MATA DOS GODOY – UM EXEMPLO DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE


O Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG) consiste em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, constituindo um dos mais importantes remanescentes florestais do Paraná. Deve sua importância não apenas à sua extensão em área contínua de floresta, mas também ao seu estado de conservação da biodiversidade. Está localizado na Região Norte do Estado, no distrito de São Luiz, que pertence ao município de Londrina. Do centro de Londrina até o Parque a distância consiste em 18 km, aproximadamente. A Vila Regina é a comunidade mais próxima, distante apenas 5 km da Mata.
Em 5 de Junho de 1989, o PEMG foi criado pelo Decreto Estadual n° 5.130, sendo que antes fazia parte da fazendo Santa Helena, que pertencia à família Godoy. O nome do Parque, portanto, é uma homenagem aos antigos proprietários que ajudaram a conservar o fragmento.
Convém dizer que, segundo Vicente (2006), Olavo Godoy, um dos antigos proprietários, tinha vários aliados que ajudaram a garantir a preservação da Mata, dentre eles a Universidade Estadual de Londrina (UEL), escolas, Governo do Estado e a comunidade em geral.
Pode-se afirmar que o fragmento florestal foi deixado pelos Godoy em boas condições de preservação, sendo que não desmataram a parte plana que era ideal para a agricultura, pois preocupavam-se com o bem-estar da fauna e flora. Deste modo, garantiram o acesso dos animais às principais fontes de água da região, que consistem no Ribeirão dos Apertados, ao sul, e ao Córrego da Ponte Funda, ao Norte.
Vale lembrar que o Parque fazia parte da Fazenda Santa Helena, sendo que sua área hoje possui aproximadamente 690 ha, equivalendo a 690 quadras urbanas ou 690 campos de futebol (e 7,5 maior que o Parque Municipal Arthur Thomas – PMAT) . Desde a década de 80, ocorreu um grande crescimento das capoeiras, conectando a Mata a outros fragmentos. Somando a estes fragmentos, possui cerca de 2.800 ha. Tal conexão denomina-se corredor ecológico, corredor de vegetação, ou até mesmo corredor de biodiversidade. Estes corredores são de extrema importância, pois proporcionam à fauna o livre trânsito entre as áreas protegidas e, conseqüentemente, a troca genética entre as espécies.
Olavo Godoy vendeu a área para o Governo do Estado em 1989, que criou o PEMG em 5 de Junho do mesmo ano, que coincidiu com o dia mundial do meio ambiente. Vale dizer que em Outubro de 1990 foi implantado o Projeto Madeira, em duas áreas de 20 ha cada uma, paralelas até então aos limites do PEMG. O Projeto tinha como objetivo principal testar o potencial madeireiro de algumas espécies nativas e servir de modelo para agricultores da região. Deste modo, o projeto incentivava os agricultores a plantar árvores nativas como Canafístula (Peltophorum dubium), Sobrasil (Colubrina grandulosa), Gurucaia (Parapiptadenia rigida), Louro-pardo (Cordia thichotoma) e Ipê-roxo (Tabebuia avellanedae). Pode-se dizer que tal projeto demonstra a ótica capitalista que tinham na época. Não eram cientes da importância da conservação da vegetação, preocupando apenas em gerar lucro. Nos dias atuais a Mata inteira é conservada, mostrando como o modo de vista mudou.
Também foram construídos, na época do Projeto Madeira, um centro de visitantes e duas casas de guarda-parque. Em 1995 houve um investimento na infra-estrutura para visitação, sendo que a partir de então, o PEMG tem sido visitado pela população em geral.
O PEMG é um dos grandes pontos de turismo em Londrina, recebendo visitantes de outros estados e até de outros países. No Parque são apenas permitidos passeios a pé pelas duas trilhas existentes: Trilha dos Catetos, que possui 2.400 m e pode ser autoguiada; e a Trilha das Perobas, que possui cerca de 700 m, e é considerada a mais importante, pois mostra a parte mais conservada do fragmento, havendo uma maior diversidade de fauna e flora e é possível apreciar a exuberância da Mata. Esta trilha só pode ser percorrida por grupos pequenos acompanhados pelos guias que o Parque coloca à disposição dos visitantes. Convém dizer que para chegar até o início das duas trilhas, o visitante caminha primeiramente pela Trilha do Projeto Madeira citado anteriormente, onde pode-se notar as árvores supramencionadas do Projeto. No final desta trilha, o visitante chega à choupana que fica em frente das duas trilhas existentes, a dos Catetos e a das Perobas.
AS FIGUEIRAS DA MATA DOS GODOY
Ao caminhar pela trilhas das Perobas ou pela dos Catetos do PEMG é possível observar grande diversidade de flora. Porém, as árvores mais admiradas pelos visitantes são as grandes figueiras. Devido aos seus grandes tamanhos incluindo suas belas raízes as mais notáveis são a figueira-do-brejo (Ficus insipida) e a figueira-branca (Ficus glabra). Também há grande número de indivíduos de figueira mata-pau (Ficus guaranitica), porém não se destacam tanto quanto as outras espécies citadas. As figueiras são árvores longevas, sendo que as que possuem grande diâmetro e altura podem possuir centenas de anos. Algo que surpreende os frequentadores são as raízes da figueira-branca e a do brejo, denominadas raízes tabulares, cuja extensão equivale aproximadamente a sua altura, que é em média 30 metros (árvore adulta).
Assim como as outras figueiras mencionadas, a Figueira-mata-pau também compete por seu espaço. Uma ave ou morcego come o fruto de uma figueira mata-pau e defeca sua semente no galho de uma árvore, denominada árvore hospedeira. As raízes dessa semente, que são estranguladoras, descem até o chão e vão estrangulando a árvore hospedeira, matando-a, por falta de seiva e luz. Por isso que se chama figueira-mata-pau. No começo de sua vida, portanto, é epífita, e depois que consegue seu espaço matando sua hospedeira, se desenvolve no chão como as outras.

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