aquífero
freático), o necrochorume pode atingir e contaminar estas águas. Se as mesmas
fluírem para a área externa do cemitério e forem captadas através de poços
escavados por populações que vivem no entorno, estas poderão correr sérios
riscos de saúde.
Há registros de casos históricos
sobre a contaminação das águas subterrâneas pelo necrochorume proveniente da
decomposição dos corpos sepultados em cemitérios e que se destinavam ao consumo
humano. Segundo La Cuesta (tanatólogo espanhol), um corpo com 70 kg libera, em
média, cerca de 45 litros (valor teórico) de necrochorume.
A
saponificação
A saponificação (fenômeno
conservador), também conhecida por adipocera (gordura de aspecto céreo), ocorre
quando o corpo é sepultado em ambiente úmido, pantanoso. O solo argiloso,
poroso, impermeável ou pouco permeável, quando saturado de água, facilita a
saponificação. Logo, este solo não é recomendável para sepultamentos.
A saponificação (fenômeno
conservador), também conhecida por adipocera (gordura de aspecto céreo), ocorre
quando o corpo é sepultado em ambiente úmido, pantanoso. O solo argiloso,
poroso, impermeável ou pouco permeável, quando saturado de água, facilita a
saponificação. Logo, este solo não é recomendável para sepultamentos.
Em geral, a formação da adipocera
leva cinco a seis meses após a morte e o corpo saponificado fica com aspecto
untoso, com odor de queijo rançoso. O fenômeno é comum nos cemitérios
brasileiros, tendo como causa a invasão das sepulturas por águas superficiais e
subterrâneas. Enquanto persistir a causa, o corpo ficará saponificado. Esta
situação cria sérias dificuldades no que tange ao reuso das sepulturas,
principalmente, nos cemitérios municipais com grande número de sepultamentos diários.
O problema poderá ser resolvido mudando o corpo para uma sepultura seca ou
cremando o mesmo.
A saponificação cadavérica tem
grande importância médico-legal e pericial, pelo fato da conservação do corpo
permitir a identificação do mesmo pelos traços fisionômicos e pelas impressões
datiloscópicas.
Resolução
CONAMA
Pela Resolução CONAMA (Conselho
Nacional de Meio Ambiente) de 28 de maio de 2003, os cemitérios horizontais e
verticais a serem implantados no Brasil terão que requerer licença ambiental
para funcionarem. A Resolução estabelece critérios mínimos que devem ser
integralmente cumpridos na confecção dos projetos de implantação, como forma de
garantir a decomposição normal do corpo e proteger as águas subterrâneas da
infiltração do necrochorume. Os cemitérios já existentes tiveram 180 dias após
aquela data para se adequarem às exigências junto dos órgãos ambientais
competentes. Poucos cemitérios atenderam à solicitação do CONAMA. Cabe informar
que o não cumprimento da Resolução implicará em sanções penais e
administrativas.
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
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