Reuso da Água


Conceito de Reuso
O reaproveitamento ou reuso da água é o processo pelo qual a água, tratada ou não, é reutilizada para o mesmo ou outro fim. Essa reutilização pode ser direta ou indireta, decorrentes de ações planejadas ou não.
Reuso indireto não planejado da água: ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração).
Reuso indireto planejado da água: ocorre quando os efluente depois de tratados são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico. O reuso indireto planejado da água pressupõe que exista também um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com outro efluentes que também atendam ao requisitos de qualidade do reuso objetivado.
Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, após tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação.
Reciclagem de água: é o reuso interno da água, antes de sua descarga em um sistema geral de tratamento ou outro local de disposição. Essas tendem, assim, como fonte suplementar de abastecimento do uso original. Este é um caso particular do reuso direto planejado.
Água reutilizada pode afastar o fantasma da seca
O uso racional da água parece ser uma das saídas para combater a escassez do produto. O engenheiro Paulo Ferraz Nogueira, especialista no tema, aponta três formas de reutilização de água que seguem esta tendência. As informações fazem parte de seu artigo "Escassez de Água". No texto-sugestão de pauta Nogueira assegura que a tecnologia de Membranas Filtrantes (água reciclada), a recarga do aqüífero (utilização do subsolo) e o aproveitamento das águas da chuva são alternativas viáveis para o Brasil.
Até poucas décadas atrás, os livros clássicos usados nos cursos de Economia, em todo mundo, davam como exemplo de "bem não econômico", isto é, aquele que é tão abundante e inesgotável, a água, o oxigênio, o sal de cozinha, etc, que não tinham, portanto, valor econômico.
Claro que existe muita água no planeta, mas cerca de 97,5% dessa água é salgada e está nos oceanos, 2,5% é doce sendo que deles, 2% estão nas geleiras, e apenas 0,5% está disponível nos corpos d'água da superfície, isto é, rios e lagos, sendo que a maior parte, ou seja, 95%, está no subsolo, que é, portanto a grande "caixa d'água" de água doce da natureza.
Mas se compararmos como essa água doce se distribui no Globo, e como a respectiva população, está distribuída, vamos verificar que ela está "mal distribuída": há partes da Terra realmente com falta crônica desse precioso líquido. O Brasil está muito bem neste aspecto, pois tem cerca de 12% de toda água doce existente na Terra, mas diríamos que sob o ponto de vista de utilização humana, a mesma está "mal distribuída".
Não concordamos que falte água para consumo humano em nosso País, seja nas cidades, no campo, ou mesmo no nosso semi árido Nordestino. Apenas ela precisa ser tratada como bem econômico que é, essencial à vida, à saúde, à economia, na indústria, na agricultura e por todos os setores da sociedade.
A bem da verdade, nota-se uma arregimentação geral na imprensa, nos governos, na sociedade civil, para o tema escassez de água. Tarifas baixas ou mesmo pífias impedem as companhias de abastecimento de se capitalizarem, para expandir a rede, combater os vazamentos crônicos existentes nas redes hidráulicas (manutenção), e ainda por cima, incentivam o desperdício que permanece quase sempre generalizado nos lares, nas indústrias, na agricultura. Impedem também a construção de ETEs, Estações de Tratamento de Esgoto, essenciais para a saúde e a economia, pois o esgoto de hoje, é a água potável de amanhã.
Nesse contexto, torna-se imprescindível o uso racional da água. O destino da água em casa no Brasil, cerca de 200 litros diários, é: 27% consumo (cozinhar, beber água), 25% higiene (banho, escovar os dentes), 12% lavagem de roupa; 3% outros (lavagem de carro) e finalmente 33% descarga de banheiro, o que mostra que, tanto nas cidades como nas indústrias se existirem duas redes de água, reusando "água cinzenta" (que são as águas resultantes de lavagens e banho) para descarga de latrinas, pode-se economizar 1/3 de toda água.
Quanto aos processos industriais, devido à enorme diversidade de casos, recomendamos para cada caso a elaboração de um Diagnóstico Hídrico, efetuada por consultoria especializada, sendo que na maioria absoluta de casos que temos visto, que é possível utilizar muitas águas servidas, semitratadas ou mesmo in natura, para outros processos, em série, com grande economia do precioso líquido; alertamos porem com um erro que se comete freqüentemente de se aconselhar o uso industrial de água carregada de sólidos para geradores de vapor (caldeiras), onde depósitos e incrustações causam perda de energia e talvez até acidentes: vamos batalhar pela conservação hídrica sem abrir mão da conservação energética e segurança.
Tanto nas grandes cidades como em vários municípios menores, o sistema de esgoto é o principal poluente dos rios, nascentes e reservas florestais. Citamos dados da Abes - Associação de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais, relativos ao final de 1996, segundo os quais apenas 20% do esgoto sanitário coletado em áreas urbanas recebe tratamento, sendo que essa realidade associa-se diretamente a graves danos à saúde pública, ao meio ambiente e, também, à economia. Em muitos casos práticos, não há tempo para a natureza usar seus mecanismos naturais de autodepuração e diluição.
Formas de preservar a água 
Membranas Filtrantes (Osmose Reversa)
A tecnologia de Membranas Filtrantes tem se desenvolvido técnica e comercialmente aceleradamente nos últimos anos, sendo que o custo fixo de instalações e de operação tem baixado muito ultimamente; há até quem prenuncie que se transformarão em breve em "commodities". Existem muitas situações onde a dessalinização de água marinha, ou a simples e pura potabilização de esgotos é a única alternativa disponível.
Cingapura, que compra água da Malásia, está tratando de convencer sua população a beber a "New water", água de esgoto potabilizada, muito mais barata que a comprada de seu vizinho acima citado. O uso de esgoto potabilizado (água reciclada) para recarregar os reservatórios antes do tratamento para produzir água de beber é uma prática nos EUA há mais de 20 anos. E estudos não mostraram evidências de nenhum efeito adverso à saúde.
Aproveitamento de águas de Chuva
As águas de chuva são encaradas pela legislação brasileira hoje como esgoto, pois ela usualmente vai dos telhados, e dos pisos para as bocas de lobo aonde, como "solvente universal", vai carreando todo tipo de impurezas, dissolvidas, suspensas, ou simplesmente arrastadas mecanicamente, para um córrego que vai acabar dando num rio que por sua vez vai acabar suprindo uma captação para Tratamento de Água Potável. Claro que essa água sofreu um processo natural de diluição e autodepuração, ao longo de seu percurso hídrico, como dito anteriomente, nem sempre suficiente para realmente depura-la.
Uma pesquisa da Universidade da Malásia, deixou claro que após o início da chuva, somente as primeiras águas carreiam ácidos, microorganismos, e outros poluentes atmosféricos, sendo que normalmente pouco tempo após a mesma já adquire características de água destilada, que pode ser coletada em reservatórios fechados.
Para uso humano, inclusive para como água potável, deve sofrer evidentemente filtração e cloração, o que pode ser feito com equipamento barato e simplíssimo, tipo Clorador Embrapa ou Clorador tipo Venturi automático. Em resumo, a água de chuva sofre uma destilação natural muito eficiente e gratuita.
Esta utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras, condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades, pelo menos para residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico da água de chuva para beber. Já para Indústrias, onde a água é bem mais cara, é usualmente viável sim esse uso.
O Semi árido Nordestino tem projetos onde a competência e persistência combatem o usual imobilismo do ser humano, com a construção de cisternas para água de beber para seus habitantes.
Recarga do Aquífero
No Campo ou mesmo nas Indústrias diríamos que uma alternativa muito boa é a recarga forçada do aquífero, pois já dissemos anteriormente que cerca de 95% da água doce do Planeta está estocada no subsolo, que tem sido a grande "Caixa D'Água" da natureza.
Hoje em dia, porem, a enorme maioria de Indústrias, condomínios, em todo Brasil, está largamente construindo cada vez mais poços profundos: de maneira geral, pode-se dizer que sua produção está em decadência, pois a "procura" supera muito a "oferta".

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