PROJETO NEMA


Os Projetos Costeiros - NEMA atuam na solução dos problemas ambientais; despertando uma consciência conservacionista, demonstrando a viabilidade da conservação da natureza com as atividades humanas, no sentido de minimizar os conflitos homem - ambiente, incentivando a conservação do meio ambiente como um todo, incluindo aspectos sócio-econômicos, através da educação ambiental, planejando e executando trabalhos que visem o conhecimento e o uso adequado dos ambientes costeiros e marinhos, e fornecendo informações técnico científicas oceanográficas para as comunidades através de cursos, palestras e publicações. 
Origem e objetivos
Os Projetos Costeiros - NEMA se originaram de um convênio firmado em 1985 entre o Departamento de Oceanografia da Universidade do Rio Grande (RS) e a Autarquia do Balneário Cassino, ligada à Prefeitura de Rio Grande. Este convênio possibilitou a construção da sede dos Projetos Costeiros - NEMA e a liberação de um grupo de acadêmicos voluntários do Curso de Oceanologia para início dos trabalhos no Balneário Cassino, localizado a 18 km da cidade de Rio Grande. A partir de 1987, os Projetos Costeiros - NEMA assumiram uma personalidade jurídica própria como associação privada sem fins lucrativos, permitindo aos profissionais envolvidos a autonomia administrativa necessária para uma eficiente e ágil atuação.
Atuação do projeto
Os Projetos Costeiros - NEMA direcionaram seu foco para a gestão ambiental, que, por sua vez, é apoiada por ações coordenadas entre a pesquisa, o monitoramento, o planejamento e a educação ambiental. A pesquisa e o monitoramento ambiental têm o propósito de manter os os Projetos Costeiros - NEMA atualizados sobre o fenômenos naturais do ambiente costeiro. Todas as informações coletadas são armazenadas e processadas, gerando relatórios técnicos sobre aspectos específicos das áreas monitoradas. O planejamento ambiental se utiliza das informações geradas pelas pesquisas e monitoramento para estabelecer as formas de uso idôneas para as regiões em questão. A educação ambiental, essencial no contexto atual, é uma das mais importantes etapas da gestão ambiental. Contando com sala de aula equipada com painéis, murais e cartazes, mini-coleção de organismos marinhos e peças ósseas e fósseis, equipamento audio-visual e biblioteca para todos os níveis de escolaridade, a sede dos Projetos Costeiros - NEMA foi concebida como núcleo básico para atividades de educação ambiental.
Como ONG, os Projetos Costeiros - NEMA passaram então a executar e administrar, conjuntamente com instituições públicas e privadas do Brasil e do exterior, projetos nas áreas de educação ambiental, monitoramento costeiro, recuperação de áreas degradadas e proteção e conservação de espécies da fauna e de ecossistemas marinhos e costeiros, como: Mentalidade Marítima, Educação Ambiental para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Mamíferos Marinhos do Litoral Sul, Dunas Costeiras e Lagoa Verde (veja a seguir).
Outros estados litorâneos do Brasil já foram atendidos pelos programas dos Projetos Costeiros - NEMA, seja na forma de assessoria técnica e administrativa, como também na execução de projetos, tais como: Reserva Biológica Marinha de Arvoredo (SC), Parque Nacional Marinho dos Abrolhos e Projeto Baleia Jubarte (BA) e Projeto Peixe-boi Marinho (PB). 
Projetos Costeiros em Execução
Projeto Mentalidade Marítima
O litoral gaúcho abrange uma planície arenosa com banhados, lagoas, dunas e praias oceânicas. Lugar de abrigo, alimentação e reprodução de muitas espécies residentes e migratórias, é um dos criadouros de maior significado ecológico no sul do Brasil.
O Projeto Mentalidade Marítima, desenvolvido pelo NEMA desde 1987, é um programa de educação ambiental para o ensino básico da região costeira do Rio Grande do Sul que vem sendo implantado em escolas municipais de Rio Grande e São José do Norte. Para inserir a dimensão ambiental no ensino, através de uma metodologia interdisciplinar nas áreas de ciências do ambiente, arte e educação psicofísica, são abordados os seguintes temas: a relação do homem com a natureza, os diversos aspectos que compõem o ambiente, a biodiversidade, noções de ecologia e de planejamento ambiental. A prática pedagógica envolve várias atividades, como: saídas de campo para observação e estudo do meio ambiente, sensibilização, exercícios de respiração, imaginação, socialização, dramatização e expressão corporal, desenhos, modelagem em areia e argila, painéis, maquetes, oficinas de reciclagem de papel, experimentações e criação de hortas.
Programa de Educação Ambiental para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Em 1990 foi realizado um levantamento preliminar junto à população de entorno do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, nos municípios de Tavares, Mostardas e São José do Norte, RS, visando obter informações sobre o conhecimento destas comunidades a respeito do parque fauna, flora, aspectos ecológicos e econômicos, usos e limites e o posicionamento da população com relação a atuação do IBAMA na região para a elaboração de um programa de educação ambiental.
O programa conta com profissionais dos Projetos Costeiros - NEMA e pessoas da comunidade preparadas para atuar na área de educação ambiental. Fazem parte do programa, palestras, sessões de vídeo, exposições fotográficas, cursos e saídas de campo orientadas. Atividades como monitoramento da fauna, da utilização da área, da pesca do camarão e apoio à direção da Unidade de Conservação são realizadas paralelamente, objetivando a efetiva implantação do Parque Nacional. Além disso, os Projetos Costeiros - NEMA produzem material de divulgação para o parque (cartazes, folders, adesivos, camisetas, out-doors e placas informativas) que são utilizados durante as atividades de educação ambiental.
Projeto Mamíferos Marinhos do Litoral Sul Brasileiro
Criado em 1988 em conjunto com o Departamento da Vida Silvestre do Ibama, este projeto visa desenvolver estudos e pesquisas com os pinípedes (lobos e leões marinhos) no litoral do Rio Grande do Sul. Dois pontos do litoral servem de refúgio para estes animais: o Molhe Leste da Barra de Rio Grande e a Reserva Ecológica da Ilha dos Lobos, em Torres. Cerca de 1000 pinípedes vindos das ilhas uruguaias frequentam o litoral do Rio Grande do Sul todo o ano. A alimentação dos lobos e leões marinhos é composta basicamente de peixes de várias espécies, muitas de grande valor comercial. Por isso, além de caçarem seu próprio alimento, os pinípedes também se alimentam diretamente nas redes de espera dos pescadores, sendo esta interação a principal causa de mortalidade dos animais encontrados durante o monitoramento das praias.
Para atuar nesta área, com ações de monitoramento da qualidade ambiental dos refúgios, da mortalidade destes mamíferos nas praias e da relação conflitiva entre pescadores e leões marinhos, e ações de educação ambiental, foi criado em 1991 o Programa de Conservação e Manejo dos Pinípedes. Outra meta deste programa é a implantação do Refúgio da Vida Silvestre do Molhe Leste, no município de São José do Norte, e da Reserva Ecológica da Ilha dos Lobos, em Torres (RS).
Projeto Dunas Costeiras
Imensos campos de dunas paralelas ao mar caracterizam a Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Esse complexo ecossistema estende-se por 600 km no litoral gaúcho, desde o arroio Chuí, ao sul, até o rio Mampituba, ao norte, formando a maior praia arenosa do mundo. A importância ecológica destes ambientes reflete-se no habitat para diversas espécies da fauna e da flora e na proteção das zonas urbanas adjacentes as dunas servem de barreira natural à invasão da água do mar e da areia em áreas interiores e balneários e protegem o lençol de água doce evitando a entrada da água do mar. A destruição deste ecossistema vem acarretando diversos prejuízos, tanto ao ambiente natural como aos balneários, pela invasão de areia.
Em 1986 os Projetos Costeiros - NEMA lançaram o Projeto Dunas Costeiras realizando uma experiência piloto no Balneário Cassino visando recuperar parte da área de dunas afetada pela ação do homem. Foram dispostos nas dunas frontais galhos provenientes da poda de árvores para acumulação de areia e, consequentemente, a criação de um novo cordão de dunas. Com o sucesso da experiência, o projeto foi ampliado para toda a região do balneário, utilizando a mesma metodologia acrescida da adubação orgânica da área de pós-dunas e do plantio de arbustos para a fixação da “línguas” de areia.
Atualmente, toda a área trabalhada apresenta uma recuperação na cobertura vegetal nativa e um bom crescimento da vegetação introduzida. O projeto conseguiu também regularizar a exploração de areia, em áreas fora do campo de dunas, aliviando uma pressão de retirada de 40 mil toneladas de areia de dunas/ano.
Projeto Lagoa Verde
O Município de Rio Grande apresenta uma vasta área para manutenção da qualidade ambiental, entre banhados, pântanos salgados, arroios, ilhas estuarinas, sacos protegidos, mata de restinga, faixa de praia, dunas costeiras e interiores. As áreas mais afastadas da zona urbana, principalmente as ilhas e sacos protegidos, estão bem conservadas e apresentam uma maior diversidade de fauna e flora. Dentre aquelas localizadas no perímetro urbano, e fazendo parte do estuário da Lagoa dos Patos, estão a Lagoa Verde e os Arroios do Bolaxa e Senandes, que representam a última área de banhados e arroios preservados na zona urbana de Rio Grande.
A Lagoa Verde, circundada por antigas dunas, banhados e matas de restinga, tem comunicação direta com o Saco da Mangueira, recebendo com isso influência da água marinha. Estes ambientes, além de constituirem-se em um criadouro natural de várias espécies de peixes, aves e crustáceos, principalmente o camarão-rosa, abrigam, em seu conjunto, uma comunidade silvestre bastante variada, incluíndo espécies em perigo de extinção, como a lontra, o jacaré-de-papo-amarelo e o cisne-de-pescoço-preto. O Bolaxa é o principal arroio, em tamanho e volume de água. Com fluxo suave, suas águas abrigam e alimentam 27 espécies de peixes. Nas matas de sua margem encontram-se diversos tipos de pássaros.
Em 1993, os Projetos Costeiros - NEMA iniciaram um programa de monitoramento da qualidade ambiental deste complexo sistema. Impactos de pequeno e médio porte, provocados por loteamentos e extravasamento de esgoto doméstico, já foram identificados. Para a população dos arredores foram realizadas atividades de educação ambiental e a compatibilização das atividades produtivas, através de sua organização.  

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