Nascentes: Protegidas e Recuperadas
A ÁGUA NO
AMBIENTE
A água é um componente
fundamental na dinâmica da natureza, participa de praticamente todos os ciclos
de vida e atividades humanas existentes no planeta.
A ciência já demonstrou que a
vida se originou na água e que ela constitui a matéria predominante nos
organismos vivos, portanto, nada sobrevive sem ela. As formas de vida da
sociedade atual não podem dispensar o uso da água, uma vez que além de ser o
solvente universal, a água é vital para o homem e os animais. É fator limitante
para atividades como irrigação, navegação, higiene, geração de energia e
processos industriais.
Em que pese a sua importância,
menos de 1% do total da água doce se encontra em locais mais facilmente
disponíveis para o homem, como nascentes, rios, lagos e aquíferos de
subsuperfície.
É necessário considerar que, se a
água está escassa em quantidade em muitos locais, poder estar abundante e pobre
em qualidade em outros locais. Com as mudanças constantes de disponibilidade,
para um determinado uso e local ela pode chegar à escassez extrema, inclusive
qualitativamente, caso ocorram perturbações em seu ciclo.
Para entender de onde vem a água,
primeiro é preciso saber que a água existente no planeta não aumenta nem
diminui.
Ela se movimenta em um ciclo,
modificando seu estado.
Este caminho percorrido é chamado
de ciclo hidrológico, conforme descrito a seguir.
A água evaporada do solo, dos
mares, lagos e rios além da água transpirada pelas plantas por ação do calor e
do vento, se transformam em nuvens. Essas nuvens dão origem à precipitação,
popularmente conhecida como chuva. Uma parte desta chuva infiltra no solo,
outra escorre sobre a terra retornando para os lagos, rios e mares. A água da
chuva que infiltra no solo abastece o lençol freático que se acumula em função
de estar sobre uma camada impermeável.
Quando ocorre o afloramento da
camada impermeável ou do lençol freático surgem as nascentes.
O MEIO
RURAL E A ÁGUA
É necessário considerar que a
água é essencial para as diferentes formas de vida, é um recurso que cada vez
mais sustenta distintas atividades do meio rural.
Neste sentido, pode-se afirmar
que particularmente para o agricultor familiar, mais do que qualquer outra
categoria de produtor, a água adquire um caráter de importância ainda maior
pelas seguintes razões: garante a qualidade de vida da família, já que um
percentual elevado destes produtores reside no meio rural; possibilita o
aumento dos ganhos através de atividades típicas da agricultura familiar, tais
como a irrigação, a bovinocultura de leite, a piscicultura e a produção de
animais como aves e suínos.
Por outro lado, a disponibilidade
de água, no que se refere aos aspectos qualidade e quantidade tem uma
expressiva dependência da sua interação com o solo. Esta interação governa grande
parte dos processos de contaminação e de depuração da água, da recarga dos
aquíferos e, por consequência, das nascentes, rios e lagos, bem como do
fenômeno da erosão hídrica.
Por sua vez a erosão hídrica é
agente de contaminação das águas de superfície e do soterramento de nascentes.
A interação água-solo é
influenciada pelas condições de superfície do solo, particularmente a sua cobertura
e pela capacidade do solo em infiltrar a água. É desejável que os solos tenham condições
de infiltrar toda a água da chuva, evitando assim a formação de fluxo
superficial, uma vez que onde há água em movimento, há sedimento sendo
transportado e, por consequência, a possibilidade de contaminação.
Um aspecto importante da
interação água-solo é a função de filtro que o solo exerce, se constituindo num
depurador natural da água. Por ser o solo um meio poroso e suas partículas
(argilas e húmus) apresentarem propriedades eletrostáticas, a água que infiltrar
e percorrer esta porosidade poderá ser filtrada.
COMO
PLANEJAR O USO DO SOLO AGRÍCOLA
A microbacia é uma unidade
geográfica que resulta da divisão do espaço com características ambientais
interdependentes (unidades fisiográficas). O uso da divisão do espaço em microbacias
é o mais apropriado e o que mais se ajusta ao planejamento de ações para a correção
de problemas ambientais.
No espaço de uma microbacia
(pequena bacia), há uma porção de terras aonde o escoamento da água deriva para
uma rede de canais coletores, que por sua vez derivam para uma bacia de
captação maior. Essa unidade geográfica, que inclui a existência de cabeceiras ou
nascentes é limitada por divisores topográficos (topos de morros ou elevações)
que separam a água da chuva precipitada entre duas microbacias adjacentes.
O uso da microbacia como
estratégia de manejo da água e do solo, é justificada por diversos autores,
porquê:
- favorece a organização e a
participação dos produtores, da comunidade e das instituições governamentais e
não governamentais;
- facilita a integração entre
propriedades rurais, integração das lavouras com o sistema viário, integração
do espaço urbano com o rural e integração de ações e práticas de manejo e
conservação da água e do solo.
Outro aspecto importante a ser
considerado é que é na microbacia onde ocorrem o plantio e a colheita de
culturas, a criação de animais, a construção de estradas, etc., o que torna
esta unidade geográfica altamente sensível aos efeitos destas intervenções
sobre a ecologia, a biodiversidade, a hidrologia e a ciclagem geoquímica de
nutrientes. Há uma relação direta entre as práticas de manejo e os impactos
ambientais. A água por estar sempre em movimento, não se pode recuperar de
maneira eficiente, somente na nascente ou em um segmento do rio, sendo
necessário levar em consideração a microbacia como um todo.
A água é um indicador seguro da
forma e dos cuidados com que o homem está manejando os recursos naturais, uma vez
que suas características físico-químicas refletem a qualidade das intervenções
que estão sendo feitas no ambiente, particularmente no solo desta microbacia.
AÇÕES
PARA PROTEGER A ÁGUA
É necessário ainda observar que
as nascentes estão sob a influência de uma área de contribuição da microbacia.
No processo de recuperação de nascentes devem ser desenvolvidas, mo mínimo, as
ações descritas a seguir.
AUMENTO
DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO NO SOLO
Considerando que a nascente
desejável é aquela que fornece água de boa qualidade, abundante e contínua,
fica evidente que o solo de uma microbacia deve ter uma permeabilidade tal que
possibilite infiltrar a maior quantidade possível de água da chuva, evitando
que esta escoe sobre o solo. A infiltração possibilita o armazenamento de água
nos aquiferos de superfície. Com este armazenamento, a água dos aquiferos é
liberada aos poucos para os cursos d´água através das nascente. Por outro lado,
a cobertura permanente do solo por plantas ou resíduos vegetais, além de conter
o escoamento superficial favorece a infiltração da água no solo, minimiza as
perdas de água por evaporação e auxilia a sua depuração, em face da capacidade
de filtro que o solo possui.
PROTEÇÃO
DAS ÁREAS CILIARES ÀS NASCENTES E RIOS E A COBERTURA VEGETAL
A proteção das áreas ciliares às
nascentes e rios através da reposição da floresta nas áreas de preservação
permanente (APP) e em outras áreas das propriedades rurais são fundamentais na
proteção e produção de água.
Considerando o valor da água,
inclusive econômico, e a contribuição das APP e das reservas florestais, para a
qualidade e quantidade da água, ao contrário do que possa parecer, não se constituem
em espaço perdido ou sem função de produção; ao contrário, tem papel relevante
dentro da propriedade. Assim, a preservação e a recuperação da APP e a
manutenção de áreas florestadas não deve ser entendida como medida para atender
a legislação, mas uma ação imprescindível para a manutenção da vida.
CONTROLE
DA EROSÃO HÍDRICA
A diminuição dos efeitos da
enxurrada, por meio de sistema de terraceamento corretamente dimensionado, a
readequação de estradas em bases conservacionistas e a contenção das águas
pluviais do meio rural, são ferramentas fundamentais no controle da erosão
hídrica.
Geralmente os solos de uma
microbacia não possuem permeabilidade que possibilite infiltrar toda a água da
chuva, por melhor que seja o manejo. Nas chuvas de elevada intensidade haverá a
formação de enxurrada e, por consequência o carreamento de sedimentos e
contaminantes para as nascentes e cursos d’água.
Faz-se necessário conter a
enxurrada para que sejam proporcionados os seguintes benefícios:
- controle da contaminação das
águas das nascentes e rios, contribuindo com a disponibilidade da água no
aspecto qualidade;
- controle do soterramento de
nascentes e assoreamento dos rios, contribuindo com a disponibilidade da água no
aspecto quantidade;
- aumento do volume de água infiltrada
no solo uma vez que será contido no canal dos terraços, contribuindo com a
disponibilidade da água nos aspectos quantidade e qualidade proporcionada pela
função depuradora que o solo possui.
CONTROLE
DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL
O uso racional de agrotóxicos, o
manejo de pragas e invasoras, a destinação correta de embalagens, a implantação
de abastecedouros comunitários, o gerenciamento adequado de efluentes
domésticos e industriais, o destino correto do lixo e esgotos são práticas que
auxiliam na qualidade ambiental.
Os compostos químicos presentes
em muitos agrotóxicos não são eliminados pela fervura, cloração ou filtragem, é
importante evitar que seus resíduos cheguem às nascentes e cursos d’água.
A implantação de sistema de
terraceamento e a readequação de estradas em bases conservacionistas cumprem também
a função de evitar que agrotóxicos utilizados nas microbacia, alcancem as
nascentes e rios através de enxurradas que se formarem nas lavouras e estradas.
TIPOS DE
NASCENTES
Se a nascente é originada devido
ao encontro de camadas impermeáveis com a superfície do solo, normalmente em
encostas de morros, serras ou partes elevadas do terreno, têm-se as chamadas
nascentes de encosta. Quando o lençol freático aflora a superfície, normalmente
nas baixadas, surgem as nascentes difusas em áreas saturadas ou brejos.
Nas partes mais baixas do terreno
ocorre o armazenamento da água infiltrada, o que faz com que o nível do lençol freático
suba até a superfície provocando o encharcamento do solo. Este encharcamento
propicia o surgimento de um grande número de pequenas nascentes espalhadas por
todo o terreno, as quais são conhecidas como difusas e ocorrem principalmente
nos brejos e matas localizadas nas partes baixas do terreno. As nascentes podem
ser perenes (de fluxo contínuo) ou temporárias (de fluxo sazonal).
Como a nascente é o afloramento
de um aquífero subterrâneo, pode-se dizer que a sua perenidade ou não, assim como
a sua vazão, é dependente da eficiência com que o aquífero está sendo
recarregado, independente da natureza do aquífero.
A perenidade e a vazão da
nascente é dependente da forma como os recursos naturais - solo e florestas -
são manejados, no que diz respeito à infiltração da água da chuva e ao controle
do escoamento superficial.
COMO
RECUPERAR AS NASCENTES
No passado havia o entendimento
de que as nascentes podiam ser abertas e protegidas apenas com a construção de caixas
ou pequenas barragens abertas diretamente sobre o olho da água, para manter as
condições de escoamento e captação da água. A consequência desta prática era a
ramificação da nascente transformando o local em um banhado devido ao
assoreamento por deposição de sedimentos (terra e resíduos orgânicos) sobre a
nascente. A técnica descrita neste manual, permite o aproveitamento ou o livre
escoamento da água.
PREPARO
DA ESTRUTURA DE CONSERVAÇÃO DA FONTE
Conservação passo a passo em
nascentes que estão localizadas em encostas ou nascentes não difusas.
Limpeza
do local
Primeiramente deve ser realizada
a limpeza manual do local com a abertura de uma vala para escoamento da água, que
está represada. Para essa finalidade utilizar ferramentas manuais, evitar ao
máximo danos à vegetação local e não utilizar máquinas ou veículos.
Em segundo lugar é realizada a
limpeza da nascente, para que a água corra livremente, nesta etapa é retirada
toda a terra assoreada sobre a nascente, juntamente com folhas e raízes, chegando
em terra firme. Deixar espaço aberto para o preenchimento posterior da caixa de
coleta que será formada pela pequena barragem feita com solo-cimento.
Preparo
do solo-cimento
Do mesmo local onde é retirada a
terra da limpeza do olho de água a ser recuperado, separa-se o solo para o
preparo da mistura solo-cimento que será utilizado para cobrir a nascente em
momento posterior.
Enquanto ocorre a limpeza da
nascente peneira-se a terra e misturando com cimento e água até dar liga, para
obtenção do solo-cimento. A terra tem que ser argilosa e a mistura em geral, é
de cinco partes de solo peneirado para 1 parte de cimento.
O solo-cimento é uma tecnologia
barata, de simples aplicação e já vem sendo divulgada a mais de três décadas no
Paraná.
É um material alternativo e de
baixo custo utilizam solo argiloso, cimento e água. A massa permite que o
trabalho seja realizado dentro da água pelo próprio trabalhador rural, não
necessitando mão de obra especializada.
Construção
da estrutura de proteção
Coloca-se uma camada da massa de
solo-cimento sobre o fundo, e sobre esta, o primeiro cano a ser colocado que é o
de 100 mm. O comprimento do cano dependerá da profundidade do buraco escavado
na encosta (varia entre 1 metro a 1 metro e meio). Ficará aberto até o término
da construção, pois permite que a água, fique escoando sem atrapalhar o
desenvolvimento do trabalho. Após o término da construção, o mesmo será tampado
e utilizado para a limpeza da nascente.
Após a instalação do cano de
limpeza (cano de 100 mm), coloca-se no mesmo nível, o cano de saída da água
para o uso local (reservação, distribuição) ou liberação para o córrego. Este
cano pode ser de 25, 32 ou de 50 mm dependendo do uso e volume de água
produzido.
Reservatórios para uso da água,
devem estar fora da área da nascente, em caixas de PVC, evitando o represamento
sobre o olho da água e permitindo que o fluxo de água corra livremente.
Após a colocação do cano de
coleta de água e mais algumas camadas de solo-cimento, são colocados os canos que
funcionarão como “ladrões”. São canos de 50 mm, os quais servirão para o
escoamento do excesso de água e evitar o rompimento da barragem. O número e a
altura dos ladrões variam conforme o fluxo da nascente.
Quanto maior a vazão maior o
número de canos “ladrões” e menor a altura de colocação desses em relação ao
cano de coleta.
Com a barragem pronta,
providencia-se o preenchimento da caixa de coleta, ou seja, do espaço onde foi
retirada terra do assoreamento.
O enchimento poderá ser feito com
pedras, seixos grossos ou brita grossa. Esse material poderá ser desinfetado por
meio do uso de água sanitária antes de serem colocados no local.
Após o assentamento das pedras é
colocado o cano de tratamento que será utilizado para desinfecção do interior da
nascente de tempos em tempos, com a utilização de água sanitária em dosagens
pequenas. Finalmente é realizado o fechamento total com solo-cimento protegendo
a nascente de possíveis assoreamentos futuros.
Desinfecção
– como fazer corretamente
A desinfecção deve ser feita
somente se houver o reaproveitamento da água para abastecimento. Pode se feita
da seguinte forma:
- fechar todos os canos de saída
de água da nascente;
- colocar uma quantidade pequena
de água sanitária (50 a 100 ml);
- aguardar cerca de 2 horas e
abrir o cano de limpeza (cano de 100 mm);
- repetir o processo de
fechamento e abertura dos canos até que a água sanitária saia totalmente.
- A cada 6 meses ou quando houver
indicação de contaminação ou devido a presença de fezes humanas ou de animais,
no entorno, realizar a desinfecção.
- Pode-se realizar a limpeza
também, quando se percebe que partículas de terra estão aparecendo no
reservatório, então, se tira o tampão deste cano para que a terra depositada no
fundo da nascente seja retirada.
Nascente
pronta
Quando o solo-cimento secar, são
colocadas telas de proteção nos ladrões para que não ocorra a entrada de
animais ou insetos no interior da nascente que possam contaminar a água.
Outra providência importante é a
construção de cerca no entorno da nascente (50 metros de raio, conforme a
Legislação), bem como, evitar a entrada de animais que possam contaminar a água
e destruir a vegetação da mata ciliar.
PROCEDIMENTO
PARA VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA
Finalizada a recuperação e
desinfecção da nascente, a água poderá ser utilizada para fins de potabilidade
e irrigação.
Sendo assim, é muito importante
que se verifique sua qualidade do ponto de vista microbiológico (presença de
bactérias que causam doenças), bem como se mantenha um regular monitoramento evitando
assim as desagradáveis doenças de transmissão hídrica.
As doenças de transmissão
hídrica, são aquelas em que água atua como veículo do agente infeccioso. Os
microrganismos patogênicos atingem a água através das excretas de pessoas ou
animais infectados, causando problemas principalmente no aparelho intestinal do
homem. Essas doenças podem ser causadas por bactérias, fungos, vírus,
protozoários e helmintos.
CONTAMINAÇÃO
DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS
As águas das chuvas se infiltram
no solo e alimentam as águas subterrâneas, que podem ser de lençóis rasos ou
profundos.
Os lençóis profundos se formam em
rochas porosas (arenitos e etc), cristalinas (basalto, granito, etc) e solúveis
(calcários e carbonatadas). Nestes casos, a água subterrânea circula nos poros,
nas fendas e fraturas e nos vazios da dissolução da rocha (dolinas e cavernas),
respectivamente. As águas subterrâneas profundas são mais puras e com poucos
nutrientes pois a camada de solo acaba servindo de filtro natural. As rochas e
solos arenosos são os que funcionam melhor como filtro.
Já os lençóis rasos são formados
pelo excedente das águas profundas, constituindo então os lençóis freáticos e
nascentes (zona saturada) que, por estarem mais próximos da superfície ou aflorados formando banhados,
córregos, rios e lagos, são mais suscetíveis às contaminações e às variações climáticas
(chuvas e estiagens).
As águas superficiais são
suscetíveis, em maior ou menor grau, de sofrerem contaminações periódicas por
microrganismos provenientes da atmosfera (precipitação), do solo ou de qualquer
tipo de dejeto que nelas é lançado. As populações microbianas variam em número
e em diversidade, de acordo com a fonte hídrica, com os nutrientes presentes na
água e, ainda, conforme as condições geográficas, biológicas e climáticas. As
nascentes são colonizadas quase que exclusivamente por microrganismos,
predominando as algas e bactérias. Por outro lado, a água dos rios e lagos e
mar podem apresentar uma flora e fauna diversas, incluindo, além das bactérias
e fungos, gêneros representativos de plantas e animais.
Águas de poços rasos, como de
poços profundos podem sofrer facilmente contaminações provenientes da
superfície ou do solo, se a nascente ou poço não estiverem bem protegidos.
CONTAMINAÇÃO
FECAL
A análise microbiológica em
laboratório determina se a nascente está ou não contaminada por fezes. A
análise microbiológica é um método muito sensível, e os seus resultados indicam
as condições da água no momento da coleta. Na análise é pesquisada a presença
da bactéria Escherichia coli e de coliformes termotolerantes, as quais são
micro-organismos indicadores de contaminação fecal:
A bactéria E. coli e os
coliformes termotolerantes são utilizados para avaliação da contaminação fecal
da água porque:
- são micro-organismos ou um
grupo de microrganismos presentes em grandes quantidades nas fezes de humanos e
animais de sangue quente;
- apresentam persistência na água
e resistência a desinfetantes semelhantes aos microrganismos patogênicos de veiculação
hídrica;
- são quantificáveis por métodos
laboratoriais rápidos e simples.
A importância atribuída à
presença ou ausência e o tipo de bactéria presente em uma amostra de água, se
relaciona diretamente com o grau de associação do microrganismo em fezes de
humanos e animais de sangue quente.
AMOSTRAGEM
DA ÁGUA
A amostra de água para fins de
análise microbiológica deverá ser realizada diretamente da fonte, somente em
frasco esterilizado fornecido pelo laboratório.
Após a coleta a análise deverá
ser iniciada preferencialmente de imediato ou, na impossibilidade no máximo até
24 horas. Após a coleta, deve ser mantida sob refrigeração até o início da
análise. A importância de se respeitar o prazo é para que o resultado final da
análise seja o mais fiel possível à qualidade da água na hora da coleta.
POTABILIDADE
Água potável pode ser definida
como sendo aquela usada para consumo humano, que possui características
microbiológicas, físicas, químicas e radioativas que atendam ao padrão de
potabilidade da Portaria nº 518/MS/2004, e não ofereça riscos à saúde. Deve ter
condições de ser potável por não possuir organismos patogênicos ao homem,
substâncias tóxicas e ser agradável aos sentidos do olfato e paladar. Para
garantir a potabilidade da água (de nascente, poço, do sistema de abastecimento
público), estão estabelecidos os padrões de potabilidade, com os limites de
tolerância das substâncias e microorganismos presentes na água.
Os padrões relativos à condição
microbiológica da água estão baseados na presença de bactérias do tipo
Escherichia coli ou Coliformes termotolerantes, que estão presentes em fezes de
animais de sangue quente e de humanos. Assim, a Portaria do Ministério da Saúde
nº 518, de 25 de março de 2004, determina que a água para consumo humano não
deve conter Escherichia coli ou coliformes termotolerantes em 100 mililitros de
amostra.
MANUTENÇÃO
DA QUALIDADE DA ÁGUA
Para que as nascentes recuperem
ou mantenham água de qualidade para o consumo é necessário adotar práticas
simples como:
- Não construir currais,
chiqueiros, galinheiros e fossas sépticas nas proximidades acima das nascentes,
- Não desmatar no entorno das
nascentes;
- Cercar as nascentes a uma
distância mínima de 50 metros do olho d’água, evitando a entrada do gado e
contaminação da água com o estrume;
- Utilizar adubos e agrotóxicos
só quando necessário e em quantidade recomendada mantendo distância das cabeceiras
das nascentes;
- Não usar adubos e agrotóxicos
em áreas de várzea e próximas às nascentes e rios.
RESTAURAÇÃO
DA MATA CILIAR
Para garantir a qualidade e até
aumentar a quantidade de água na nascente, deve ser plantada a mata ciliar.
A presença de mata ciliar no
entorno de nascentes, rios, córregos e lagos, é uma exigência da Lei, e o
Estado do Paraná quer garantir a sua restauração e manutenção.
Conforme o artigo 2º da Lei
Federal nº 4771/65 – Código Florestal, alterada pela Lei Federal n° 7803/89, é
obrigatória a presença de vegetação nativa nas nascentes, em um raio de 50 m.
Ao longo dos rios essa distância é de acordo com sua largura. As Áreas de
Preservação Permanentes ao redor de nascente ou olho d’água, localizada em área
rural, ainda que temporários, ou seja, só aparece em alguns períodos (na
estação chuvosa, por exemplo), deve ter raio mínimo de 50 metros de modo que
proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte.
A Lei de Crimes Ambientais 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998, conforme Artigo 39, determina que é proibido
“destruir ou danificar a floresta da área de preservação permanente, mesmo que
em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção”.
A distancia legalmente
estabelecida para a cobertura vegetal obrigatória ao longo dos corpos hídricos
é:
- 30m, para cursos d’água com
menos de dez metros de largura;
- 50m, para cursos d’água com dez
a cinquenta metros de largura;
- 100m, para cursos d’água com
cinquenta a duzentos metros de largura;
- 200m, para cursos d’água com
duzentos a seiscentos metros de largura;
- 500m, para cursos d’água com
mais de seiscentos metros de largura.
O QUE
PLANTAR
Quem não possui a mata ciliar tem
o apoio do Governo do Estado para recompor essa vegetação tão importante. Devem
ser plantadas espécies nativas da região, normalmente encontradas nas matas
ciliares onde o plantio irá ocorrer. O produtor deverá solicitar orientação
técnica para a escolha das espécies junto a EMATER ou nos Escritórios do
Instituto Ambiental do Paraná – IAP
Para o sucesso do plantio e
garantir um bom pegamento das mudas as seguintes instruções devem ser seguidas:
a) Coveamento: Após o alinhamento
e marcação do local das covas, realizar a abertura das covas no tamanho 30 x 30
x 40 cm, separando a terra dos primeiros 20 cm para ser misturada com o adubo.
b) Adubação: Dependendo da
fertilidade do solo, realizar a aplicação de adubos, referencialmente
orgânicos, para acelerar o desenvolvimento inicial das mudas.
c) Plantio: A recomendação geral
é o plantio de mudas de espécies pioneiras e secundárias tolerantes ao sol e de
crescimento rápido e em um espaçamento de 2 metros entre as linhas por 2 metros
entre covas. Existem outras alternativas de plantio, como em faixas, em ilhas e
também quando houver bastante vegetação nativa nas imediações, pode ser feito o
simples abandono da área. Procure um técnico para realizar o plantio
tecnicamente correto. O plantio correto acarretará economia de tempo e
dinheiro.
d) Irrigação: Realizar a
irrigação das mudas quando necessário.
e) Coroamento: É recomendada a
limpeza do local onde será plantada a muda. Se não houver controle das plantas
invasoras as mudas podem morrer ou não se desenvolver por faltada d’água, luz e
nutrientes.
f) Controle de formigas: As
formigas cortadeiras devem ser combatidas antes e após o plantio.
ONDE
OBTER AS MUDAS
O Governo do Paraná
disponibiliza, gratuitamente, mudas de espécies nativas de cada região para a
recomposição florestal de mata ciliar em rios, córregos, nascentes ou
reservatórios.
Os proprietários de áreas que
necessitem de recuperação florestal devem se dirigir aos escritórios de
Institutos Ambientais de seus estados.
Instituto Ambiental do Paraná,
abaixo listados, para solicitar mudas para a restauração florestal em suas
áreas.
ESCRITÓRIO REGIONAL DE CURITIBA - ERCBA
Rua Engenheiros Rebouças, 1375
Bairro Rebouças - 80215-100 –
CURITIBA
E-mail: iapcuritiba@iap.pr.gov.br
Fone: (41) 3213-3700 / Fax: (41)
3333-6508
ESCRITÓRIO REGIONAL DE CAMPO MOURÃO - ERCMO
Rua Santa Cruz, 679
CEP 87300-440 - Centro - CAMPO
MOURÃO
E-mail: iapcmourao@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (44) 3523-1915
ESCRITÓRIO REGIONAL DE CASCAVEL - ERCAS
Rua Mato Grosso, 2481 – Centro
85812-020 – CASCAVEL
E-mail: iapcascavel@iap.pr.gov.br
Fone: (45) 3222-4575/3222-1072
Fax: (45) 3223-3702
ESCRITÓRIO REGIONAL DE CORNÉLIO PROCÓPIO -
ERCOP
Rua XV de Novembro, 114
86300-000 - CORNÉLIO PROCÓPIO
E-mail: iapcornelip@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (43) 3524-2597
ESCRITÓRIO REGIONAL DE FOZ DO IGUAÇU –
ERFOZ
Av. Paraná, 801 - Esquina com Av.
Araucária
85860-290 - FOZ DO IGUAÇU
E-mail: iapfoz@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (45) 3524-4234
ESCRITÓRIO REGIONAL DE FRANCISCO BELTRÃO -
ERBEL
Rua Tenente Camargo, 1312
85605-090 - FRANCISCO BELTRÃO
E-mail: iapfbeltrao@iap.pr.gov.br
Fone: (46) 3524-3601 / Fax: (46)
3524-2613
ESCRITÓRIO REGIONAL DE GUARAPUAVA - ERGUA
Rua Brigadeiro Rocha, 1970
85010-210 – GUARAPUAVA
E-mail:
iapguarapuava@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (42) 3622-3630
ESCRITÓRIO REGIONAL DE IRATI - ERIRA
Rua Caetano Zarpellon, 19 - Rio
Bonito
84500-000 – IRATI
E-mail: iapirati@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (42) 3423-2345
ESCRITÓRIO REGIONAL DE IVAIPORÃ - ERIVA
Av. Souza Naves, 2280
86870-000 – IVAIPORÃ
E-mail: iapivaipora@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (43) 3472-4455
ESCRITÓRIO REGIONAL DE JACAREZINHO - ERJAC
Rua do Rosário, 641
86400-000 – JACAREZINHO
E-mail: iapjacarezinho@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (43) 3527-1516
ESCRITÓRIO REGIONAL DE LONDRINA - ERLON
Av. Brasil, 1115
86010-210 – LONDRINA
E-mail: iaplondrina@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (43) 3373-8700
ESCRITÓRIO REGIONAL DE MARINGÁ - ERMAG
Rua Bento Munhoz da Rocha, 16
87030-010 – MARINGÁ
E-mail: iapmaringa@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (44) 3226-3665
ESCRITÓRIO REGIONAL DE PARANAGUÁ - ERLIT
Rua Benjamim Constant, 277
83203-450 – PARANAGUÁ
E-mail:
iapparanagua@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (41) 3422-8233
ESCRITÓRIO REGIONAL DE PARANAVAÍ - ERPVI
Rua Antônio Felipe, 1100
87702-020 – PARANAVAÍ
E-mail:
iapparanavai@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (44) 3423-2526
ESCRITÓRIO REGIONAL DE PATO BRANCO - ERPAB
Rua Guarani, 1002
85501-050 - PATO BRANCO
E-mail:
iappatobranco@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (46) 3225-3837
ESCRITÓRIO REGIONAL DE PITANGA - ERPIT
Rua Dr. Orlando Araújo Costa, 142
85200-000 – PITANGA
E-mail: iappitanga@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (42) 3646-1549
ESCRITÓRIO REGIONAL DE PONTA GROSSA - ERPGO
Rua Comendador Miró, 1420
84010-160 - PONTA GROSSA
E-mail: iappontagrossa@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (42) 3225-2757
ESCRITÓRIO REGIONAL DE TOLEDO - ERTOL
Rua Guaíra, 3132
85903-220 – TOLEDO
E-mail: iaptoledo@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (45) 3252-2270
ESCRITÓRIO REGIONAL DE UMUARAMA - ERUMU
Avenida Presidente Castelo
Branco, nº 5200
87501-170 – UMUARAMA
E-mail: iapumuarama@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (44) 3623-2300.
ESCRITÓRIO REGIONAL DE UNIÃO DA VITÓRIA -
ERUVI
Rua Quintino Bocaiúva, 12
84600-000 - UNIÃO DA VITÓRIA
E-mail: iapuniaov@iap.pr.gov.br
Fone/Fax: (42) 3522-3031
ONDE
OBTER INFORMAÇÕES SOBRE COMO RECUPERAR AS NASCENTES
As pessoas interessadas em
recuperar as nascentes devem procurar:
- Escritórios locais da Emater;
- Sedes das Cooperativas
Agrícolas da região ligadas ao sistema OCEPAR;
- Escritórios Regionais do Instituto
Ambiental do Paraná;
- Escritórios locais do Instituto
das Águas do Paraná (antiga Suderhsa).
Caso as instituições acima
listadas não possuam condições operacionais de atendimento, o interessado
poderá entrar em contato com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos - SEMA, em Curitiba, para que, na medida do possível seja
possibilitado o treinamento ou a recuperação da nascente.
SEMA
Coordenadoria de Recursos
Hídricos e Atmosféricos
Rua Desembargador Motta 3384 -
CEP 80430-200
Curitiba – Paraná – Telefone:
(41) 33047742
E-mail: recursoshidricos@sema.pr.gov.br
Fonte: www.meioambiente.pr.gov.br
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