Cidade Limpa


Baseado no livro Cultura da Sujeira,
 Pedro Cardoso da Costa

A sociedade brasileira convive com muitos problemas insolúveis e a sujeira das cidades deste país é mais um secular. Este seria resolvido facilmente com a participação efetiva da população. A cidade de São Paulo possui treze milhões de habitantes, caso cada um jogue uma ponta de cigarro, um palito de fósforo, isto perfaz toneladas de lixo diariamente.
As empresas deveriam colaborar com a reciclagem e desenvolver campanhas educativas. Bancos e lojas poderiam limpar as calçadas, deixar limpa, limpa! Orientar os próprios funcionários para retirar objetos pequeninos toda vez que um transeunte deseducado jogasse, já que, com qualquer nível de escolaridade e independente de classe social quase todos jogam "bitucas" de cigarro, pequenos papéis de balas, saquinhos de bolacha nas calçadas, nas praças e responsabilizam as outras pela sujeira. Poderiam realizar palestras para funcionários e, também, deveriam colocar frases como NUNCA JOGUE LIXO NAS RUAS nas sacolinhas, nos saquinhos e nos tíquetes fiscais. Poucas fazem alguma coisa e todas culpam a prefeitura de cada cidade, que paga caro à exploração de empresas privadas. Há vários meios de manter a cidade conservada, mas só com as consciência e responsabilidade de cada cidadão seria possível alcançar essa meta.
As escolas precisam ampliar o conceito de educar. Após um ano, toda criança já deveria ter assimilado que não poderia sujar as ruas nem cuspir no chão. Limpar as ruas dia-a-dia não tem resolvido! São necessárias campanhas permanentes no rádio, na televisão, em outdors, em terminais de ônibus, no metrô, e principalmente nas escolas de ensino fundamental e médio.
Apesar não ser ideal, multar os comerciantes que deixassem a rua e as calçadas do imóvel sujas seria outra medida necessária, caso persistam, mesmo que essa sujeira seja apenas uma ponta de cigarro. Orientar os consumidores a só comprarem em estabelecimentos limpos completamente. O mesmo se aplicaria aos imóveis residenciais.
A imprensa deveria valorar mais a educação do povo. Os responsáveis por condomínios, empresas, universidades, sindicatos, igrejas poderiam criar postos para receber o material reciclado pela população, como é feito no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo.
Pouca gente sabe, mas em São Paulo quem joga um palito de fósforo na rua pode pagar uma multa elevada. Tão alta que serve de justificativa para não ser aplicada. A lei municipal 10315/87 nunca foi além do papel, pois, apesar de São Paulo parecer um lixão a céu aberto, não se tem conhecimento de alguém que tenha sido multado.
Numa cidade de milhões de habitantes, qualquer objeto jogado na rua perfaz toneladas de sujeira, esta capaz de entupir bueiros, gerar enchentes e matar pessoas. A cada chuva mais intensa a cena de móveis sendo arrastados se repete nas televisões. As mesmas pessoas que perdem tudo culpam as autoridades, simplesmente porque não são capazes de entender que contribuem para o festival de sujeira que destrói as suas próprias casas.
Em todos os municípios deveriam ser criadas leis com punições rigorosas. Porém deveriam ser aplicadas as multas com freqüência e muito rigor. Só pesando no bolso talvez se consiga uma conscientização mais rápida.
Jogar lixo nas vias públicas está arraigado na nossa cultura. O objetivo desse argumento não seria atacar gratuitamente as pessoas, mas de buscar até conseguir a solução. Para tanto, seria necessário que cada cidadão sinta-se agente responsável pela preservação das cidades.
Tente reciclar todo material. Lave-os e deixe-os secar. Numa semana, verifique quanto material se joga fora desnecessariamente. Basta reservar uma gaveta do armário para plásticos finos e numa caixa de sapato guardar os papéis pequenos. Depois, os entregue num posto de coleta seletiva. Repita-se: o lixo que você joga na rua pode contribuir para que a enxurrada carregue e até mate pessoas! Além disso, jogar lixo nas ruas demonstra falta de educação e de civilidade. Atribuir sujeira à pobreza é um equívoco cometido pela grande maioria. Poder-se-ia viver num país pobre, porém limpo!
Orgãos Públicos
Em geral os serviços de limpeza urbana municipal, custam em torno de 7 a 15% dos recursos de um orçamento municipal, dos quais entre 50 e 70% são destinados a coleta e ao transporte do lixo. E tendem a ser um item de peso no caso da avaliação municipal pela população, sem contar que a otimização desses serviços gera significativa economia no uso dos recursos públicos. São ações do serviço publico municipal: a coleta do lixo e o seu transporte para as áreas de tratamento ou destinação final. O lixo precisa ser transportado de forma mecânica, da geração até o destino final.
A ABNT na norma NBR 12980, define os diferentes tipos de serviços de coleta de lixo:
- coleta domiciliar ou convencional: lixo residencial, estabelecimentos comerciais, industriais, públicos e de prestação de serviços, cujos volumes e características estejam de acordo com a legislação municipal em vigor;
- coleta de lixo da varrição de ruas, praças, calcadas, e demais entes públicos;
- coleta de feiras e praias;
- coleta de serviços de saúde, incluindo hospitais, ambulatórios, postos de saúde, laboratórios, farmácias clínicas veterinárias, etc.
O município pode implantar a coleta regular que consiste em dias e horários determinados. Pode ter ainda a coleta especial que está mais ligada a grandes volumes de lixo que costumam não ser diários: como entulhos de construção, animais mortos e podas de arvores e jardins.
A prefeitura tem papel fundamental na fiscalização da coleta particular que é obrigação do gerador do lixo, isso devido ao tipo de lixo gerado e da quantidade ser superior a prevista na legislação municipal. Assim, lixos gerados por indústrias, supermercados, shopping, construtoras e empreiteiras, hospitais, ambulatórios, centros de saúde, farmácias entre outros são de responsabilidade do gerador, e estes, devem providenciar a coleta particular do lixo em função da quantidade e do tipo de lixo por eles gerado.
É importante distinguir no lixo urbano os resíduos resultantes da varrição, coleta domiciliar, comercial ou de serviços, do lixo que tem características diferentes e exige um tipo especial de acondicionamento e disposição final.
Recolher o lixo urbano dos primeiros itens acima citados é responsabilidade do poder executivo, é na verdade uma prestação de serviço público essencial e obrigatório a população. O lixo industrial e outros lixos especiais é que o prefeito decide se fará ou não, porque nesse caso a obrigatoriedade é do gerador. A Prefeitura tem papel de órgão regulador e fiscalizador da ação.
TARIFA OU TAXA DE LIMPEZA URBANA
Atualmente, os serviços de limpeza urbana são cobrados apenas junto com o taxa do IPTU, mas, a proposta que regulamenta o setor de saneamento básico (PLS...../06), cria a possibilidade de os municípios instituírem a cobrança especifica através de tarifa.
LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
O PLS ...../06 também cria um novo conceito para os serviços de limpeza urbana que está definido como: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
1. Varrição – este serviço pode ser feito diretamente pela prefeitura ou por uma empresa contratada, pode ser feita de manual ou mecanicamente, pois envolve despesas significativas e deve ser executada por um plano de varrição que deve estabelecer no mínimo:
a) setores da cidade e suas respectivas freqüências de varrição;
b) roteiro e numero de servidores e equipamentos necessários;
c) elaborar um planejamento da produtividade esperada.
É importante salientar que além de varrer as ruas, é necessário que o município promova campanhas educacionais para a população. Que precisa ser conscientizada da importância de que manter a cidade limpa é minimizar os riscos a saúde publica, e prevenir enchentes e assoreamento de rios.
1.1 Varrição manual – é necessário que o município tenha mapeado as seguintes informações: delimitação de área, topografia, tipo de pavimentação, uso do solo, extensão das vias, circulação de pedestres, localização de cestinhos coletores; e qualquer informação que possa estar relacionado a varrição, como, por exemplo, local onde ficam as feiras, parques, paradas de ônibus etc.
1.2 Varrição mecânica – as varredeiras mecânicas e aspiradoras são indicadas para aeroportos e pistas de transito rápido ou para ruas de nível que tenham estacionamento de veículos.

CAPINAÇÃO E ROÇAGEM

O processo de capina pode ser feito de forma manual ou usando produtos químicos com herbicidas, o tempo médio é a cada três meses ou de acordo com planejamento feito pelo município levando em conta o tipo de mato a ser capinado e o tempo de crescimento do mesmo. Para a capina manual alguns municípios adotam em média 150m2 /dia/servidor. Na pulverização a média de pulverização por pessoa é de 10 mil m2 /dia. Considerando que a capina com pulverização tem os riscos de intoxicação de animais e pessoas. Esse procedimento deve ser acompanhado por um engenheiro agrônomo. A capinação de terrenos e passeios particulares deve ser realizada por seus proprietários, com orientação pela fiscalização de limpeza pública.

Limpeza de praias – a rotina da limpeza deve ser estabelecida pelo poder municipal, devendo ser aumentada a equipe e o calendário de limpeza nas épocas de grande movimento como no período de ferias e feriados.
Feiras livres
– nestes casos a limpeza deve ser feita imediatamente após o termino do evento. O melhor é que a prefeitura tenha uma equipe para fiscalização das aplicações das leis municipais no caso de elas existirem. O trabalho de orientação dos feirantes e disposição de vasilhames para colocação do lixo nas feiras também é uma atribuição do fiscal da prefeitura.
Bocas de lobo, galerias e córregos
– este tipo de limpeza pode ser feito de duas formas: manual e mecanicamente. O serviço deve ter um calendário pré-estabelecido pelo poder municipal a fim de evitar entupimentos e inundações nos períodos chuvosos. Assim, o ideal é que a limpeza seja feita regularmente.Remoção de animais mortos – é responsabilidade da prefeitura e para que esse serviço ocorra de forma mais eficiente é importante que exista um canal direto de comunicação com a equipe que fará a coleta.
Pintura de guias – normalmente esse serviço é feito pela prefeitura no departamento de limpeza urbana, que serve para embelezar a cidade e também orientar o trafego de veículos nas ruas da cidade.
Coleta de resíduos volumosos e entulhos – um dos grandes problemas enfrentados pelas administrações municipais é exatamente a remoção de montes de resíduos, que são descartados clandestinamente em todos os tipos de áreas, como terrenos públicos, áreas verdes, passeios, impedindo o tráfego das pessoas, atraindo vetores e deteriorando a paisagem urbana do município. Nesses casos a atuação da equipe de fiscalização da prefeitura é fundamental e o tipo de coleta feita pelo município deve ser feito da forma mais adequada para solucionar problema. Em alguns casos usam-se caminhões basculantes ou de carroceria, associados ou não a pás carregadeiras. Esse procedimento pode ser adequado a de forma a otimizar a utilização dos equipamentos do município.
Atividades Desenvolvidas
  • Remoção de Entulhos
  • Patrolamento de Vias
  • Retirada de Lixo
  • Varrição de Ruas
  • Rastelagem
  • Capina
  • Poda de Árvores
  • Troca de Lâmpadas e Reatores
  • Limpeza de Abrigo de Ônibus
  • Pintura de Faixas de Pedestres
  • Pintura de Meio Fio
  • Introdução e Remoção de Placas de Sinalização
  • Reparação e Colocação de Tampas de PV
  • Desobstrução de Bocas de Lobo
  • Manutenção de Rede de Água e Esgoto
  • Vistorias em Hidrantes
  Sujismundo - Propaganda que marcou época
O desorganizado e anti-higiênico Sujismundo foi um dos personagens mais populares da propaganda brasileira. O desenho animado, popularizado em 1972, apresentava um boneco que, apesar dos graves defeitos de conduta, contraditoriamente, caiu na simpatia da população.
Eram tempos de chumbo, o país crescia, mas não dividia renda, situação que o ministro da Fazenda, Delfin Neto, à época, justificava com o jargão “primeiro deixar o bolo crescer, para depois dividir”.
A ditadura, embora empolgada com o milagre econômico, se preocupava com a repercussão dos excessos na repressão aos oposicionistas, como contraponto, abusava da estratégia das campanhas ufanistas e voltadas para a esperança de um país desenvolvido, em contraposição a uma imagem de governo desgastada e povo com alto índice de analfabetismo e subdesenvolvimento. Neste período, surgiram campanhas nacionalistas como: “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, “Este é um país que vai prá frente” e “Ninguém segura este país”.
Neste cenário, uma tese plausível é que o governo do general Emílio Garrastazu Médici, não obstante a “sujeira nos seus porões”, lançou a campanha com foco na “limpeza”, na prevenção da saúde e higiene, o que se buscava, na realidade, era a imagem de um país desenvolvido e povo unido. A campanha do Sujismundo, provavelmente, fazia parte desta estratégia, evidenciada no bordão: "Povo desenvolvido é povo limpo".
O personagem Sujismundo foi criado pelo publicitário Ruy Perotti Barbosa, o mesmo criador de personagens como Dr. Prevenildo, Variguinho e Seu Cabral. O personagem, nascido em 1971, não tomava banho, vivia rodeado de mosquitos, jogava papel na rua. Com o slogan “Povo desenvolvido é povo limpo”, a idéia era que o Sujismundo fosse um exemplo de mau comportamento.
Sujismundo é ainda hoje, um dos maiores casos de recall da propaganda brasileira. Produzido pela Lynxfilm e exibido em comerciais animados de 60 segundos, entre 1971 e 1972, para a Campanha da Limpeza promovida pelo governo federal, através da AERP, tornou-se tão popular que acabou gerando polêmicas sobre a sua eficiência: sendo irresistivelmente simpático, não estaria ele incentivando a sujeira ao invés de combatê-la em favor da limpeza? O personagem ganhou tanto a simpatia das pessoas que muitos bebês nascidos naquela época foram batizados de Sujismundo em homenagem ao personagem.
Esta dúvida, foi esclarecida posteriormente, com pesquisas levadas a efeito em diversas escolas e empresas. Constatou-se que todos simpatizavam com o Sujismundo mas ninguém queria ser como ele. Funcionando como uma "carapuça", virou tema de gozação entre as pessoas que procuravam identificar, entre os colegas, conhecidos, familiares e até de autoridades os verdadeiros "sujismundos", que longe de serem porcalhões intencionais, eram apenas cidadãos comuns, descuidados com a limpeza do ambiente por maus-hábitos adquiridos. Enfim, pessoas que sujavam as ruas por uma questão de educação e falta de informação.
Não podemos esquecer ainda, dos processos que as várias pessoas de nome Sigismundo no Brasil puniam o Ministério da Saúde por danos morais, já que todos ficavam tirando sarro daqueles que tinham o nome parecido. O mesmo aconteceu com a campanha do Braúlio pelo uso da camisinha, que não resistiu no ar nem mais de um mês.
Atuando como um símbolo contra o acúmulo do lixo, de maneira irresponsável e inconsciente, o personagem Sujismundo (com J e não G), cumpriu plenamente sua missão, sendo até hoje lembrado com saudades pela geração do seu tempo.
Uso político ou não, o certo é que Sujismundo foi um estrondoso sucesso e parece, ainda, bastante atual.

Comentários

Postagens mais visitadas