Plantio Direto – Solução natural contra efeito estufa
Boas práticas de manejo do solo
também contribuem para o sequestro de carbono. A mais usada é a do plantio
direto, que promove o cultivo sobre a palha deixada no solo pela cultura
anterior, sem a necessidade de remoção do solo. De acordo com levantamentos de
Carlos Clemente Cerri, do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da
USP, e de Carlos Eduardo Cerri, da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luís
de Queiroz), o sistema de plantio direto desenvolvido hoje em cerca de 30% da
agricultura nacional evita a emissão de 9 milhões de toneladas de carbono por
ano no país. É quase o suficiente para compensar a emissão direta anual das
atividades agrícolas brasileiras referentes ao período de 1975 a 1995, que foi
de cerca de 12,6 milhões de toneladas por ano. O valor não inclui as emissões
provenientes da conversão de vegetação natural, que é a principal fonte de
emissões de gases-estufa do Brasil.
O modelo convencional
predominante, no entanto, ainda é o de preparação do solo com a passagem do
arado para a semeadura. Ocorre que, quando o solo é revolvido dessa maneira,
libera-se quase todo o carbono contido nele. Os microorganismos que vivem
debaixo da terra retiram da matéria orgânica sua fonte de energia e, ao se
multiplicar, emitem gás carbônico. Quando a agricultura revolve a terra, o
microorganismo sai de seu estado de latência, aumenta sua atividade, consome
mais matéria orgânica e acaba produzindo mais CO2. Na Europa, de onde o Brasil
importou o modelo de limpar a terra, esse processo não é tão problemático
porque, com temperaturas baixas, os micróbios não são muito ativos – o
contrário do que acontece no Brasil.
O plantio direto minimiza esse
impacto ao fazer pequenas aberturas no solo suficientes apenas para deslizar a
semente, deixando o resto intocado. E ainda mantém mais carbono sequestrado,
uma vez que, ao deixar os resíduos da colheita no solo, permite que os
microorganismos os decomponham. Eles retiram o carbono da matéria orgânica e o
depositam no solo.
Carlos Clemente e Carlos Eduardo
Cerri trabalham atualmente em uma série de cálculos para tentar incluir o
plantio direto em projetos de créditos de carbono.
Esse método está sendo encarado como uma das
soluções para a agricultura também em outros países, como Argentina, Canadá,
Austrália e Estados Unidos, um dos maiores adeptos da técnica. David R.
Huggins, especialista em solo da Unidade de Pesquisa do USDA (Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos), vem defendendo que a prática, se adotada em
larga escala, pode protagonizar uma revolução na preservação, ao evitar a
degradação do solo. Para ele, o uso do arado é uma das principais causas desse
problema e, por consequência, uma ameaça à produção de alimentos.
Fonte: www.revistaplantar.com.br
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