Homem e Meio Ambiente


Em sua evolução, o homem tornou-se a forma dominante de vida na Terra, controlando outras espécies e desenvolvendo uma tecnologia que lhe permite alterar o ambiente em que vive.
Em virtude do desenvolvimento obtido, o ser humano, antes apenas um entre os vários organismos integrantes da biosfera, assumiu o papel de interventor na natureza, explorando, exaustivamente, os recursos naturais e deteriorando a qualidade do meio ambiente.
O processo realizou-se de maneira predatória, desordenada, sem uma preocupação permanente com a escassez dos recursos naturais. Daí a deterioração da qualidade do meio ambiente e, portanto, da qualidade de nossa vida na biosfera.
O homem vive hoje em uma complexa teia de relações e interações em meio a três sistemas – a biosfera, a tecnosfera e a sociosfera. Os dois primeiros compreendem as estruturas material e energética; o terceiro, a estrutura institucional.
As comunidades organizam suas vidas sociais e suas relações com a biosfera e a tecnosfera por meio de um complexo conjunto de instituições sociopolítico, culturais, a sociosfera.
Até bem poucos anos atrás, os êxitos técnico-científicos levavam a crer que o ambiente artificial, criado pelo homem, permitiria abrir mão do ambiente natural. Esse, por sua vez, submeteria-se às manipulações humanas.
Os filmes de ficção científica dos anos 50 confirmam essa crença.
Toda a ação acontecia em cavernas, túneis cavados em rochas, salões com modernos equipamentos, foguetes, e, raramente, via-se uma área natural, com árvores e animais.
O avanço tecnológico é, no entanto, quase sempre unidimensional e compartimentado, procura resolver problemas específicos sem cogitar os efeitos secundários ou colaterais que as soluções adotadas podem acarretar à natureza.
Exemplo
O clorofluorcarbono é um bom exemplo de um avanços nocivo. Quando foi descoberto, em 1929, passou a substituir a amônia como gás de refrigeração e foi considerado maravilhoso na época, pois era incolor, insípido, inodoro, não era tóxico nem inflamável – ao contrário da amônia – e não reagia com nenhuma outra substância. Por essa última característica, passou a ser usado também como gás propelente em sprays.
Algumas décadas mais tarde, entretanto, descobrimos que, ao atingir a alta atmosfera, a molécula de clorofluorcarbono era quebrada pela radiação ultravioleta e liberava um átomo de cloro, que por sua vez provocava a destruição catalítica da camada de ozônio – que protege a Terra das radiações ultravioleta B. Cada átomo de cloro destrói até cem mil moléculas de ozônio até ser neutralizado.
Apesar de parte da humanidade viver na tecnosfera, ela não deixou de pertencer e depender da biosfera, que funciona como um sistema cuja evolução é aperfeiçoada por milhões e milhões de anos.
Nesse sistema, há um relativo equilíbrio dinâmico entre os seres vivos, entre esses e os componentes físicos e químicos do meio, todos se inter-relacionando e interagindo em um traçado cujas ligações ainda não são totalmente conhecidas.
Sabemos, contudo, que os elos dessa emaranhada teia têm importância vital para o funcionamento relativamente harmonioso do conjunto e que, se forem destruídos ou seriamente afetados, todo o sistema poderá desintegrar-se.
A partir do início da Revolução Industrial, vários desastres causados pela poluição aconteceram nos países industrializados.
Exemplo
A repetição da inversão térmica em Londres, em menor grau, em 1956, levou à aprovação da Lei do Ar Puro.
Legislação aprovada em 1956 pelo Parlamento Inglês, 4 anos após o incidente em que um intenso nevoeiro foi responsável por mais de 1.600 mortes e 20 mil casos de doenças devido à queima descontrolada de carvão em Londres. Resultado do surgimento do ambientalismo nos anos de 1950, estabelece limites para a emissão de poluentes e sobre a qualidade do ar, tendo influenciado a criação de novas leis ambientais em outros países.
Segundo essa lei, o aquecimento das casas com o carvão ficou proibido, e as indústrias foram obrigadas a adotar medidas de controle da poluição do ar.
Desde o início da Revolução Industrial e até pouco tempo atrás, o meio ambiente era considerado como um bem livre ou quase livre, que qualquer pessoa tinha o direito de usar conforme sua vontade.
Se consideramos os altos custos que a poluição acarreta para a sociedade, como os danos à saúde das populações, vemos que o meio ambiente não pode ser considerado um bem livre.
As inovações tecnológicas sempre perseguiram a otimização dos processos de produção, não levando em consideração, na maioria das vezes, os efeitos nocivos sobre o ambiente.
Os custos ambientais das atividades econômicas aparecem quando a capacidade de assimilação do meio ambiente é ultrapassada.
No início, esses custos foram externalizados, isto é, transferidos para vários segmentos da sociedade sob a forma de prejuízos por danos à saúde humana e danos materiais.
Esses custos são relativos a corrosão de estruturas de ferro e de obras de arte, e danos aos ecossistemas, como a redução ou a eliminação da pesca em um rio, provocando prejuízos econômicos a quem não tinha responsabilidade pela poluição do rio.
História da Questão Ambiental
HOMEM
• dominação de vida na Terra
• alteração do ambiente por meio da tecnologia
• exploração exaustiva dos recursos naturais
• deterioração da qualidade do meio ambiente
• complexa teia de relações e interações entre três sistemas
• biosfera
• sistema evolucionariamente aperfeiçoado
• tecnosfera
• habitada por parte da humanidade, sem perda da dependência da biosfera
• sociosfera
• sistema gestor de relações dentro da comunidade e com os outros sistemas
AVANÇO TECNOLOGICO
• unidimensional e compartimentado
• resolução de problemas específicos sem cogitação dos efeitos secundários para a natureza
DESASTRES CAUSADOS PELA POLUIÇÃO
• incidência maior após a Revolução Industrial
• repetição de uma inversão térmica em Londres
• aprovação da Lei do Ar Puro
• custos ambientais das atividades econômicas
• ultrapassagem da capacidade de assimilação do meio ambiente
• transferidos para vários segmentos da sociedade como danos à saúde e materiais
• meio ambiente = bem livre ou quase livre 

Fonte: www.fgv.br

Comentários

Postagens mais visitadas