O futuro de nossas compras e das sacolinhas plasticas
O futuro das nossas compras está
nas mãos de uma polêmica de difícil desfecho. O centro da discórdia é a
sacolinha plástica, tão antiga nos supermercados quanto o carrinho ou o caixa
registrador. De um lado, os ambientalistas apontam as sacolinhas como vilãs do
meio ambiente. Elas demorariam séculos para se decompor quando descartadas em
aterros. Muitos sacos ainda acabam nos rios e entopem os mares de lixo. Elas se
acumulam em ilhas no meio oceano, matam golfinhos e outros animais marítimos
por asfixia. Mas há também quem defenda sua permanência. Os fabricantes de
plástico afirmam que 100% das sacolinhas são reutilizadas quando chegam à sua
casa. Se não para armazenar os resíduos, servem de embalagem de sapato para
colocar na mala. Ou para proteger um braço engessado na hora do banho. Ou até
para fazer bolsa de gelo.
Na semana passada, o governo de
São Paulo fez um acordo com os grupos de varejo do estado. Eles querem abolir
os saquinhos plásticos das lojas até o final do ano – e substituí-los por
ecobags (as sacolas retornáveis de ráfia, algodão ou mesmo de… plástico). Ou
por sacolas biodegradáveis feitas de amido de milho. Algumas cidades, como Belo
Horizonte, transformaram a medida em lei. Desde meados de abril, é proibido
distribuir sacolinhas plásticas nos supermercados da capital mineira. Foi
suficiente para gerar uma boa polêmica. Primeiro porque a restrição mexe no
bolso do consumidor. A ecobag sai por R$ 1,98. Cada sacola de milho custa R$
0,19. É muito quando multiplicado pela quantidade de embalagens necessárias
para uma compra maior. Segundo porque o saquinho biodegradável não tem se
mostrado tão eficiente. Além de não aguentar o peso que promete (6 quilos), ele
não conseguiria se decompor no prazo de seis meses.
A pergunta que fica é: a melhor
alternativa às sacolinhas plásticas de petróleo é mesmo a feita com amido de
milho? O Brasil ainda não produz este tipo de embalagem. Os saquinhos
biodegradáveis vêm dos Estados Unidos. A Unicamp tem projetos nesta área, mas
não há escala industrial. Quanto o transporte deste material emite de gases
causadores do efeito estufa (e das mudanças climáticas)? A pegada de carbono do
saco de milho é menor do que a da embalagem de petróleo, feita com um recurso
não renovável?
Eu nunca vi esta conta. Você já viu?
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