Técnica da nucleação recupera Meio Ambiente
A
recuperação ambiental de áreas degradadas através de trabalhos de Nucleação
Segundo o professor da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ademir Reis, a nucleação
consiste em induzir um determinado ecossistema a reagir e se recompor. Isso
acontece através da geração de pequenos núcleos que passam a gerar
conectividade entre si e se expandir. “A nucleação pode se dar, por exemplo,
pela implantação de poleiros e abrigos que atraiam pássaros e morcegos para uma
determinada região. Os animais vão acabar deixando sementes e possibilitar que
árvores passem a nascer sozinhas e não por plantação”, explica Ademir.
Outra técnica é buscar pequenos
blocos de terra em áreas não degradadas e implantá-los em áreas degradadas.
Junto com os blocos de terra, os locais que necessitam de recuperação recebem
minhocas, microorganismos, larvas de insetos e sementes, que passam a se
irradiar pelos espaços abertos. “As técnicas de nucleação são consideradas mais
baratas e ecologicamente mais eficientes, tendo mais sustentabilidade.”
Nucleação
conta com a ajuda de pássaros no reflorestamento
A técnica é simples e
relativamente barata. Os pássaros são fundamentais para o sucesso do projeto.
Um dos pontos mais debatidos na
discussão sobre a reforma do Código Florestal, que está no Senado, é o da
recuperação das áreas de vegetação nativa nas propriedades.
O nome assusta um pouco, mas a
técnica é simples e relativamente barata. Não se baseia só no plantio de
árvores, mas também na ideia de contar com os pássaros, um ajudante fundamental
para o sucesso do empreendimento.
Em Santa Catarina, a região
conhecida como Planalto Norte é um lugar frio, com muita mata e cheio de rios e
córregos, que fazem a viagem ganhar caminhos surpreendentes.
Pelas rodovias que cortam as
cidades, toda hora passa um caminhão carregado com toras de madeira. No lugar
está instalado um dos principais polos de indústrias de móveis do sul do país.
Por isso, há muitas florestas plantadas com árvores exóticas que não são
nativas da região. São florestas de plantio comercial.
Em Rio Negrinho, cidade que fica
a 260 quilômetros de Florianópolis, fica a empresa que cultiva pínus desde a
década de 1970. Quarenta mil hectares de árvores virarão compensado de madeira
para móveis e para a construção civil. Mas no viveiro da fazenda há aroeira,
ipê amarelo, pessegueiro bravo e outras espécies.
“Nós temos uma espécie fantástica
que é araucária, mais conhecida como pinheiro do Paraná. Hoje, está listada
como em extinção em função da exploração madeireira que teve ou da falta de controle
nessa exploração”, explica Reinaldo Langa, engenheiro florestal da empresa.
Segundo Reinaldo, o sucesso do
replantio do pinhão, a semente da araucária, depende de um detalhe simples.
“Você tem que colocar ela numa inclinação aproximadamente de 45 graus, de
maneira que a parte do embrião que vai formar a raiz já fique direcionada para
o sistema radicular. A chance de o sistema radicular formar o contrário e a
árvore entortar e quebrar na natureza é muito grande. Ela vai nascer meio
tortinha”, completa.
As mudas prontas para ir para o
campo e vão para o lugar onde o pínus foi cortado há um mês. Mas dos 30
hectares anteriores, o pínus foi replantado em 29 hectares. Um hectare foi
incorporado à APP, Área de Proteção Permanente, que já existia ao redor da
nascente do rio. A forma de reflorestamento é a nucleação.
O biólogo da Universidade Federal
de Santa Catarina, Ademir Reis, coordena a nucleação da área. Segundo o
professor Ademir, a nucleação faz a recuperação a partir de porções ou núcleos.
Daí vem esse nome.
“A nucleação tem como base sempre
a sucessão. Ela quer que haja primeiro a formação de um solo e que com o tempo
as espécies sejam recrutadas de forma a atender exatamente as condições
climáticas regionais. Num processo de plantação, existe uma ideia de pressa, de
formar isso o mais rápido possível Nem sempre esse solo está preparado para
receber essas mudas”, esclarece Reis.
O sistema de nucleação une cinco
técnicas usadas ao mesmo tempo: o plantio de mudas nativas, a transposição de
solo, a chuva de sementes, a formação de poleiros e a implantação de galharias.
No plantio de mudas nativas são
usadas dez espécies diferentes, sempre plantadas em grupos de cinco mudas de
cada espécie.
Para a transposição de solo, a
equipe vai até uma mata preservada, próximo à área a ser recuperada, e coleta
dez centímetros de camada superficial de terra. Na porção vão galhos, folhas,
fungos, bactérias, minhocas e algas, que são espécies importantes para a
fertilização do novo solo. Uma pequena clareira é aberta no lugar. Mas como a
quantidade de terra retirada é pequena, não há o risco de provocar destruição.
A chuva de sementes acontece com
a ajuda de peneiras colocadas entre as árvores. Vento, chuva e animais carregam
de um lado para outro as sementes de locais distantes e elas vão caindo na
peneira. Então, é só recolher.
Os poleiros artificiais são
feitos de bambu amarrado com cipó. Mas existem também aqueles que aproveitam
árvores que estão muito próximas das cabeceiras dos rios, por exemplo, e que,
segundo a legislação, não poderiam naquele lugar, como pínus que foram
plantados para o uso comercial que virariam madeira para móveis aos 30 anos.
Uma alternativa para eliminar os
pínus seria derrubar as árvores. Mas no lugar foi usada uma técnica chamada
anelamento. Os troncos se transformaram em poleiros naturais.
O anelamento faz um anel mesmo em
volta do tronco e a seiva que corria é interrompida. A árvore morre e vira um
local privilegiado de visão e descanso para os pássaros, como explica o biólogo
Nicholas Kaminski.
“Bem-te-vi, siriris, sabiás e até
mesmo pica-paus acabam sendo atraídos por essas árvores. Quando estão secas,
acabam dispersando sementes. Geralmente as pessoas acabam dando maior
importância àquelas espécies que são ameaçadas de extinção, espécies mais
raras, só que dentro dos processos de restauração, o principal trunfo mesmo é o
das espécies generalistas porque são elas que vão acabar preparando o ambiente
para essas espécies mais raras virem ocupar depois”, diz Kaminski.
As galharias são os montes de
galhos que servem de abrigo para roedores e cobras, que são muito bem-vindos.
Esses animais usam as galharias para estocar sementes, que acabam germinando
naturalmente.
O biólogo Ademir Reis não gosta
de dizer que a nucleação é melhor ou pior que os outros sistemas de recuperação
de florestas. Ele diz que o importante é conhecer bem as técnicas de
reflorestamento para fazer a melhor opção.
A nucleação também está sendo
usada em São Paulo. Ela é um dos métodos empregados em um projeto da Secretaria
Estadual de Meio Ambiente para recuperar um milhão de hectares em todo o Estado
e já foi aplicada em 500 hectares de matas ciliares em oito municípios.
Fonte: www.g1.globo.com
Olá Luiz,passei por aqui para ver as novidades.Vi que postou o link para a votação.Já votei com todos os e-mails. Estou torcendo por você. Acho seu trabalho muito bom. Um grande abraço.Boa Sorte.Paz e Luz!
ResponderExcluirGostei muito desta ideia da nucleação no reflorestamento. Parece ser menos trabalhosa e menos dispendiosa e o resultado final um pouco mais natural por contar com a ajuda da fauna para completar o trabalho. Parabéns por seu trabalho dedicado em prol da recuperação do equilíbrio dos ecossistemas.
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