Consumo Consciente em Crianças


Não é uma tarefa fácil para os pais ensinar aos seus filhos comportamentos de consumo consciente. Todos sabem o papel e a influência da mídia, que estimula o consumo desenfreado associando a qualidade de vida, o desenvolvimento humano e a felicidade ao poder de compra do cidadão, mas a mídia que atinge essas crianças já bombardeou os seus pais há décadas. Então como os pais, que não querem ter filhos consumistas e alienados por marcas, podem ensinar os filhos a não cometerem os mesmos erros?
A resposta é Informação e Criatividade
Mas cabe uma reflexão sobre a seguinte questão: como expor as crianças a este universo de consumo? Sem dúvida, as crianças já estão elevadas ao status de consumidoras. Elas sabem o que querem possuir e são bastante estimuladas pela publicidade.
Na tentativa de reverter este fenômeno, muitos pais e educadores têm aderido a idéia da Educação para o Consumo Consciente voltada para o público infantil. Estes ensinamentos trabalham a idéia do consumo com limites, da escolha saudável dos produtos comprados e do consumo de produtos que não prejudiquem o meio ambiente.
“O indicado é que os pais tenham sempre um diálogo com os pequenos. Eles têm que brincar. E estes universo consumista encurta a infância”, explica Lais Pereira, psicóloga do Instituto Alana – Projeto Criança e Consumo. O Instituto luta pela publicidade endereçada apenas aos pais, para não tornar as crianças verdadeiras “promotoras de vendas”.
Uma pesquisa da InterScience aponta que, entre as crianças de 6 a 13 anos, 80% influenciam nas compras de produtos familiares. “Nesta pesquisa, constataram que as crianças só não opinam na compra de seguros-saúde e material de limpeza”, coloca a psicóloga.
Segundo Isabella Henriques, coordenadora geral e advogada do Instituto Alana, os pais devem observar o potencial nocivo destas propagandas que não focam produtos infantis, como celulares e carros, mas encontram nas crianças porta-vozes para influenciar na escolha dos pais.
Além disto, a publicidade de produtos infantis confundem as crianças quando utiliza os personagens do desenho que elas assistem, ou o apresentador que elas assistem, já associados à diversão. “A publicidade também se aproveita do gosto das crianças por colecionar. É quase uma falta de escrúpulos a associação de vários produtos a brindes”, reitera a psicóloga.  
Para Lais, a escola também tem um papel importante ao promover oficinas para trabalhar a questão da publicidade, não vender produtos alimentícios gordurosos e tentar diminuir o desejo de ter das crianças. “A educação para o consumo pode entrar como um vetor em várias disciplinas na escola. Também podem ter projetos para a utilização racional da água, por exemplo. É importante que a escola incorpore esta educação no dia a dia”, ressalta.
Engano – Como as crianças passam um grande período em frente à televisão, e 1/3 desta programação é voltada para a publicidade, esta combinação fatal faz as crianças virarem armadilhas da sociedade fundamentalmente consumista. Segundo pesquisa da Kid Power 2007, mais de R$ 200 milhões foram gastos em publicidade dirigida ao público infantil no Brasil em 2006.
“A publicidade existe única e exclusivamente para vender. Ela não está interessada em explicar se o produto é bom, ou ruim, ou para quem serve o produto”, explica Isabella. A advogada reitera a não-possibilidade de estas propagandas serem voltadas para quem não possui discernimento para entendê-las.
Isabella usa como exemplo a criança que joga no seu computador, passa por uma ilha, e dentro dela há uma fantástica lanchonete já conhecida pelo público infantil. “A criança não tem o discernimento para entender que aquela empresa pagou pelo anúncio no jogo. Esta propaganda não é inidentificável como tal para os pequenos”, provoca.
Ela informa que o Código de Defesa do Consumidor condena, a prática no artigo 37: “É abusiva, dentre outras, a publicidade… que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança”; e no artigo 36, a publicidade que não é identificável como tal.
Segundo a advogada, cerca de um ano depois do lançamento do Projeto Criança e Consumo, as denúncias aumentaram consideravelmente contra as propagandas que focam as crianças. “Temos uma aceitação boa, tanto dos órgãos públicos como dos pais. Os pais comentam que não agüentam mais os constantes pedidos dos filhos, que um dia querem um carrinho, no outro um boneco, no outro um vídeo game…”.
As Crianças e o Consumo
Vivemos numa sociedade de consumo e a publicidade nos faz acreditar que “precisamos” adquirir o que, muitas vezes, não precisamos. "Necessidades” são criadas, novos modelos são lançados, e acabamos sendo envolvidos por essa onda de consumo que não cessa. As crianças também são alvo da mídia, e se não repensarmos um pouco nosso estilo de vida, acabaremos criando pequenos consumistas que vão querer cada vez mais.
Este aumento desenfreado do consumo é recente, porém já sabemos que seus efeitos podem ser catastróficos no orçamento familiar, nos nossos hábitos e também no meio-ambiente, que não suporta mais ser devastado e ter ainda que alojar o lixo que é produzido pelo nosso consumo. É por isso que algumas mudanças de hábito tornam-se urgentes, não só para salvar nosso planeta, como também para repensarmos a forma como lidamos com o dinheiro e com o consumo. Quem tem filhos sabe o quanto é difícil em alguns momentos dizer não àquele brinquedo maravilhoso que você também gostaria muito de comprar. São pequenos prazeres que muitas vezes queremos dar aos nossos filhos e a nós. Afinal, trabalhamos para ter conforto e dar bom padrão de vida aos nossos filhos.
Saber dosar o que é para o nosso conforto e de nossos filhos, o que é necessário, e o que são apenas desejos que repetem-se com freqüência, eis aí a questão. É importante que as crianças saibam que dinheiro é fruto de trabalho, e que não jorra de uma fonte inesgotável. O consumo por impulso, valorizando o "ter" mais que o "ser", gera uma sensação de vazio em pouco tempo. E logo vamos querer mais, pois as coisas hoje tendem a ser descartáveis e facilmente substituídas pelo mais novo, pelo último lançamento. Já não há mais apego aos brinquedos que acompanham uma criança durante uma fase, pois tudo é facilmente trocado ou descartado.
Abaixo você vai encontrar dez dicas de especialistas sobre como lidar com dinheiro para quem tem filhos. Estas dicas não tem como objetivo valorizar o dinheiro. Pelo contrário, é uma maneira de tentar educar as crianças e adolescentes a dar o devido valor ao trabalho e o que se consegue com ele.
UM MANUAL PARA EDUCAR AS CRIANÇAS
1. As crianças devem trabalhar, especialmente quando não precisam. É muito freqüente que os pais façam demais por elas, e isso estimula maus hábitos.
2. Não é recomendável que os pais paguem por serviços prestados, em casa, pelos filhos. Eles devem aprender que o trabalho doméstico é uma obrigação, um prazer, um ato de participação na família e na comunidade. O trabalho remunerado fica numa categoria diferente.
3. Os pais devem evitar dar dinheiro picado aos filhos cada vez que eles forem sair ou precisarem comprar alguma coisa. A criança deve aprender desde cedo que dinheiro tem um valor e que não jorra de uma fonte inesgotável.
4. Dar mesada, apenas, é insuficiente. Os pais devem estimular os filhos a fazer uma relação de suas despesas, um cálculo de quanto precisam ganhar, e esse material deve ser submetido a sua aprovação. Depois, então, o valor da mesada deve ser estabelecido e ficará por conta da criança administrar seu dinheiro.
5. Abrir uma caderneta de poupança para a criança é uma forma de ensinar-lhe o princípio da acumulação. Assim como abrir uma conta corrente para o adolescente o obriga a desenvolver o sentido de controle.
6. As crianças devem participar das reuniões familiares sobre o orçamento da casa, e suas idéias sobre despesas devem ser ouvidas. Assim elas aprenderão a pensar de forma responsável.
7. Os pais devem orientar os filhos para analisar seus projetos de compras – de um novo tênis ou um videogame de última geração – sob três aspectos: o preço, o efeito sobre sua poupança e para quem doar o tênis ou o brinquedo que será descartado. Essa é uma importante lição sobre valores: o do dinheiro e o da filantropia.
8. Estudar é uma obrigação. Pais que premiam filhos que não ficam de recuperação ou não repetem o ano estão estimulando a acomodação. Os bons alunos devem ser elogiados.
9. As crianças devem ser encorajadas a buscar as próprias oportunidades de ganhar dinheiro. Podem oferecer-se para passear com o cachorro do vizinho ou montar um espetáculo de mágica para festas infantis. Com isso desenvolverão espírito empreendedor, tão valorizado nos tempos atuais.
10. Hoje, profissão que dá dinheiro é aquela em que a pessoa se sobressai porque gosta do que faz e porque tem habilidades que se destacam. Portanto, a criança deve ser orientada para se desenvolver nas áreas em que demonstra maior interesse e aptidão, seja balé ou espeleologia.
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