Explosão Populacional


Durante muitos séculos, a partir do início da era cristã, a população humana cresceu muito lentamente. A partir da metade da Idade Média, a população começou a crescer cada vez mais rápido, em virtude principalmente da maior produção de alimentos. Em 1750, a Terra tinha cerca de 1 bilhão de habitantes. Duzentos e cinquenta anos depois, em 1900, a população humana atingiu 1,5 bilhão. Mas apenas cem anos após, em 2000, a população já tinha atingido a espantosa cifra de 6 bilhões de habitantes – aumentou quatro vezes em cem anos.
A partir de 1800, o mundo passou por um processo de industrialização, a Revolução Industrial, que ganhou grande ímpeto a partir do final da Segunda Guerra Mundial. A produção industrial nos anos 80 já era mais de sete vezes maior do que nos anos 50. A explosão populacional e a industrialização provocaram uma acelerada urbanização, que se iniciou nos países onde essa industrialização ocorreu. Em 1900, a população urbana do mundo era inferior a 1/3 da população rural, mas no ano 2000 já era maior que a população rural. Como conseqüência, a degradação do meio ambiente passou a produzir efeitos diretos e claramente identificáveis sobre as comunidades: dificuldades para servir água potável à população, poluição dos rios e lagos pelos esgotos domesticos e industriais, poluição do ar pelos sistemas de transportes movidos a combustíveis fósseis, pelas indústrias e pelo aquecimento das casas que usavam carvão no inverno, necessidade de remover e tratar o lixo produzido pela população.
Vira e mexe aparece algum sabichão afirmando que a população mundial vai crescer tanto que, um dia, o planeta não será mais capaz de suportá-la. De fato, a humanidade vem crescendo num ritmo alarmante. O número de habitantes da Terra simplesmente quadruplicou no último século e deve bater a marca de 7 bilhões em 2011. Demoramos milênios para atingir 1 bilhão de pessoas, em 1804, e apenas 123 anos para chegar aos 2 bilhões, em 1927. Agora bastam 12 anos para cada novo bilhão.
Ao que tudo indica, porém, o planeta não vai explodir de tanta gente. "Se as taxas de natalidade atuais permanecessem constantes, sem dúvida teríamos uma explosão populacional. Mas as projeções apontam para um declínio dessas taxas", diz o demógrafo Carl Haub, do instituto Population Reference Bureau, nos EUA. Isso quer dizer que a população mundial continuará crescendo neste século (com 2 bilhões ou 3 bilhões adicionais nos próximos 50 anos), só que o ritmo de crescimento vai cair.
Na verdade, já está caindo desde o final dos anos 60, quando atingiu os 2,04% ao ano. Hoje, o ritmo gira em torno de 1,3%. Em números absolutos, o pico aconteceu no período 1985-1990, com 88 milhões de novas pessoas por ano. Para 2005-2010, a ONU projeta 79 milhões anuais. É que a taxa de fertilidade vem diminuindo ao redor do globo. "Na década de 1950, as mulheres das regiões menos desenvolvidas tinham, em média, 6 filhos. Hoje, têm cerca de 3", diz Joseph Chamie, ex-diretor da divisão de estudos populacionais da ONU. "Na metade deste século, espera-se que a média global esteja próxima de dois filhos por mulher."
O Brasil já alcançou essa marca, assim como diversas nações emergentes e desenvolvidas. Portanto, nosso problema não é crescer, mas envelhecer cada vez mais rápido. Que o digam países como Espanha e Itália, que têm crescimento zero ou até negativo. Nos países ricos já há mais idosos que crianças, e a proporção será de 2 para 1 em 2050. Nas regiões em desenvolvimento, eles vão saltar dos atuais 8% para 20%. No fim das contas, o número de pessoas com mais de 60 anos deve triplicar no mundo, somando 2 bilhões até meados deste século.
Nunca é demais ressaltar, contudo, que tudo isso está baseado em projeções. "Uma redução continuada do ritmo de crescimento vai depender de um declínio sem interrupções na taxa de fertilidade em todos os países em desenvolvimento", adverte o demógrafo Carl Haub.
Para que as projeções se concretizem, os programas de planejamento familiar precisam ser ampliados na Ásia e na África. É lá que vai se concentrar quase todo o crescimento global das próximas décadas, já que 8 de cada 10 jovens vivem nesses continentes. São africanos ou asiáticos os 5 países que, hoje, respondem por metade do crescimento anual: Índia, China, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e Indonésia.

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